O futuro da Copel está delineado para os próximos cinco anos. Mesmo tendo atuação em 10 estados, o foco dos investimentos será o Paraná. Pelo menos R$ 3,27 bilhão serão destinados para melhorias na geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, segundo o presidente da empresa, Daniel Pimentel Slaviero.
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Três programas estão entre as apostas da empresa. O maior deles é o Paraná Trifásico, que prevê a aplicação de R$ 2,1 bilhão até 2025. A intenção é substituir toda a espinha dorsal da rede de distribuição no meio rural e assim garantir energia de mais qualidade e com maior segurança, interligando as redes.
Outra iniciativa de modernização do setor elétrico é o programa Rede Elétrica Inteligente, que terá um aporte de R$ 820 milhões. Nessa frente, haverá substituição de medidores analógicos por digitais que se comunicam com o Centro Integrado de Operação da Distribuição da Copel, facilitando o controle da cadeia, da subestação até o consumidor final. Deve abranger 4,5 milhões de unidades consumidoras.
“Isto permitirá um acompanhamento em tempo real do consumo e prestar um melhor serviço aos clientes”, diz Slaviero.
As equipes contratadas começam a trabalhar em janeiro na instalação dos medidores. O objetivo é atingir 1,5 milhão de paranaenses com a nova tecnologia em um prazo de 3 anos. A instalação começa em janeiro pelo Centro-Sul, Sudoeste e Oeste do Paraná. Atualmente, são 14 mil consumidores beneficiados com a tecnologia, em um projeto piloto implantado em Ipiranga.
“O investimento em novas tecnologias é fundamental para a melhoria da performance das empresas do setor elétrico”, diz Cláudio Gonçalves, sócio da consultoria internacional Kearney.
O especialista aponta que a implementação de tecnologias de análises avançadas, digitalização e gestão de produtividade de equipes representam excelentes oportunidades para as empresas criarem valor ao negócio. “Há muito o que avançar neste segmento.”
Outro projeto lançado no mês passado e que está entre as apostas da Copel se chama Microrredes. A intenção é investir na compra de 50 MW médios de energia – equivalente a 438 mil MWh/ano – de produtores de pequeno e médio porte, de energia gerada por pequenas centrais hidrelétricas, via biomassa ou dejetos de suínos, por exemplo. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já autorizou o investimento de R$ 350 milhões.
Impactos da Covid
A Covid 19 obrigou a Copel a investir em um plano de contingência baseado em quatro pilares: a segurança do colaborador, a manutenção das operações, as mudanças no ambiente regulatório e a melhor gestão do caixa.
Segundo Slaviero, 70% dos funcionários permanecem em home office e não há previsão de que esta situação seja revertida no curto prazo; os trabalhadores que não foram incluídos nessa modalidade de trabalho estão sendo testados regularmente e mudanças estruturais impediram um maior reajuste da conta de luz para o consumidor.
Uma preocupação maior entre os executivos do setor elétrico está relacionada à inadimplência, afirma Gonçalves, da Kearney. “Em 2020, com o advento da pandemia do coronavírus, essa situação deve se agravar substancialmente, e será necessária uma grande atenção dos executivos nesse item.”
Analistas apontam que, apesar do cenário de maior estresse para o setor elétrico, a Copel está em um patamar melhor do que outras concessionárias. “Não tem havido perdas significativas pelo fato de a empresa estar em um mercado mais resiliente”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
“Os piores momentos foram em abril e maio”, aponta o executivo da Copel. Mas, segundo ele, as condições de repactuação das dívidas fizeram com que não houvesse riscos adicionais à empresa.
Copel tem bons números para mostrar
A Copel tem bons números para mostrar, apontam analistas ouvidos pela Gazeta do Povo. Nos nove primeiros meses do ano, a receita da empresa foi de R$ 12,98 bilhões, 12,4% a mais do que no mesmo período de 2019. E o lucro atingiu R$ 2,75 bilhões, um crescimento de 81%.
No terceiro trimestre, a empresa teve uma receita de R$ 4,33 bilhões, 3,6% a mais do que nos mesmos meses do ano passado. Mas o lucro líquido teve uma queda de 2,1%, para R$ 668 milhões.
A empresa atribui o crescimento da receita ao maior volume de energia comercializada no mercado livre e no maior volume de vendas de contratos regulados pela divisão de geração. “Isto compensou o mercado cativo, que está mais fraco”, diz Arbetman.
Os resultados, segundo Gabriel Francisco, analista de energia da XP Investimentos, também refletem um esforço muito grande na melhoria da estrutura de custos e superam, inclusive, os estabelecidos no modelo tarifário da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Ele vê espaço para mais ganhos de eficiência por meio da redução de custos. Na área de distribuição, os custos de pessoal, materiais e serviços estão 23% acima do setor, segundo levantamento da XP.
A empresa encerrou no dia 15, a segunda fase do programa de demissão incentivada voltada para profissionais aposentados ou em processo de aposentadoria que tenham, no mínimo 25 anos de Copel e 55 anos de idade. A expectativa é de uma economia de até R$ 63,5 milhões em 2021.
Outro aspecto favorável para a Copel é a redução do endividamento com a venda da Copel Telecom para o fundo de investimentos Bordeaux por R$ 2,395 bilhão.
Esta perspectiva deve ser reforçada com a conclusão de empreendimentos na área de geração de energia, como as usinas Colíder e Baixo Iguaçu e o complexo eólico Bento Miguel.
A venda da subsidiária também abre espaço para novos investimentos, apontam os analistas. “Uma boa oportunidade está na área de energias renováveis, na qual a Copel ainda não tem uma presença grande”, afirma Arbetman, da Ativa Investimentos.
Concessão de Foz do Areia
Outro desafio é conseguir a extensão da concessão da hidrelétrica de Foz do Areia, uma das principais fontes de geração da Copel. A atual vence em setembro de 2023, mas para conseguir prorrogá-la por mais 30 anos é preciso vender a maioria das ações para um agente privado até março de 2022.
“É uma questão sobre a qual está batido o martelo. Foz do Areia é um importante ativo para a Copel”, diz Slaviero. A companhia paranaense quer evitar o que ocorreu com outra empresa de energia elétrica que viu o prazo das concessões vencer e foi obrigada a colocar usinas em leilão em que saiu derrotada.
Segundo o presidente da Copel, a intenção é realizar a venda do controle da hidrelétrica até o final do próximo ano.
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