A descoberta de novas espécies de besouros está sendo investigada sob a possibilidade de contribuir para o avanço na resolução de crimes com cadáveres. Duas das espécies foram encontradas por pesquisadores do Laboratório de Pesquisas em Coleoptera da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Palotina. Aleochara capitinigra e Aleochara leivasorum foram identificadas pelos cientistas e podem contribuir nos estudos forenses.
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Apesar de as descobertas terem vindo a público recentemente, a coleta dos primeiros besouros começou em 2005 por estudantes e professores da UFPR. “Em 2008, publicamos o resultado da primeira espécie. Mas descobrimos que havia um levantamento com 30 espécies desse besouro. Começamos um trabalho de revisão, que hoje está dando resultado”, conta Edilson Caron, professor do Departamento de Biodiversidade do Setor Palotina da UFPR.
Ele explica a relação de insetos com a resolução de crimes. “Quando ocorre uma morte violenta e há o abandono do corpo, o perito forense vai até o local e faz coletas e análises. A posição, estado de putrefação e coleta, geralmente, os insetos que estão no corpo. Mas precisa identificar esses insetos”, afirma Caron.
Com a identificação, é possível saber se o inseto é urbano ou da floresta, por exemplo. Isso poderia responder onde aconteceu a morte do cadáver. “O corpo foi encontrado no tanque de água. Aqueles insetos são aquáticos ou não? Isso responderia se o corpo ficou na água ou na terra. Os insetos respondem essas perguntas”, comenta o professor.
Além de saber a provável morte, é possível identificar o intervalo pós-morte e quanto tempo o corpo está exposto. “Isso pode ser respondido e reforçado com análises dos insetos presentes”, destaca Caron. Os resultados da pesquisa fazem parte do mestrado de Bruna Caroline Buss junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas com ênfase em Entomologia da UFPR. O artigo sobre o tema foi publicado no ano passado pelo periódico internacional Zootaxa.
“Meu mestrado foi uma revisão taxonômica de espécies brasileiras de besouros do gênero Aleochara subgênero Xenochara. Busquei identificar e fazer novas descrições das espécies já conhecidas e descrever as duas espécies novas descobertas”, diz a pesquisadora e estudante.
As espécies de besouros estão presentes nos estudos forenses por serem um dos primeiros insetos a colonizar nos corpos ou matéria orgânica em decomposição. “Descobrir essas espécies é o primeiro passo para mais estudos, relacionando comportamento, hábitos e ciclo de desenvolvimento desses animais. Permitindo assim, auxiliar na resolução de casos criminais”, destaca Bruna.
Estudo da UFPR é o primeiro passo
A pesquisa da UFPR é somente o início para o avanço dos estudos. Segundo o professor do Departamento de Biodiversidade, as análises de insetos, que podem ajudar a ciência forense, continuam. “A proposta é avançar na confecção de ferramentas para facilitar as identificações de espécies comumente encontradas associadas ao material animal em decomposição, o que pode ajudar diretamente nos estudos e aplicações forenses”.
Ele não descarta um projeto com as autoridades policiais. “Sobre uma parceria com órgãos investigatórios, como a Polícia Civil, pode ser uma proposta futura”, ressalta.
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