A 1ª Vara Criminal de Paranaguá (PR) condenou, nesta sexta-feira (5), o advogado criminalista Claudio Dalledone Junior a 11 anos de prisão por desvios de indenizações que deveriam ter sido pagas a pescadores no litoral do Paraná após danos provocados por desastres ambientais. Dalledone é conhecido por atuar em casos de grande repercussão nacional.
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Segundo a sentença do juiz Leonardo Marcelo Mounic Lago, o advogado de Curitiba (PR) foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e deverá pagar uma multa de mais de R$ 14 mil. Além dele, 13 suspeitos foram sentenciados a penas que variam de quatro a 11 anos de reclusão. Entre os condenados está um juiz aposentado.
O grupo é acusado de ficar com verbas indenizatórias pagas pela Petrobras, destinadas a centenas de pescadores após danos provocados por desastres ambientais registrados entre 2001 e 2004 e que prejudicaram a atividade pesqueira comercial. Muitos pescadores afetados, segundo as investigações, não receberam absolutamente nada dos recursos.
Em entrevista coletiva, Dalledone classificou a sentença condenatória de "absurda" com a obrigação do uso de tornozeleira eletrônica a ser instalada no prazo de cinco dias. O advogado negou que tivesse qualquer relação com pescadores e que nunca recebeu dinheiro dos trabalhadores, mas afirma que o processo foi uma "revanche dos seus desafetos."
"O dinheiro que eu angariei foi em 2012, quase 10 anos depois do fato gerador de tudo isso, de clientes que eu advoguei, pois eles estavam se desentendendo em um negócio que foi objeto e alvo dessa condenação. Eu não tenho nada a ver com isso. Nunca entrei em contato com pescadores, nunca entrei em contato com alvarás ou com dinheiro de indenizações", afirmou Dalledone durante a entrevista.
"Estou sendo criminalizado por exercer a minha função, por ter sido advogado do escrivão da Vara Cível e, posteriormente, por representar a advogada que, segundo a decisão, tinha um esquema com o juiz e com esse escrivão da Vara Cível. Portanto, atuei em uma causa criminal e dela ganhei honorários advocatícios", justifica.
Ele acusou a advogada responsável pelo esquema de procurar um "desafeto" e mentir para a Justiça para firmar um acordo de delação premiada. "Não há nenhuma prova ou corroboração, além da mentirosa versão empolgada que foi por um advogado, meu desafeto. Me incluiu nessa acusação sem pé nem cabeça", rebateu.
Em nota, a defesa de Dalledone “manifesta total surpresa com o fato de estar incluído no rol da referida decisão”, pois não possui qualquer relação com os fatos investigados. “Dalledone apenas atuou como advogado de um dos envolvidos, profissão que exerce com retidão há mais de 30 anos. E tão somente isso. Dalledone está muito tranquilo e tem plena confiança que o Poder Judiciário do Paraná vai reverter esta decisão e trazer à tona a verdade sobre os fatos.”
A defesa afirmou que vai recorrer da decisão proferida em primeira instância. O advogado poderá aguardar os recursos em liberdade, mas com uso de tornozeleira eletrônica.
Durante investigações, oito suspeitos chegaram a ser presos
As investigações do caso foram conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e no decorrer das apurações oito suspeitos chegaram a ser presos durante uma operação policial realizada em 2014. O advogado não estava entre os detidos.
Segundo as investigações, havia prova documental manifestando ciência das ilegalidades contribuindo para a “lavagem do dinheiro” na intermediação e elaboração de instrumento particular de cessão em contrato que teria servido, de acordo com a denúncia, apenas como simulação para rateio dos valores.
A denúncia apontou que o juiz na época responsável pela liberação de alvarás para acesso às verbas indenizatórias cobrava um percentual dos valores, além de pedir parte dos honorários de uma advogada que representava parte dos pescadores atingidos.
A advogada teria confessado o esquema para desvios de recursos destinados aos pescadores, que foram supostamente utilizados no pagamento da extorsão. A Gazeta do Povo tenta contato com o juiz aposentado, mas até a publicação desta reportagem, ele não foi localizado. O espaço segue aberto para manifestações.
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