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Inauguração do Centro de Controle da Muralha Digital, sistema de monitoramento inteligente com diversas cameras de monitoramento espalhadas pela cidade de Curitiba – Curitiba, 05/01/2021 – Foto: Daniel Castellano / SMCS
Centro de controle da Muralha Digital de Curitiba: ação é exemplo para projeto contra o novo cangaço na Grande Curitiba.| Foto: Daniel Castellano/SMCS

Enfrentar uma criminalidade cada vez mais complexa e que vai além dos limites entre municípios exige alto nível de compartilhamento de informações e um comando centralizado.

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Para fazer frente ao “novo cangaço” e à ação de outros grandes grupos de criminosos que amedrontam populações de cidades menores, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), sugere espelhar os mecanismos de segurança pública e propõe uma gestão unificada e online das informações.

Essas ideias foram apresentadas no Fórum da Assomec realizada na terça-feira passada (11), quando as guardas municipais de Curitiba e de mais nove cidades da região metropolitana sugeriram ideias para um plano de contingência de segurança pública, prioridade do estado do Paraná, segundo o secretário de estado da Segurança Pública, Wagner Mesquita, presente ao evento.

Curitiba é a cidade protagonista do Consórcio Intermunicipal das Guardas Municipais da RMC (Coin), do qual fazem parte, ainda, Araucária, São José dos Pinhais, Colombo, Quatro Barras, Pinhais, Fazenda Rio Grande, Campo Largo, Campina Grande do Sul e Mandirituba.  "O lançamento desse plano de segurança visa estabelecerajuda mútua entre os municípios que possuem Guardas Municipais e sistemas de segurança com câmeras que podem se interligar com a Secretaria de Estado da Segurança Pública. Esse trabalho vai unir a Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal e as Guardas Municipais”, diz o secretário municipal de Defesa Social e Trânsito, Péricles de Matos.

“A ideia não é só ampliar a investigação de ataques que envolvem grandes grupos fortemente armados, como os ocorridos recentemente em Guarapuava e Fazenda Rio Grande, mas criar protocolos para que fatos como esses sejam mais difíceis de acontecer”, disse Mesquita.

Muralhas digitais

O projeto, uma parceria do estado com municípios, conta com o incentivo do governo para que cidades paranaenses desenvolvam ações como as de Curitiba, a mais evoluída até agora. Na capital, a Muralha Digital reúne em apenas um local imagens e informações de câmeras de segurança da Guarda Municipal, radares de trânsito, Ruas da Cidadania, parques, praças e cemitérios da cidade.

Segundo a Secretaria de Defesa Civil de Curitiba, no momento nenhuma cidade da região metropolitana compartilha imagens com a Muralha Digital de Curitiba. O sistema funciona desde janeiro de 2021 e conta com 1.232 câmeras instaladas, que permitem o videomonitoramento pela cidade coibindo atos de vandalismo, depredações, furtos, roubos e outras formas de violência.

Entre as sugestões expostas no evento está levar a experiência dessas muralhas a mais municípios e incentivar o compartilhamento das imagens por eles.

Além da capital, a cidade de Quatro Barras, no começo do ano, também informou que implanta seu sistema de monitoramento com 19 câmeras apontadas nas entradas e saídas da cidade. Pinhais também está em processo de licitação deste sistema e deve ter, até o fim do ano, essa tecnologia à disposição.

No município, hoje, há 48 câmeras instaladas em pontos estratégicos e que são acompanhadas pela Central de Monitoramento gerida pela Guarda Municipal em conjunto com a Polícia Militar de Pinhais. Há também câmeras em prédios públicos.

Segundo o secretário de segurança e trânsito de Pinhais, Anderson Mendes de Araújo, a efetividade do sistema é comprovada pelas ações de apreensões, recuperação de veículos, entre outras ocorrências atendidas e solucionadas com mais agilidade. “Porém, por ainda não ter a Muralha Digital implementada, as imagens não são espelhadas, mas as imagens e dados do nosso banco são usadas e enviadas quando solicitadas, seja pela capital, seja pelo estado”, diz ele, citando que Pinhais já participa do Consórcio Intermunicipal de Segurança Pública.

Sobre a ideia de se criar um comando único e online, Mendes de Araújo afirma que a proposta de trabalhar de forma integrada é vantajosa para todas as partes, pois o crime é migratório. “Um carro pode ser furtado em Curitiba e vir para Pinhais ou vice-versa. Compartilhar e integrar dados permite que os municípios tenham acesso às imagens e outras informações de forma simultânea, como de veículos furtados ou irregularidades e procurados”, diz.

Segundo o secretário, a integração efetiva dos sistemas para compartilhamento de imagens e dados se dará apenas com a implementação da Muralha Digital em Pinhais.

Centralizar para combater

O monitoramento das cidades é ferramenta importantíssima para conter as ações do chamado “novo cangaço”, segundo Wagner Mesquita, porque “um sistema integrado de câmeras em diversos municípios facilitaria a identificação das pessoas e possíveis veículos utilizados na ação, além de orientar a ação policial, favorecendo uma intervenção imediata”, explica ele.

Porém, tão importante quanto ter esses sistemas com alto nível de inteligência artificial, diz ele, é preciso que eles estejam conectados a outros sistemas e centros operacionais, pois que, no caso de eventualidades locais, o município vizinho poderá dar apoio na ação de segurança.

Projeto do estado

Mesquita afirma que municípios menores, agrupados em associações, serão incentivados pela secretaria a criarem seus sistemas locais, desde que estejam integrados ao projeto Olho Vivo do governo estadual, que está em fase final de estruturação e será implantado no segundo semestre. “A partir disso, monitoramento de câmera, leituras de placas, reconhecimento facial e outras fontes de dados poderão ser comparados no Paraná todo”, diz. Ele afirma que já existem cerca de três mil câmeras ligadas ao Centro de Comando e Controle do Paraná, sejam próprias do estado, sejam provenientes de convênios com os municípios e de parcerias com outras redes federais. Também já há centrais regionais que integram bancos de dados e sistemas de segurança federal, estadual e municipal e que devem ser ampliadas.

Segundo a Sesp, os dois grandes pilares do projeto Olho Vivo são a integração de dados/imagens, reconhecimento facial e tudo mais que pode ser trabalhado por meio de inteligência artificial (trabalho desenvolvido com a Celepar) e a conexão de câmeras através de subsistemas de prefeituras, governo do estado, governo federal e sociedade civil organizada. Até julho do ano passado, as guardas municipais de mais de 30 municípios paranaenses já haviam assinado um Termo de Cooperação Técnica com a Sesp, promovendo o intercâmbio de imagens e informações, o que deve agilizar o trabalho de policiamento nas regiões.

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