Há um ano entrou em vigor a lei estadual que proíbe o corte do fornecimento de água e energia elétrica de famílias de baixa renda e pequenos negócios no Paraná, mesmo nos casos de inadimplência. Desde então, cerca de 223,5 mil clientes da Copel têm deixado de pagar as contas de luz em dia, o que gerou um acumulado de R$ 69 milhões em boletos a receber. Embora a companhia trate o valor em aberto como “significativo”, para analistas de mercado a situação da Copel é tida como controlada, já que a companhia tem reportado um lucro líquido de quase R$ 4,2 bilhões dentro deste período. O lucro é, portanto, 60 vezes maior do que o passivo das contas de luz não pagas.
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O balanço financeiro do primeiro trimestre da Copel, divulgado na última quarta-feira (5), mostra resultados bastante expressivos quando comparados com o mesmo período de 2020. Nos primeiros três meses deste ano a empresa registrou R$ 795 milhões de lucro líquido, um valor 55% maior do que o apurado no primeiro trimestre do ano passado, que foi de cerca de R$ 510 milhões.
Na avaliação do analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, os bons resultados da Copel devem ser bem recebidos pelo mercado. “Ainda que as quedas nos segmentos comercial e industrial sigam impedindo o avanço dos volumes perante o mercado cativo e, por conseguinte, melhores resultados em distribuição, a evolução do mercado livre, a maior geração de energia térmica e os avanços tarifários em transmissão fizeram a companhia reportar receitas, resultados operacionais e lucro líquido superiores à nossas expectativas”, avaliou.
Em nota encaminhada à Gazeta do Povo, a Copel informou que “em função da pandemia” a empresa “se baseou em quatro pilares para enfrentar o novo momento: proteger seus empregados, manter sua operação, acompanhar as questões regulatórias e manter o equilíbrio econômico-financeiro”. A companhia estima que um em cada três consumidores de energia elétrica pode ser beneficiado pela lei estadual, um total de 1,8 milhão de ligações. O número de devedores, porém, é apenas uma fração deste total - 223.567 inadimplentes.
Analista considera nível de inadimplência na Copel "sob controle"
Para o analista Ilan Arbetman, o impacto da dívida dos inadimplentes beneficiados pela lei estadual nas contas da Copel está sendo contornado pela empresa. “Apesar da impossibilidade de corte, a companhia retomou ações de cobrança e criou condições especiais de parcelamento, mitigando os impactos da inadimplência. Reforçamos ainda que os números preliminares da revisão periódica da companhia vieram em linha com nossas expectativas, evidenciando a situação de relativo controle que concerne às perdas e ao nível de inadimplência”, explicou.
A Copel confirmou à Gazeta do Povo que vem tomando medidas para evitar que esse débito cresça. Segundo a companhia, a impossibilidade do corte não significa o perdão da dívida. Entre as condições especiais de parcelamento das faturas vencidas está a possibilidade de dar uma entrada de 10% da dívida, com o restante dividido em 24 vezes. A taxa de juros cobrada pela Copel nessas negociações é de 0,5%, e a companhia ainda oferece uma carência de 90 dias para o pagamento da primeira parcela.
Para aderir às condições do parcelamento, que inicialmente valem para o primeiro semestre de 2021, o consumidor pode buscar atendimento presencial nas agências da Copel ou pelo telefone 0800-5100116. Pela internet é possível conferir o valor em aberto.
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