Eficiência energética. Duas palavras que podem significar muito quando a temida conta de luz chega ao consumidor. Tecnicamente, o conceito define a relação positiva entre a quantidade de energia empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização. Na prática, nada mais é do que o uso racional desse recurso, como quando você troca uma lâmpada por outra que consome menos eletricidade e garante melhor iluminação. Se na nossa casa medidas como essa fazem a diferença, que dirá em locais de grande consumo de energia elétrica, como empresas, órgãos públicos, indústrias e condomínios.
Justamente por isso, nos últimos anos vem crescendo no Paraná o número de projetos destinados a aumentar a eficiência energética. Substituição de lâmpadas, implantação de motores de alto rendimento, painéis solares, reaproveitamento de gases de escape e novos sistemas de climatização são algumas das soluções capazes de garantir melhor aproveitamento de energia a custos menores.
Desde 2005 a Copel mantém o Programa de Eficiência Energética, que financia projetos com essa finalidade, amparado em regras estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A seleção mais recente foi divulgada no início de abril, contemplando um total de 42 clientes residenciais, industriais, comerciais e instituições públicas com recursos de quase R$ 40 milhões. O próximo edital para inscrição de propostas será lançado em agosto, com previsão de R$ 50 milhões em financiamentos.
Uma situação bem diferente do que se via até 2014, quando a quantidade de propostas não alcançava o volume de recursos disponibilizados. “De 2015 em diante a situação se inverteu, com cada vez mais projetos sendo apresentados”, destaca o gerente do Departamento de Gestão e Inovação da Copel, Gustavo Klinguelfus. Para o poder público, os investimentos podem ser a fundo perdido – em que o beneficiado não devolve os recursos. Os demais beneficiados devolvem o valor financiado de forma gradativa e sem juros.
Para que os projetos sejam aprovados, no entanto, eles devem cumprir uma série de requisitos: o principal deles é provar o custo-benefício. “Essa relação é mensurada através da economia de energia e da redução de demanda em horário de ponta. E a economia proporcionada ao longo da vida útil dos projetos deve ser superior ao seu custo”, explica Klinguelfus. Ações educativas também são obrigatórias. “Não basta substituir as fontes de energia. É preciso criar uma cultura de eficiência energética. Não faz sentido ficar alimentando o desperdício.”
Troca de lâmpadas
Neste ano, o projeto que obteve a maior pontuação e receberá o maior aporte de recursos foi apresentado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Com investimento de R$ 5,2 milhões, o tribunal irá trocar a iluminação de 105 edifícios do Judiciário pelo estado, substituindo 90 mil lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de led. “Nossa expectativa com isso é gerar uma economia de R$ 1,8 milhão ao ano com iluminação”, diz o diretor do Departamento de Engenharia e Arquitetura do TJ, Alexandre Arns Steiner.
De acordo com ele, as lâmpadas de led apresentam uma série de vantagens em relação às que são usadas atualmente. “Uma lâmpada fluorescente tem vida útil de um ano e meio, enquanto a de led dura seis anos. Isso gera economia com a futura aquisição de novas lâmpadas e com a manutenção do sistema”, observa. Além disso, as novas lâmpadas têm luminosidade mais alta, não propagam raios ultravioleta e não geram calor, o que garante maior eficiência também nos sistemas de ar condicionado. O prazo para execução do projeto é de 12 meses.
Para elaboração do projeto, uma empresa especializada foi contratada e foi necessária a organização de um banco de dados sobre todas as edificações mantidas pelo TJ. Algumas não foram contempladas por já contarem com lâmpadas de led, não serem de propriedade do Judiciário ou apresentarem problemas com a documentação. “Isso não impede que, nesses locais, façamos a substituição das lâmpadas com recursos próprios”, conclui Steiner.
Outro projeto de iluminação contemplado foi o da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que prevê a remoção de 8 mil reatores e substituição de 18 mil lâmpadas fluorescentes por outras de led. “Além da melhora significativa na qualidade da iluminação dos ambientes, a gestão das luminárias e lâmpadas será facilitada, pois, a partir de agora a universidade terá um cadastro mais claro e uniforme das datas de instalação das mesmas”, diz a diretora de planejamento físico da Pró-Reitoria de Planejamento, Nisiane Madalozzo. Serão investidos R$ 416,5 mil nas melhorias.
Painéis fotovoltaicos
Dentre os 42 projetos aprovados para o Programa de Eficiência Energética neste ano estão oito residenciais, que serão implantados em condomínios de Curitiba. Eles seguem os passos do Condomínio Parque Arvoredo, no bairro do Xaxim, contemplado pelo programa em 2016. Com um investimento de R$ 651 mil, o condomínio implantou painéis solares fotovoltaicos e melhorou o sistema de iluminação nas dependências do residencial.
A síndica do condomínio, Adriana Santos, conta que a ideia surgiu da busca por formas de economizar e tornar mais sustentável o uso da energia elétrica. No início do ano, começaram a operar os 243 painéis, instalados em nove das 11 torres do condomínio. Com capacidade total de 81 kWp, o sistema deve gerar 104,87 MWh/ano, proporcionando uma economia anual superior a R$ 85 mil. “Nesse porte de geração de energia, é o primeiro condomínio do Paraná a implantar esse sistema”, destaca Adriana.
Juntamente com a implantação dos painéis, foi feita a modernização de 665 pontos de iluminação do condomínio, com a troca de lâmpadas convencionais por lâmpadas de led. “Eram lâmpadas incandescentes, que consomem muito e geram pouca iluminação”, explica Márcio França, técnico responsável pela instalação dos painéis e da nova iluminação. O resultado já foi sentido pelos moradores.
“A iluminação melhorou sensivelmente. Os moradores, que eram bem críticos, passaram a elogiar”, comemora Adriana. Como parte do projeto, o condomínio, que tem 750 unidades e cerca de 3 mil moradores, promove reuniões, cursos e palestras. “Conscientizamos os moradores sobre o uso de produtos eletroeletrônicos das residências, como evitar o desperdício e aproveitar os melhores horários”, conclui a síndica.
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