Em meio à polêmica sobre a proibição de celulares nas escolas, evidenciada nas últimas semanas com a sanção da medida pelo governo de São Paulo, a especialista em educação Cláudia Costin afirma ser contra o uso de celulares em sala de aula, no evento "Paraná que educa", promovido na última terça-feira (10) pela Gazeta do Povo, em parceria com o governo do Paraná.
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No Paraná, medida similar foi anunciada em outubro pelo governo do estado: é proibido o uso de celulares para fins pessoais, como redes sociais, chamadas, mensagens ou jogos durante o horário das aulas. Caso isso ocorra, o estudante pode receber ações disciplinares previstas no regimento escolar. O uso do equipamento está condicionado à autorização prévia do professor responsável pela turma.
A instrução normativa do governo paranaense indica que "cabe às instituições de ensino prever em seus projetos político-pedagógicos o desenvolvimento de ações de conscientização sobre o uso responsável de tecnologias”.
Cláudia, que é fundadora e diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cofundadora do movimento "Todos pela educação", defende que não é preciso abolir o uso de livros impressos para inserir a tecnologia na educação e, consequentemente, no dia a dia dos estudantes.
Ainda no debate sobre o uso de tecnologias no ensino público, Claudia - que foi secretária da Educação do Rio de Janeiro - evidenciou a utilização dos "BIs", Business Intelligence, um conjunto de processos e ferramentas que permitem coleta, análise e organização de dados para a tomada de decisões estratégicas. O BI é utilizado para nortear decisões na Secretaria da Educação do Paraná.
"É fundamental trabalhar com dados em aprendizagem", diz a especialista, referindo-se às informações coletadas e compiladas por meio do BI. Ela falou ainda sobre a iniciativa da Secretaria da Educação do Paraná em usar inteligência artificial para corrigir redações. "É uma forma eficiente de usar a IA e ajudar professores a otimizar o tempo e usá-lo de outra forma", acrescenta.
No painel do qual ela participou no evento da Gazeta do Povo, Claudia apontou desafios no âmbito educacional brasileiro para os próximos anos. "A educação precisa ser inclusiva e dar oportunidades iguais a meninas e meninos", disse a especialista, conhecida como mentora de secretários de educação Brasil afora.
Para ela, a valorização dos professores deve partir dos próprios, que em alguns casos não enaltecem as conquistas dos colegas e repassam isso à sociedade. "A sociedade olha para o professor com pena e não com respeito e admiração profissional", afirma.
Tecnologia é parte da rotina nas escolas da rede estadual
A tecnologia tornou-se aliada da educação pública do Paraná, que possui mais de 20 ferramentas de análises de dados que acompanham os índices das escolas estaduais. É também a tecnologia utilizada na educação que permite que milhares de professores façam cursos de formação de curta duração.
"São cerca de 93 mil professores que passaram por cursos que discutem as práticas em sala de aula - e não teorias. As formações acontecem via Google Meet", contou o secretário estadual da Educação, Roni Miranda. Outro exemplo citado pelo secretário são as aulas prontas para que professores possam utilizá-las ou, até mesmo, modificá-las caso sintam necessidade.
"Esse material fica salvo em um drive e é editável, da mesma forma que ocorre em escolas particulares. Precisamos parar de pensar a educação pública com mediocridade", salientou o secretário.
A prática da leitura nas escolas paranaenses foi outro ponto evidenciado por Roni Miranda. Ele citou que os alunos da rede estadual leram 1,2 milhão de livros em 2024. Para que essa leitura seja verificada, o aluno precisa responder a quatro perguntas a cada 10% do progresso na obra literária.
"Tudo isso é possível por meio de coleta de dados constantes. Não há como definir se a educação vai bem sem avaliar essas informações", define o secretário. Ele também disse que 6 milhões de redações foram escritas por alunos da rede estadual durante esse ano letivo, usando ferramentas que auxiliam o professor no momento de avaliá-las.
Outra questão levantada pelo secretário da Educação é o aprendizado da língua inglesa. Ao utilizar um aplicativo para auxiliar no ensino do idioma, os estudantes melhoraram as notas nas provas diagnósticas que são feitas e mostraram o conhecimento apreendido.
Tecnologia na educação estadual é compartilhada com municípios
Uma iniciativa que foi destaque no summit "Paraná que educa" é a "Educa juntos", programa do governo estadual que permite o compartilhamento de parte da tecnologia utilizada pela rede aos 399 municípios paranaenses.
Os professores têm acesso, de forma gratuita, ao programa que permite o professor fazer a chamada de forma online, com agilidade, aos cursos de formação continuada, especialmente na área de alfabetização, e a materiais que facilitam o ensino de diversas disciplinas. "Temos 14 mil professores em todo o estado aprendendo sobre alfabetização", exemplificou o secretário.
Precisamos parar de pensar a educação pública com mediocridade.
Secretário da Educação do Paraná, Roni Miranda
A Gazeta do Povo foi representada no summit "Paraná que educa" pela diretora da unidade Jornais do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), Ana Amélia Filizola. "A Gazeta do Povo, nos seus 105 de história, acompanhou e acompanha o desenvolvimento desse estado. Esse evento simplifica e solidifica muito bem a nossa missão: estimular em cada um jeito de ser melhor. Essa discussão vai trazer mais luz ainda, para um setor tão importante para o país", evidenciou Ana Amélia.
Prestigiaram o evento da Gazeta do Povo em parceria com o governo do Paraná o vice-governador Darci Piana; o ex-governador e secretário do Codesul pelo Paraná, Orlando Pessuti; o diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Celso Kloss; o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken; e o presidente do Movimento Pró-Paraná, Marcos Domakoski.
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