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Lixo nas ilhas paranaenses de Guaraqueçaba serão parte de projeto para gerar renda para as comunidades.| Foto: Divulgação/Sanepar

Dois projetos ambientais desenvolvidos em ilhas litorâneas no Paraná vão atrelar geração de renda para as comunidades à redução da poluição do oceano. As iniciativas, selecionadas em um programa das fundações Grupo Boticário e Araucária, devem ter início de agosto a outubro e pretendem levar mudanças positivas a Guaraqueçaba e Paranaguá.

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O projeto que começa em agosto é o Igaú, que vai apoiar comunidades costeiras a reduzirem a poluição marinha cultivando algas que geram matérias-primas renováveis de interesse técnico-econômico e socioambiental. “O projeto visa mostrar às comunidades tradicionais do complexo estuarino de Paranaguá quais são as algas com potencial de uso e como elas podem ser usadas para gerar renda adicional familiar, principalmente por meio de mão de obra feminina”, explica a bióloga Franciane Pellizzari, professora da Unespar e líder do projeto, uma cooperação entre a Unespar (campus de Paranaguá) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Algas que geram dinheiro e remediam águas

A bióloga explica que a biomassa de algumas espécies de algas verdes pode ser aproveitada e usada tanto em processos de remediação biológica de águas residuais contaminadas (biorremediação) quanto em outros usos que podem gerar renda à comunidade. “Esse material pode ser usado, por exemplo, na manufatura de sabonetes e géis corporais artesanais e veganos, em compotas e mesmo como folhas secas comestíveis”, complementa Franciane.

Uso de algas em sabonetes vai ser ensinado a comunidades locais, principalmente mulheres. Foto: Divulgação/Igau
Uso de algas em sabonetes vai ser ensinado a comunidades locais, principalmente mulheres. Foto: Divulgação/Igau

Além da Ilha do Valadares, em Paranaguá, ilhas de Guaraqueçaba também receberão a iniciativa, como a Ilha Rasa, Ilha do Teixeira e Superagui, entre outras que possam ser incluídas no projeto, desenvolvido pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade do Paraná. "O proejto visa treinar no mínimo algumas dezenas de mulheres de cada comunidade, além de abranger crianças de escolas locais, diz Franciane.

O uso comestível de biomassa de bancos algais de áreas mais pristinas (melhor preservadas) abrangerá treinamento para a coleta sustentável, processamento, e fabricação artesanal de compotas e de frondes secas. "As folhas comestíveis são similares às usadas para preparar sushi", diz ela, que assinala que projetos similares já foram apoiados pela FAO/ONU, e foram bem-sucedidos em comunidades costeiras do nordeste do país, como Ceará, Paraíba e Pernambuco.

A proposta vai usar a experiência de profissionais associados e a capacidade do veleiro ECO, uma iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina usada em expedições oceanográficas que fornece suporte à navegação oceânica e funciona como um laboratório embarcado.

Tirar microplásticos do mar e fazer renda

Até outubro, outro projeto que vai ganhar as águas do município de Guaraqueçaba, mas na Ilha das Peças, será um piloto da iniciativa Polímera, com foco na criação de uma cadeia produtiva para o plástico recuperado do mar ou que lá seria despejado.

A ideia é estimular comunidades de pescadores a gerarem renda a partir da captura de lixos flutuantes. A partir disso, um equipamento portátil e de baixo custo irá reciclar e agregar valor ao resíduo, uma solução que reduz a poluição do mar por plásticos. “Queremos ajudar a resolver um problema de toda a vila, atingindo 300 pessoas neste piloto e reproduzindo em outros lugares do complexo estuarino caso renda bons frutos”, diz o líder do projeto, o oceanógrafo Allan Krelling, docente do Instituto Federal do Paraná - campus Paranaguá.

Segundo ele, um dos objetivos do projeto é justamente verificar a renda adicional que essa iniciativa pode gerar para as famílias da região, com uma tecnologia relativamente simples e a transformação desse lixo. “A ideia é da economia solidária, então se houver lucro e se isso for viável, definiremos preços e retornos para a comunidade de maneira compartilhada”, diz ele.

O maquinário Precious Plastic, usado no projeto, é uma iniciativa internacional que fornece de maneira aberta e gratuita as "plantas" de equipamentos para montar uma central de reciclagem de pequena escala. “Está no mundo todo e vamos tentar trazer para o litoral do Paraná. Queremos criar produtos com alto valor agregado usando esses maquinários [entre eles uma trituradora, extrusora e injetora]”, explica Krelling. O projeto foi desenvolvido pela associação MarBrasil, que tem sede em Pontal do Sul.

Essas propostas, assim como a Data Symbion, da mesma MarBrasil e que compreende a criação e uso de um sistema de inteligência de meio ambiente voltado à Grande Reserva Mata Atlântica, são as iniciativas que envolvem o Paraná e que foram selecionadas pelo Camp Oceano, um programa nacional da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná.

As iniciativas paranaenses estão entre os 19 projetos de todo o país que receberão suporte financeiro total de R$ 3,7 milhões para serem executados a partir de 2022, ao longo de 12 a 36 meses.

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