Conhecida como Capital da Ponkan, Cerro Azul quer se tornar um dos principais polos turísticos do Paraná com outros atrativos. Localizada a 87 km de Curitiba, a cidade conta com 67 pontos que interessam os visitantes e esses locais já estão sendo mapeados pela prefeitura. “São cachoeiras, mirantes, propriedades rurais e uma belíssima estrada cênica com 394 curvas: a Rota da Princesa”, afirma o secretário municipal de Projetos, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Alexandre Dantas Brighetti.
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Segundo ele, esse trajeto faz parte da PR-092, no trecho até a cidade vizinha Rio Branco do Sul. A estrada é asfaltada, possui cerca de 50 quilômetros e tem atraído turistas de todo o Brasil, que fazem questão de percorrê-la de moto, carro ou pedalando. Além disso, o nome é uma homenagem à Princesa Isabel, pois a monarca teria viajado por essa rota no Século XIX com o objetivo de ajudar no desenvolvimento da antiga colônia agrícola Assungui, onde hoje está Cerro Azul.
Diante de tanta beleza e história, moradores da região como a comerciante Zenaide Cordeiro Machado perceberam aumento significativo no número de visitantes que trafegam pela rodovia. “Minha lanchonete fica no meio da rota, na divisa entre os municípios, e o movimento é grande porque as pessoas param muito aqui para ver a antiga ponte de ferro”, conta a neta de empreendedores, que percebe o imenso potencial do espaço.
“Se já tem feito essa diferença para nós, comerciantes, imagine o crescimento e a quantidade de empregos que seriam criados se os pontos de visitação fossem restaurados e a rota recebesse mais atenção”, aponta.
E foi pensando nesse potencial que a estrada se tornou tema do Projeto de Lei 318/2022, apresentado à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) no início deste mês. Segundo a proposta dos parlamentares Luiz Claudio Romanelli (PSD) e Alexandre Curi (PSD), é preciso oficializar a nomenclatura “Rota da Princesa” para que o turismo seja estimulado. Assim, poderia atrair mais visitantes de Curitiba, Região Metropolitana (RMC) e de outros lugares do país, contribuindo para o desenvolvimento de todo o Vale do Ribeira, no Leste do estado.
“A criação da rota vai gerar renda, dinamizar a economia e estimular a inovação do empreendedorismo”, pontua o deputado Alexandre Curi (PSD), ao citar como exemplo o que acontece na Serra do Rio do Rastro (SC), Rastro da Serpente (SP) e na Estrada da Graciosa (PR).
Segundo ele, a divulgação do atrativo também fortalecerá a identidade local ao mesmo tempo em que gerará desenvolvimento, pois visitantes sempre buscam conhecer tradições e costumes do lugar, experimentando receitas típicas e consumindo diferentes bens e serviços. Tanto é que, “na última pesquisa realizada pelo Departamento de Turismo de Rio Branco do Sul, entre janeiro e julho de 2022, foi identificado aumento de 7% da economia local”, comenta. “E a expectativa é que, com a oficialização da rota turística, o movimento se intensifique”, afirma o parlamentar.
Usuários querem infraestrutura adequada
Só que o crescimento precisa vir acompanhado por melhorias. Esse é o pedido de usuários como o supervisor de projetos elétricos Raphael Miras, que percorre o trecho há 20 anos. “Passo por ali desde que era estrada de chão”, relata o presidente do Motoclube PR-092, grupo que incentivou a criação da Rota da Princesa.
Acostumado a desbravar estradas em diversos lugares do Brasil e em países como Uruguai, Argentina e Estados Unidos, Raphael e seus colegas perceberam que tinham ao lado de casa um trajeto com o mesmo potencial. “Só que ele estava escondido por falta de divulgação”, recorda o morador de Itaperuçu, que reuniu integrantes do motoclube em 2019 para dar um nome ao trecho. “Surgiu, então, a Rota da Princesa”.
E para divulgar essa estrada cênica com 394 curvas, paisagens, pequenas serras e vales, os próprios motociclistas instalaram placas no trajeto, buscaram apoio das autoridades municipais e começaram a falar das peculiaridades da rota. “A região é rica na produção de cítricos como a ponkan, possui restaurantes típicos, e todo visitante deveria experimentar um leitão desossado, assado e recheado com virado de feijão”, incentiva o supervisor de projetos, ao citar ainda o típico bolinho de carne vendido nas lanchonetes dali.
De acordo com ele, o trajeto conta alguns pontos de comércio e de apoio aos condutores, como borracharia, por exemplo, “mas ainda é preciso estimular e dar condições aos moradores para que se especializem no atendimento ao turista”, aponta. “Sem contar que é preciso melhorar a sinalização da rota, colocar pontos estratégicos de iluminação viária e construir quiosques para descanso e descontração”.
Melhorias anunciadas pelas prefeituras
O diretor de turismo de Rio Branco do Sul, Mauricio José Antoniacomi, concorda e garante que o município tem se preocupado com o assunto. Inclusive, “já ofertamos cursos de qualificação profissional aos moradores de nossa cidade para que possam trabalhar com turismo rural, e tivemos boa aceitação”, relata, ao citar que “ações de melhoria da sinalização e estrutura ao longo da rota também estão sendo avaliadas.
Além disso, o município criou uma ciclorrota de 34 quilômetros em parceria com o programa Pedala Paraná para atrair mais ciclistas à região, e tem organizado eventos como o Encontro de Motociclistas da Rota da Princesa, que já recebeu representantes de 80 motoclubes do país. Agora, “queremos construir um mirante no trajeto, então precisaremos da liberação junto ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e da autorização do proprietário”, adianta Mauricio.
Da mesma forma, a prefeitura de Cerro Azul também tem focado em ações que desenvolvam o turismo da região. Para isso, o secretário Alexandre Dantas Brighetti afirma que o Conselho Municipal de Turismo já foi restabelecido e que o município está se filiando à Instância de Governança do Turismo Regional (Adetur). “Também estamos trabalhando para potencializar empreendimentos para atividade turística e na capacitação de condutores locais que poderão levar os visitantes até nossos atrativos”.
Além disso, ele informa que será inaugurado em breve o Centro de Informações Turísticas e Artesanato no coração do município e que a secretaria já está desenvolvendo opções de roteiros para visitação com foco no desenvolvimento regional. Afinal, “queremos que todo o Vale do Ribeira possa crescer”, finaliza.
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