Entre os anos 1930 e 1950 está o período mais conturbado na política eleitoral de Curitiba. Com os prefeitos sendo indicados pelo governador do estado, pelo menos até 1954, os mandatos relâmpagos se tornaram um padrão nessas três décadas. Um dos grandes exemplos disso é 1951, ano em que a capital viu nada menos do que quatro prefeitos – Amâncio Moro, Ernani Santiago de Oliveira, Wallace Thadeu de Mello e Silva e Erasto Gaertner – assumirem a cadeira mais importante do Paço Municipal.
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Um dos nomes mais proeminentes desta fase da história curitibana é justamente o de Wallace Thadeu de Mello e Silva. Médico e jornalista, o curitibano viajou por diversos estados exercendo suas duas profissões, até se estabelecer novamente em Curitiba, nos anos 1940, onde ganhou notoriedade em cargos como psicólogo do Tribunal de Justiça, criminologista de órgãos públicos e professor na Universidade Federal (UFPR).
Em 1951, aos 43 anos, foi convidado pelo então governador Bento Munhoz da Rocha para assumir a prefeitura de Curitiba. Uma gestão que ele já conhecia de outra Casa. Havia sido vereador apenas cinco anos antes. À frente da prefeitura, Wallace teve tempo apenas de trâmites mais burocráticos na administração municipal, como abertura de créditos suplementares ou ordens de pagamento. Seu legado mais forte para a cidade foi a idealização da Praça 19 de Dezembro, que, embora concluída alguns anos depois, teve os trâmites concluídos na sua gestão e na de Ernani Santiago.
Em 1954, Wallace tentou retornar à prefeitura, em uma disputadíssima eleição (desta vez, com votos populares). Uma articulação do governador Bento Munhoz, em favor de seu cunhado, Ney Braga, tirou força de sua candidatura. Pouco antes do pleito, ele perdeu apoio do PTB, seu ex-partido e que teve peso decisivo para a vitória de Ney. Wallace viu seu apoio político ser esvaziado, ainda que fosse o candidato mais forte naquela eleição.
Em um registro de 1988 no jornal O Estado do Paraná, um de seus filhos, Roberto Requião (que se elegia prefeito e, mais tarde, viria a ser governador e senador) detalha a conturbada passagem. “Papai tinha uma visão de cidade avançadíssima para a sua época. Uma visão de cidade que ele suportava nos seus conhecimentos de urbanismo, vindos de cidades inglesas, francesas da época. Pensava no cinturão verde, em cidades divididas. (...). E meu pai quando foi prefeito nomeado foi demitido porque resolveu criar uma empresa pública de transporte coletivo. Meu pai foi prefeito em 1951 e depois candidato em 1954-55, ele era petebista, mas seu petebismo tinha raízes marxistas, baseadas no Harold Laski, criador do Labor Party, o partido trabalhista britânico. Então, era um petebismo impregnado de uma visão bastante progressista da sociedade. Ele não era um marxista, mas um petebista de raízes marxistas, como todo trabalhista britânico”, descreveu.
Apesar da curta passagem pelo Paço Municipal, Wallace Thadeu de Mello e Silva deixou sua marca na história política. Sua família deu prosseguimento a uma das mais duradouras tradições políticas do estado. Ele próprio era filho e neto de ex-deputados estaduais (o pai, Coronel Wallace de Mello e Silva; e o avô, Justianiano de Mello e Silva, tiveram papel importante na política paranaense).
Além de Roberto Requião, Maurício Requião, outro de seus filhos, foi deputado federal. Eduardo Requião, por sua vez, ocupou cargos públicos importantes em nível estadual. Seu neto Requião Filho é, atualmente, deputado estadual.
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