Os empresários paranaenses do setor madeireiro estão de olho no noticiário internacional. Com a maior parte do volume de madeiras e derivados tendo por destino países como China e Estados Unidos, o segmento, um dos mais importantes para a economia estadual, sentiu o baque da crise do novo coronavírus. Os compradores passaram a importar menos e, como consequência, isso afetou o caixa e a empregabilidade do setor. Agora, é justamente a retomada fora do Brasil a esperança para salvar os números aqui dentro.
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Em maio, representantes dessa indústria se reuniram com o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) para discutir estratégias para que o segmento supere a crise. A indústria madeireira emprega 84 mil pessoas no Paraná, sobretudo na região Centro-Sul do estado. Em 2019, de acordo com números do IBGE, as exportações de madeira e de produtos em madeira representaram 6,6% de todo o volume exportado no Paraná – ficaram atrás apenas das exportações de soja, carnes, material de transporte e papel. O estado, com Santa Catarina e São Paulo, tem as maiores indústrias do segmento.
“É um setor extremamente importante para economia do Paraná. O Governo do Estado tem criado mecanismos para amenizar os problemas na saúde e na economia, trabalhando de forma equilibrada para gerar o menor prejuízo possível”, destacou à época o governador.
Os números de 2020, porém, devem ser afetados. “As empresas foram impactadas. A atividade econômica no mundo diminuiu. Isso diminuiu o consumo. No início [da pandemia], muitas empresas tiveram dificuldade de reestruturar a produção. Muitas tiveram de fazer paralisações; algumas demissões tiveram que ser feitas”, destaca Juliano Vieira de Araujo, que atua na indústria do Paraná e é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
Um revés para o setor que vinha de recuperação no primeiro trimestre, com uma evolução no volume embarcado para exportação e até aumento de preços. cenário diferente do segundo semestre de 2019, quando uma retração na demanda internacional – além da guerra comercial entre China e Estados Unidos – tinha deixado o setor em alerta.
“O mercado estava evoluindo e seguia bem. Quando entrou a pandemia todo mundo sofreu, foi um baque. Nesses três primeiros meses houve paralisação e agora estamos retomando”, explica Araujo. “Isso gradativamente está sendo revertido. Estamos esperando que o mercado retome, principalmente em termos de exportação. Estamos tendo algum alento do que está acontecendo lá fora, mas ainda á muito cedo porque estamos no meio da pandemia”, diz.
Mercado interno
Se a situação fora do Brasil arrefeceu, o mercado interno ainda sofre com os efeitos da crise sanitária aguda. Enquanto alguns estados ensaiam uma retomada, outros ainda têm medidas restritivas, o que impede o consumo local de deslanchar. No início do ano, a expectativa era de mais vendas de madeira e produtos obtidos dela no Brasil, principalmente por conta do otimismo da construção civil – a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) esperava crescimento de 3%.
“A situação do mercado nacional está mais lenta do que da exportação. Estamos no meio da pandemia, sofrendo ainda uma série de situações e consequências. Alguns estados melhoraram, alguns não. A gente espera que o mercado nacional retome a construção civil, que é o forte do setor madeireiro. Mas ainda existe um bom caminho para percorrer”, destaca o presidente da Abimci.
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