Dois caminhões carregados com 39 bovinos sem registro de procedência foram apreendidos nesta segunda-feira (25) no município de Santo Antônio do Sudoeste, região Sudoeste do Paraná, na fronteira entre a Argentina e o Brasil. A carga, que entraria ilegalmente em território paranaense, foi apreendida em abordagem da Polícia Militar e encaminhada à Receita Federal. Os animais foram abatidos e a carne descartada. Três homens foram presos na operação. O contrabando de gado na fronteira representa um risco sanitário para a pecuária paranaense.
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Além de ameaça à saúde pública, pode comprometer a exportação de carne do Paraná. Isso porque em maio de 2021, o estado foi reconhecido pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação, o que garantiu a abertura do mercado internacional para as carnes produzidas no Paraná. Para manter este status sanitário, porém, não é permitida a entrada em território paranaense de animais vindos de regiões que também não sejam declaradas áreas livres sem vacinação.
“Apenas uma pequena região da Argentina, bem ao Sul, na Patagônia, tem o mesmo certificado que o Paraná, mas o restante do país ainda não atingiu esse status sanitário e ainda tem que vacinar o rebanho”, explica Rafael Gonçalves Dias, gerente de Sanidade Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Segundo ele, desde que o Paraná conquistou o reconhecimento internacional, a fiscalização na fronteira vem sendo intensificada. “No ano passado foram três apreensões e esse ano ainda não havia sido registrada nenhuma até o momento”, informa.
Dias observa que, como os animais não tinham registro de procedência, não se pode afirmar que vinham da Argentina. “Podiam estar vindo de qualquer outro país da América do Sul”, diz. Ele explica que na importação legal os animais são testados para várias doenças e ainda permanecem em quarentena quando entram no país, antes de serem incorporados ao rebanho nacional.
O técnico orienta a todos os pecuaristas paranaenses e donos de frigoríficos com unidade no Paraná para que não comprem animais sem registro de procedência. “É um risco. Não se trata apenas de febre aftosa, mas de qualquer outra doença que atinge esses animais, como brucelose, tuberculose, raiva entre outras, algumas delas, inclusive podem ser transmitida aos humanos”, alerta.
Ocepar orienta pecuaristas para cadastro dos rebanhos
A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) alerta os pecuaristas para que cadastrem seus rebanhos. O cadastramento é feito junto à Secretaria Estadual da Agricultura. “Com os animais cadastrados, acaba a informalidade e acabam-se os riscos”, pontua José Roberto Ricken, presidente da Ocepar. “Com informalidade zero, não tem como entrar animal de forma clandestina no estado”, observa. Segundo ele, a grande maioria dos pecuaristas paranaenses já cadastrou o seu rebanho. "Mas quem por algum motivo não tenha feito o cadastro, que faça isso logo”, recomenda. O presidente da Ocepar lembra que décadas atrás a informalidade no setor era muito grande e isso prejudicava o controle sanitário.
“Temos que defender de todas as formas o status sanitário que conquistamos a duras penas. Isso é vital", reforça o representante do setor cooperativista paranaense. Ricken destaca a pronta atuação das polícias militar e federal, da Adapar e do Ministério da Agricultura na fronteira. “Estamos tranquilos, estamos acompanhando esse assunto de perto porque nos diz respeito e sabemos que as autoridades agiram de forma rápida e eficiente”, destaca.
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