Após quedas nos dois últimos anos, motivadas pela Covid-19, o número de cirurgias eletivas feitas através do Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná tem retornado a índices anteriores à pandemia, com mais de 13 mil procedimentos mensais.
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Os números dessas intervenções, que podem ser agendadas com antecedência e que não causam danos mais graves se forem postergadas, são da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa). Foram apresentados na prestação de contas da área na Assembleia Legislativa do Paraná, na última quarta-feira (26).
O estado, nos últimos meses, de acordo com o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak, tem visto o número de cirurgias eletivas mensais se aproximar das 13,5 mil mensais observadas no ano de 2019.
Em 2020, no ano da eclosão da pandemia, essa média caiu para 6,8 mil mensais e, em 2021, de números mais trágicos relacionados à Covid-19, recuou para 6,7 mil, um decréscimo que gerou um passivo importante que incrementa a chamada fila de procedimentos eletivos no estado.
Filipak esclarece que, tomados os dados até julho de 2022, a média deste ano é de 12,3 mil cirurgias eletivas mensais.
Desafios da "inflação da saúde" e para além dos recursos financeiros
Para enfrentar o desafio de reduzir um número que pode chegar a 200 mil cirurgias eletivas acumuladas no estado, é preciso, segundo Filipak, analisar a conjuntura da assistência hospitalar após o período da pandemia.
Ele explica que esse tempo proporcionou um aumento extra significativo de custo nos insumos, algo que já ocorre normalmente, visto que a chamada "inflação da saúde" é sempre maior que a inflação oficial.
“Entretanto, mesmo com esse aumento, hoje continua chegando quase o mesmo recurso financeiro aos hospitais, o que agrava o desequilíbrio econômico dos prestadores”, explicou Filipak.
Por este motivo, diz ele, apenas com o recurso financeiro regular será difícil ampliar os serviços. O diretor de Gestão em Saúde da Sesa cita ainda que esse desequilíbrio se refere apenas ao efeito pós-pandemia, independentemente ainda do piso nacional da enfermagem, que até agora não foi aplicado.
Somente em Curitiba, a Secretaria Municipal de Saúde prevê a necessidade de um investimento extra de mais de R$ 215 milhões quando a medida, suspensa pelo Supremo Tribunal Federal até 4 de novembro, entrar em vigor.
Para além dos recursos financeiros, segundo Filipak, para reduzir a fila é necessário criar estratégias para que os hospitais tenham condições de ampliação de sua capacidade operacional, pois não se consegue hoje operar pacientes em hospitais sem capacidade de ampliação.
“A ampliação que conseguimos com a Covid-19 foi pontual, em um ambiente voltado ao tratamento de uma única patologia e com um rol pequeno de especialistas se comparado ao rol que exigem os procedimentos cirúrgicos”, diz ele.
Opera Paraná é estratégia para reduzir o represado
Lançado este ano para tentar reduzir com mais rapidez a fila de pacientes que precisam de uma cirugia eletiva pelo SUS, o programa Opera Paraná fez, segundo Filipak, 16,5 mil atendimentos em consultas especializadas e 9,2 mil cirurgias, contando-se a partir de julho.
"Este número parece modesto e está distante ainda da nossa meta de 60 mil cirurgias, mas é bom lembrar que só podemos considerar efetivamente operado o paciente cujo processamento da conta hospitalar retornou do Ministério da Saúde aprovado", diz ele.
“Então temos um delay de dois meses a mais de cirurgias realizadas que não estão contabilizadas oficialmente, porque nós temos que usar os dados oficiais do MS no sistema de produção”, diz ele, que ressalta a importância das estratégias complementares da Sesa para tentar reduzir aquela fila.
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