De um lado, pequenos geradores independentes de energia elétrica com produção suficiente para ofertar a outros consumidores. De outro, um sistema elétrico que demanda novas soluções para garantir segurança à população. Por que, então, não unir essas duas pontas, integrando oferta e demanda disponíveis? Foi o que fez a Copel em novembro, quando lançou um projeto piloto inédito no Brasil para contratação de energia proveniente de autogeradores.
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A iniciativa é direcionada a produtores independentes de pequeno e médio porte que geram de 1 a 30 megawatts (MW), potência capaz de atender até 100 mil consumidores. Entre esses produtores estão pequenas centrais hidrelétricas e produtores de energia a partir de materiais como cavaco de madeira, cana de açúcar e biogás com dejetos de suínos. Eles poderão vender a energia gerada para a Copel e, com isso, abastecer grupos de consumidores próximos. A previsão da companhia é contratar até 50 MW médios de energia nessa modalidade, equivalente a 438 mil MWh/ano.
“Queremos garantir que esses geradores tenham acesso à distribuição e mantenham seus processos quando houver algum tipo de problema na rede. Essa é uma ferramenta decisiva para melhorar a qualidade no fornecimento de energia da Copel”, afirmou Júlio Omori, superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da companhia, durante o lançamento do programa. “Essas microrredes criam pequenas ilhas constituídas por oásis de conexões perfeitas. Na geração distribuída são dois mil pedidos por mês na Copel, em média. Queremos, agora, utilizar essa energia e esse potencial”.
Pequenas hidrelétricas estão entre os alvos do programa
Entre os empreendimentos que podem integrar o programa estão Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). As CGHs são empreendimentos que geram até 5 MW de energia, enquanto as PCHs têm entre 5 e 30 MW de potência. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), existem no Paraná 69 centrais e 56 pequenas hidrelétricas com autorização para funcionamento.
Presidente do Conselho Executivo da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), Pedro Dias acredita que o projeto é importante por abrir o mercado e dar oportunidade aos pequenos produtores. “É muito bom para o setor e também para a população. A nossa rede de distribuição tem muitas perdas e, quanto mais próxima a geração, menores essas perdas. É uma iniciativa que vai garantir maior segurança energética aos consumidores”, avalia.
De acordo com a Copel, o programa servirá justamente para auxiliar a empresa em casos de contingência. Diante de um eventual problema na linha, a companhia poderá isolar o sistema e manter boa parte dos consumidores do local abastecidos enquanto repara o ponto danificado. “É também uma mudança na política energética, muito concentrada em Brasília. Essa descentralização é fundamental para melhorar a segurança do sistema”, acrescenta Dias.
Produtores deverão garantir energia ininterrupta por até cinco horas
A chamada pública para o programa foi aberta em 18 de novembro e segue até o dia 16 de fevereiro. O custo máximo de venda estabelecido pela Copel é de R$ 311/MWh. Os proponentes terão de dar garantias de sustento da sua microrrede e controle sobre a potência por, pelo menos, cinco horas ininterruptas. Esse critério foi estabelecido com base no tempo médio de atendimento da Copel na troca de um poste, por exemplo. A companhia ficará responsável pelo controle e segurança da operação.
“Na prática, o programa terá repercussão direta na qualidade do serviço prestado pela Copel por causa da redução das perdas e otimização do sistema (controle de tensão e perdas), sinergia com os outros projetos do braço de Distribuição, integração com a central de controle e viabilidade de mais negócios de geração distribuída porque o preço de venda será competitivo”, diz a Copel. A empresa informou que ainda não tem uma estimativa do número de interessados em aderir ao programa.
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