O Megane E-Tech 100% elétrico da Renault, apresentado na última semana, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, representa mais do que o lançamento de um carro. A chegada do veículo coincide com um novo capítulo da mobilidade elétrica no país e com o fato de ser o primeiro veículo comercializado com a recente identidade da marca, além do posicionamento da empresa no Brasil e no mundo.
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Seja nas questões atinentes à sustentabilidade ou nas nuances do novo modelo, o lançamento parece estar fadado a cair nas graças de quem tem visto o planeta com uma nova perspectiva. O desenvolvimento do carro acompanhou as preocupações que vão desde a bordadeira em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, aos executivos nas grandes metrópoles do país.
De acordo com o presidente da marca no Brasil, Ricardo Gondo, a aproximação do carro elétrico com o público exige paciência, diante de uma longa transição. Apesar disso, ele destaca que, além do Megane E-Tech, outros carros estão atendendo às demandas do mercado brasileiro e mais veículos chegarão em outubro. “A transição está ocorrendo em todo o mundo e aqui no Brasil também ocorrerá, mas será uma transição longa. Nós estamos atendendo a estas demandas com a gama Renault E-Tech, temos disponível Kwid e Kangoo 100% elétricos, e acaba de chegar o Megane E-Tech. Em outubro chegará ao mercado brasileiro o novo Kangoo E-Tech 100% elétrico”, disse.
Gondo acredita que o país está preparado para oferecer as tecnologias necessárias e desejadas pelos clientes. Mais que isso, ele enxerga que o Brasil possui condições de reunir um alto número de interessados, visto que há uma conscientização crescente pela sustentabilidade. “O cliente que busca um veículo elétrico valoriza status, tecnologia, design e a sustentabilidade. A Renault é uma empresa humana, calorosa, inovadora e responsável que possui projetos e uma agenda social e de sustentabilidade, que estão publicadas de forma transparente em nosso Relatório de Sustentabilidade. Além disso, percebemos uma demanda importante de empresas que estão realizando a eletrificação da frota para contribuir com o processo de descarbonização”, completou Gondo.
ESG e negócio andam juntos na Renault
Para o diretor de Comunicação da Renault nas Américas, Caíque Ferreira, é necessário ressaltar, entretanto, que a estratégia ESG e a estratégia de negócios caminham juntas. Ele conta que os objetivos da empresa são muito claros em todos os temas ambientais, de apoio à sociedade e de governança.
“Todas as diretorias estão envolvidas e têm seus objetivos. Não é querer fazer uma ou outra iniciativa. Nossa fábrica de Curitiba tem diversas certificações e diversos aspectos para melhorar desempenhos: 40% da nossa área são de uma mata preservada e no processo industrial temos a redução de energia elétrica e de água por veículo produzido. Além disso, 100% dos resíduos industriais são reutilizados, já que temos o projeto de aterro zero”, disse.
Do ponto de vista do produto, de acordo com Ferreira, os materiais utilizados no carro são de matérias-primas recicladas. O carro é projetado, inclusive, para que no fim do ciclo de vida do veículo todo mundo saiba para onde destinar cada peça do automóvel. “O Megane, por exemplo, tem 95% reciclável. Podemos desmontar o carro e destinar de forma correta toda a matéria-prima, incluindo a bateria. O projeto é dentro da fábrica, mas também em relação aos produtos, para que tenham o menor impacto ambiental possível.
Carro elétrico e a evolução nas ruas
Toda tecnologia embarcada no carro elétrico causa curiosidade acerca dos valores ou mesmo de quando a transição será feita e os veículos 100% elétricos poderão ser vistos com mais frequência nas cidades e estradas do país. Ferreira corrobora a opinião do presidente da marca e acredita que deve levar um certo tempo. Ele utiliza o exemplo do telefone celular para representar o que imagina para o futuros dos veículos.
“Se você imaginar a bateria de um celular ou o próprio celular, o quanto eles evoluíram em uma ou duas décadas. Há um tempo atrás o celular era usado apenas para uma simples ligação. A tecnologia do carro elétrico é relativamente nova e chegou, de fato, há uns 10 anos na Europa e precisa passar por essa evolução natural. Com o aumento da escala, a tendência é que o custo caia e estará mais disponível. Quanto mais produto melhor”, afirmou.
O custo mais elevado, na opinião de Ferreira, não é uma exclusividade do Brasil. Ele ressalta que, mesmo na Europa, no ano de 2022, apenas 15% dos veículos vendidos por lá foram elétricos. Segundo ele, as tecnologias vão conviver entre si por lá e aqui. “A transição é longa e você vê um número de carros híbridos e à combustão ainda muito altos. O número de elétricos está crescendo, mas veremos carros de todos os tipos ainda por um bom tempo. O movimento existe, mas não é de uma hora para outra que vamos atingir o ápice”, explicou.
Borda Viva e a profissionalização
Na parte social, similarmente, a marca tenta emplacar projetos e contribuir com os hábitos adotados dentro da fábrica. É o caso da Associação Borda Viva, uma instituição sem fins lucrativos criada em 2002, que, além de assegurar refeições diárias para cerca de 100 crianças, contribui para o desenvolvimento econômico e social da comunidade situada nas proximidades da fábrica da Renault, em São José dos Pinhais.
A Renault entra com a cadeia de valor, doando matéria-prima que seria descartada, e a associação produz diversos itens para a venda e a garantia da fonte de renda para diversas famílias. Foi assim com Rose dos Santos, diretora-presidente da Borda Viva. “Esse trabalho só acontece graças ao descarte e à economia circular. São 22 mulheres diretamente trabalhando com costura e sustentando suas famílias. Mais que isso, elas levam dignidade para o lar. Transformamos pneus, rodas, bancos e cintos de segurança em mochilas, bolsas, carteiras, cadeiras. Já reaproveitamos mais de 12 toneladas de material automotivo desde 2015 e vamos em busca de muito mais”, afirmou Rose.
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