O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) projetou o Paraná como um dos estados responsáveis por uma significativa elevação de 25% na safra brasileira de soja em 2023, em comparação com os números da safra anterior. A expectativa consta em um boletim divulgado no último dia 9 pelo equivalente norte-americano do nosso Ministério da Agricultura, e traz uma prévia da safra nacional do grão estimada em 153 milhões de toneladas, um recorde para o setor.
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A área de soja plantada no Brasil, aponta o USDA, deve sofrer um leve acréscimo de 5% em relação à safra anterior, ficando em 43 milhões de hectares. Além do Paraná, o boletim norte-americano cita Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso como os maiores produtores do grão no Brasil – este último concentra uma de cada quatro sacas de soja colhida no país.
Das 153 milhões de toneladas, o USDA projeta que 97 milhões de toneladas de soja sigam para a exportação, mais um recorde do agronegócio nacional comparado com o melhor resultado do setor, obtido na safra 2020/2021, quando o Brasil exportou 86,1 milhões de toneladas de soja. O aumento previsto se justifica, segundo o órgão do governo dos Estados Unidos, pelo aumento na demanda global da soja, principalmente pela China.
Falta de chuvas pode trazer prejuízos para a safra de soja, aponta Deral
Um dos pontos mais críticos e que podem puxar para baixo os números do boletim do USDA é o clima. “Um bom regime de chuvas em janeiro será necessário na região sul do país, em especial no Rio Grande do Sul e no Paraná”, alerta o documento. “Se a condição de seca se mantiver, a safra poderá sofrer impactos negativos”.
Esse também é o entendimento de Edmar Gervásio, analista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Em entrevista à Gazeta do Povo, ele disse que a expectativa de produção de soja no Paraná segue sendo de uma boa safra. Mas há regiões em que as lavouras podem não ter a produtividade esperada por conta da estiagem e das altas temperaturas registradas em dezembro.
É o caso das plantações das regiões Oeste e Sudoeste do Estado. O boletim mais recente do Deral, do último dia 9, aponta que a volta das chuvas naquelas regiões restabeleceu o ânimo dos produtores, que correm o risco de perder parte da safra, principalmente aquelas cuja semeadura se deu de forma precoce e que passaram por escassez hídrica em sua fase mais crítica, durante boa parte do período reprodutivo.
Mas, aponta Gervásio, outras regiões produtoras de soja do Paraná passaram por situações melhores de clima. Nesses locais, a colheita tende a ser melhor, o que pode compensar as perdas esperadas no estado. “Temos as regiões norte e sul, que são grandes produtoras e estão com uma condição muito boa de campo. A região sul sozinha tem 1,6 milhão de área plantada no grande eixo de Guarapuava, Ponta Grossa e Região Metropolitana de Curitiba. Na região norte tem mais 1,4 milhão de hectares de plantações. Quando a colheita estiver na fase mais intensa, em fevereiro, será possível ter uma avaliação mais correta, mas é possível que se as perdas estimadas para o oeste se confirmarem, norte e sul podem compensar essa quebra”, avaliou.
Números do boletim do USDA levam em conta dados de dezembro
O analista reforçou os números apresentados pelo USDA e confirmou a estimativa de 21,5 milhões de toneladas de soja a ser colhida no Paraná. Mas o número pode mudar, explicou, conforme o processo de colheita for avançando no estado. No boletim americano, as lavouras de soja do Paraná são avaliadas como sendo 90% em boas condições, 9% dentro da média e 1% em condição ruim.
Houve flutuação nos números, de acordo com Gervásio, uma vez que o relatório de Washington leva em conta dados de dezembro. “Hoje nossos dados mais recentes apontam para 80% de plantações em boas condições, 16% dentro da média e 4% em situação ruim. Essa mudança reflete justamente as lavouras do oeste e do sudoeste. Mas nossos cálculos mostram que mesmo que haja uma perda de 15% na safra dessas regiões, um aumento de 2% a 5% na produtividade do norte e do sul do Paraná já é capaz de compensar”, concluiu.
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