A apreensão de um carregamento de drogas e armas camuflado no meio de uma carga lícita de carne suína, no mês de julho, subsidiou uma investigação da Polícia Federal (PF) que mirou em um grupo ligado à facção criminosa Comando Vermelho (CV). O grupo atua no circuito da fronteira entre Brasil e Paraguai e o estado do Rio de Janeiro, uma das principais rotas do tráfico internacional na América do Sul.
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No dia 16 de julho, um monitoramento que se iniciou em Foz do Iguaçu (PR), feito pela Receita Federal, culminou na abordagem da PF e da Polícia Militar do Paraná (PMPR) a um motorista de caminhão. Ao ser interceptado na BR-369, entre as cidades paranaenses de Rolândia e Cambé, o motorista afirmou que levava uma carga de carnes ao Rio de Janeiro. Durante a inspeção foram localizados compartilhamentos secretos que acomodavam 82 armas, 75 pistolas e 7 fuzis, todos com numeração raspada. O carregamento lícito escondia ainda duas toneladas de maconha.
Desde então, a atuação dos suspeitos de participação da quadrilha vinha sendo monitorada até que, nesta terça-feira (12), a PF deflagrou a Operação Impuro, com cumprimentos de mandados judiciais em Foz do Iguaçu e no Rio de Janeiro (RJ). Foram dez buscas e apreensões e nove prisões preventivas expedidas pela Justiça Federal de Londrina (PR).
“A investigação apura os crimes de tráfico internacional de armas, tráfico transnacional de drogas e organização criminosa e teve início em julho de 2023 a partir da prisão de um homem, no município de Cambé, que foi flagrado conduzindo um caminhão frigorífico com grande quantidade de armas e drogas em meio a carga de carne suína. A carga seria transportada da região de Foz do Iguaçu até o Rio de Janeiro”, informou a PF.
Durante a operação desta terça-feira foram apreendidos 3.380 quilos de maconha e 82 armas de fogo, todas de calibre de uso restrito. “O modus operandi do grupo criminoso consistia em importar o armamento e as drogas para Brasil através da fronteira com Foz do Iguaçu, dissimular as mercadorias ilícitas em meio às cargas de proteína animal lícitas, com notas fiscais, conhecimento de transporte eletrônico (CTE) e lacre, utilizar a cadeia logística do transporte de carga lícita para transportar as armas e drogas dentro de um caminhão frigorífico e remeter esse material à região Sudeste do Brasil, especialmente aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro”, esclareceu a PF.
Foram presos o motorista do caminhão; os auxiliares, como carregadores e batedores, intermediários das armas e drogas; o responsável pela empresa de transporte rodoviário que fez os fretes; e dois vigilantes de segurança privada que forneciam acesso ao grupo criminoso, para que pudessem carregar o caminhão frigorífico com armas e drogas.
A atuação do grupo tem ligação direta com o fornecimento de arsenal ao crime organizado brasileiro pelo argentino Diego Hernan Dirisio, dono da empresa IAS, com sede na capital paraguaia. O argentino é considerado o maior contrabandista de armas da América Latina e foi alvo de uma operação na semana passada. Ele e a esposa, uma modelo paraguaia suspeita de integrar o esquema, estão foragidos e constam na lista de difusão vermelha da Interpol.
Na operação da semana passada, a PF identificou movimentação de R$ 1,2 bilhão no fornecimento de mais de 43 mil armas nos últimos três anos, com destino às facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e CV.
Os veículos comumente usados para o transporte, como no caso da apreensão realizada em julho, eram regulares: a proprietária da carga de proteína animal não tinha envolvimento com os fatos criminosos e as notas fiscais e demais documentos de transporte estavam em dia, constatou a PF durante as investigações.
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