Copel alega que empresas mais bem colocadas no ranking ficaram mais tempo com interrupção no fornecimento de energia elétrica a seus consumidores em 2023.| Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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No ano em que foi privatizada, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) registrou uma queda de três posições no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que mede o desempenho das distribuidoras no fornecimento de energia elétrica. A empresa ficou na 25ª posição entre as 29 distribuidoras analisadas pela agência em 2023 – em 2022, a Copel foi a 22ª. A queda é ainda maior quando comparada com os dados de 2021, quando a empresa foi a 10ª no ranking. Para a Copel, o ranking da Aneel está “distorcido”.

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A classificação das distribuidoras feita pela agência leva em conta os períodos em que os consumidores ficaram sem energia elétrica durante o ano e as metas de interrupções de fornecimento toleradas pela Aneel. “O ranking é um instrumento que incentiva as concessionárias a buscarem a melhoria contínua da qualidade do serviço”, informa a agência.

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Para chegar ao Desempenho Global de Continuidade (DGC), item avaliado no ranking, a Aneel faz um cálculo englobando a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), que é o tempo que uma unidade consumidora ficou sem energia, e a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), que é a quantidade de vezes que a interrupção aconteceu durante o período observado.

O DEC médio nacional, segundo as medições da agência, foi de 10,43 horas em 2023. O FEC apurado pela Aneel no período foi de 5,24. Na prática, os brasileiros passaram por pouco mais de cinco blecautes durante o ano passado, cada um deles com aproximadamente duas horas de duração, em média.

Melhores e piores, segundo o ranking da Aneel

A Companhia Jaguari de Energia (CPFL Santa Cruz), de São Paulo, teve a melhor avaliação entre as distribuidoras de grande porte, que atendem mais de 400 mil unidades consumidoras. De acordo com o ranking da Aneel, a distribuidora que mais evoluiu em 2023 foi a RGE (RS), com um avanço de 10 posições em relação a 2022, seguida por Equatorial MA (MA), que subiu 6 posições, e três distribuidoras com melhora de 5 posições: ESS (SP), CPFL Piratininga (SP) e Enel-CE (CE).

As últimas colocadas foram a Neoenergia Brasília (DF), CEEE (RS) e Equatorial GO (GO). A concessionária que mais regrediu no ranking foi a Celpe (PE), que caiu 4 posições, seguida por Cemig (MG), Copel (PR), Celesc (SC), ESE (SE), EMS (MS), CPFL Paulista (SP) e EMR (MG), todas com recuo de 3 posições em comparação a 2022.

Os índices, de acordo com a Aneel, melhoraram em relação aos anos anteriores. Em 2022, o tempo total sem energia apurado foi de 10 horas e 56 minutos por unidade consumidora, divididas em 5,37 blecautes durante o ano. Em 2021 foram 11 horas e 46 minutos sem energia, divididas em um blecaute a cada dois meses, em média.

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| Foto: Aneel

Confira o ranking da Aneel de desempenho no fornecimento de energia de concessionárias de grande porte:

• 1º CPFL Santa Cruz
• 2º Equatorial Pará
• 3º Cosern / Energisa Sul-Sudeste
• 5º Energisa Tocantins / EDP Espírito Santo / Energisa Paraíba
• 8º Energisa Minas Rio
• 9º CPFL Piratininga / RGE
• 11º Energisa Mato Grosso
• 12º EDP SP
• 13º CPFL Paulista / Energisa Mato Grosso do Sul
• 15º Energisa Sergipe / Coelba
• 17º Light
• 18º Celpe / Elektro / Enel CE
• 21º Enel SP / Enel RJ / Equatorial MA
• 24º Celesc
• 25º Copel
• 26º Cemig
• 27º Neoenergia Brasília
• 28º CEEE Equatorial
• 29º Equatorial Goiás

Para Copel, dados da Aneel contestam o ranking da própria agência

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Copel avaliou, em nota, que os dados da própria Aneel contestam o ranking de desempenho das distribuidoras. Para a empresa, há uma distorção nos dados, porque a agência “não elenca as distribuidoras pelo tempo médio sem energia durante o período observado, o chamado DEC”.

Ainda segundo a nota, o ranking é uma comparação entre as metas estabelecidas para cada distribuidora e o desempenho alcançado pelas empresas durante o período apurado. As metas, reforça a Copel, são diferentes para cada distribuidora. “Ou seja, as metas não são as mesmas para todas as distribuidoras de energia, o que torna a comparação entre elas um exercício assimétrico”, justifica a empresa paranaense.

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Distribuidoras melhores colocadas no ranking da Aneel tiveram mais tempo de blecautes, alega Copel

Em 2023, segundo dados da Aneel, a Copel alcançou um DEC de 7,85. Foram 7 horas e 51 minutos de interrupção no fornecimento de energia elétrica da companhia para as unidades consumidoras. Porém, alega a empresa, 13 distribuidoras colocadas à frente da Copel nesse ranking da Aneel tiveram desempenho inferior ao da própria empresa paranaense por terem um DEC superior.

Entre as empresas citadas pela Copel, a Equatorial Pará, Energisa Mato Grosso e Energisa Tocantins têm mais de 16 horas de interrupção. A Equatorial Maranhão tem um índice de mais de 14 horas sem fornecimento de energia. Celpe e Energisa Paraíba têm um DEC de cerca de 11 horas. Já a Enel-CE, Energisa-MS e Enel-RJ registraram 9 horas ou mais de blecautes. RGE, Celesc e Energisa Minas-Rio somaram mais de 8 horas sem energia elétrica.

A discrepância entre os dados da Aneel se repete nos anos anteriores, aponta a Copel. Em 2022, a empresa ficou em 12º lugar em relação ao tempo médio de interrupção no fornecimento de energia elétrica. Nesse ano, seis distribuidoras mais bem colocadas no ranking geral ficaram abaixo da Copel em relação ao DEC. Em um dos casos, a ETO foi a 2ª colocada no ranking geral, mas fechou o ano com mais de 16 horas e meia de blecautes, na 24ª colocação.

Situação semelhante ocorreu em 2021, quando a Copel foi a 9ª no ranking de DEC da Aneel. Naquele ano, foram 11 as distribuidoras à frente da empresa paranaense no ranking de desempenho, mas com mais tempo de blecaute no total. A Equatorial Pará, por exemplo, foi a 4ª colocada no ranking geral, mas foi a 28ª quando a avaliação levava em conta o tempo médio sem energia elétrica, deixando seus consumidores por mais de 22 horas sem luz durante o ano.

“Dessa forma, o ranking da Aneel induz a uma percepção equivocada da realidade no setor elétrico brasileiro, ao colocar à frente [da Copel] empresas que têm pior desempenho no critério mais importante para o cliente, que é o da oferta continuada de energia”, conclui a nota.

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Mesmo com critério escolhido pela Copel, empresa caiu frente a outras distribuidoras

Levando-se em conta o critério apontado pela assessoria de imprensa da Copel, a companhia continua perdendo posições frente à Aneel nos últimos três anos. Em 202, a empresa apresentou um DEC de 7,22. Com um tempo médio de 7 horas e 13 minutos sem energia por unidade consumidora, a distribuidora era a 9ª em relação a esse quesito nos balanços da agência.

Em 2022, esse tempo subiu para 7 horas e 58 minutos, o suficiente para empurrar a Copel para fora das 10 melhores distribuidoras. A 12ª posição na lista da Aneel se manteve em 2023, mesmo com a redução do DEC para 7 horas e 51 minutos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]