Depois de receber cinco pesquisadoras ucranianas, o Programa de Acolhida a Cientistas promovido pelo Paraná aceitou dois cientistas homens, que conseguiram permissão para deixar a Ucrânia durante a guerra e trazer as famílias para o Brasil. O primeiro a chegar foi o doutor em Ciências Aplicadas Dmytro Slinko, seguido pelo doutor em Línguas Germânicas Yuri Kovbasko.
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Professor da Universidade de Kharkiv, no Departamento de Objetos Criminais, Dmytro atuará nos programas de mestrado e doutorado em Direito da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) com foco na política criminal da União Europeia. Ele veio acompanhado pela esposa e duas filhas no fim de agosto, e deve permanecer no país até o segundo semestre de 2024.
“O processo de saída da Ucrânia foi bem difícil para mim, mas deu certo”, relata o professor, que precisou enviar inúmeras mensagens e cartas para o escritório militar do país solicitando autorização para a vinda ao Brasil. “Comecei os pedidos em abril e só resolvi a questão em agosto”.
Nesse período, Dmytro não precisou lutar na guerra, pois educadores não têm a obrigatoriedade de se envolver nos combates. “Continuei ensinando meus alunos online e realizei diversos trabalhos de caridade, arrecadando alimentos e distribuindo”, conta, grato por agora estar no Brasil, deixando a guerra para trás. “É a oportunidade de continuar nosso desenvolvimento e de viver uma vida normal”.
Outro cientista que conseguiu permissão para sair da Ucrânia com a família foi Yuri Kovbasko, que chegou dia 30 de agosto para trabalhar na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava. Ele é doutor em Filologia — estudo da linguagem em fontes históricas — e membro do Grupo Consultivo de Pesquisadores do Dicionário de Inglês Oxford, um dos glossários mais conhecidos no mundo. Autor de 59 trabalhos acadêmicos e metodológicos, atuará no Programa de Pós Graduação em Letras da Unicentro.
Outros pesquisadores
Além desses dois cientistas, o programa já recebeu a bióloga especializada em biotecnologia e microbiologia Mariia Boiko; a doutora em educação Zhanna Petrivna; e a doutora em Física Solar Svitlana Gerasimenko. Também estão trabalhando no Brasil as pesquisadoras Yuliia Felenchak e Nataliya Mykolaivna, doutoras em Economia e em Educação, respectivamente.
De acordo com a Fundação Araucária — órgão do governo paranaense responsável pelo programa — 56 cientistas já se inscreveram para atuar nas universidades do Paraná. No entanto, parte deles apresentou problemas na documentação enviada, dificuldade para sair do país ou até desistiu do processo, preferindo bolsas oferecidas por países mais próximos, na Europa.
Dessa forma, 15 doutores foram selecionados até agora e oito deles devem chegar ao Paraná nos próximos meses. Nesse período, outros ucranianos interessados também podem efetuar a inscrição. Os interessados devem ter título de doutorado e experiência nas universidades ucranianas.
Quem tem mais de cinco anos de atuação receberá bolsa no valor de R$ 10 mil, enquanto iniciantes ganharão R$ 5,5 mil mensais — além das passagens aéreas e auxílio complementar de R$ 1 mil para cada dependente abaixo de 18 anos ou acima de 60. O programa oferecerá 50 vagas no total.
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