Na tentativa de evitar riscos à saúde dos leituristas por conta do coronavírus, o sindicato da categoria pediu à Companhia Paranaense de Energia (Copel) que os serviços de leitura de consumo de energia elétrica fossem interrompidos no Paraná. A empresa não atendeu a solicitação.
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Seguindo orientações do Ministério da Saúde para que a população evite contato com outras pessoas devido à Covid-19, o Sineepres - Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão-de-Obra, Trabalho Temporário, Leitura de Medidores e de Entrega de Avisos no Estado do Paraná – entregou um ofício à Copel, no último dia 20 de março, solicitando que os trabalhadores interrompessem o trabalho.
“Considerando que a leitura de medidores e da entrega de avisos da Copel é uma atividade externa e com contato direto com a população; solicitamos que a Copel suspenda imediatamente os serviços de leitura de medidores de energia elétrica evitando riscos à saúde dos empregados”, diz trecho o documento.
Entretanto, a Copel entende não haver risco de contaminação pelo coronavírus por parte de seus trabalhadores. Em nota enviada à reportagem pelo departamento de comunicação, a companhia explicou que não há motivos plausíveis para que os leituristas interrompam seus trabalhos. “A Copel mantém a leitura dos medidores de luz das unidades consumidoras neste período. Os leituristas fazem este trabalho ao ar livre e não têm contato com os clientes, portanto têm baixo risco de contágio", diz a empresa, em trecho de sua manifestação.
O presidente da associação, Paulo César Rossi, lembra que caso houvesse paralisação no trabalho dos leituristas conforme o esperado pela categoria, as faturas poderiam ser feitas a partir do cálculo da média de gastos do consumidor. A Resolução Normativa nº 414, Artigo 111, da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirma que “caso a distribuidora não possa efetuar a leitura por motivo de situação de emergência ou de calamidade pública, decretadas por órgão competente, ou motivo de força maior [...], o faturamento deve ser efetuado utilizando-se a média aritmética dos valores faturados nos 12 (doze) últimos ciclos de faturamento”.
Rossi disse que outras empresas do setor já aderiram à paralisação e que aguarda a Copel se manifestar sobre a situação. "Estamos tentando o diálogo, mas eles não definem a situação", afirmou.
Medo
Leiturista da Copel há mais de cinco anos, um profissional que preferiu não se identificar, esclareceu que o trabalho ao qual são submetidos oferece muito risco à saúde. Além disso, relata que eles mesmos podem ser possíveis agentes de propagação do coronavírus. “É um trabalho insalubre. Entramos dentro de prédios com muitos moradores, temos que passar por elevadores e corredores, por muitas vezes temos que ir até em banheiros e cozinhas de estabelecimentos comerciais sem nenhuma higiene. Também atendemos a muitas casas antigas em que moram idosos e temos que entrar para efetuar a medição. E se transmitirmos para eles?”, relatou.
O trabalhador diz que os leituristas contratados fazem cerca de 10 mil leituras por mês, enquanto os terceirizados (que ganham comissão) chegam a fazer 25 mil ao mês. Para ele, o número é uma prova do quanto o contato que eles fazem com o público é grande. A Copel conta com cerca de 200 leituristas contratados e 650 terceirizados, números referentes a todo o Paraná.
O leiturista também afirma que a empresa não está oferecendo suporte de forma adequada para prevenção à Covid-19. “Disponibilizaram álcool em gel para nós somente na quinta- feira (19) passada. Na segunda-feira ( 23), já não tinha mais e pediram para mesmo assim irmos a campo e só entregaram ao longo do dia. Nem todos os lugares que vamos oferecem pia para lavarmos as mãos. Estamos em risco”, afirmou.
O que diz a Copel
Procurada pela reportagem, a Copel se posicionou por mensagens em relação ao pedido feito pelo sindicato e às reclamações do funcionário. Confira na íntegra:
Manutenção do trabalho dos leituristas
A Copel mantém a leitura dos medidores de luz das unidades consumidoras neste período. Os leituristas fazem este trabalho ao ar livre e não têm contato com os clientes, portanto têm baixo risco de contágio. A fatura é impressa e entregue por eles no momento da leitura. Desta forma, o consumidor recebe sua fatura com o valor correspondente ao seu gasto e não pela média. A manutenção deste procedimento evita transtornos aos clientes, como a necessidade de busca da fatura por outros canais.
Reclamações sobre proteção ao coronavírus
A Copel informa que os leituristas da empresa estão recebendo álcool em gel desde o início da semana passada para usar durante a realização do trabalho. Os leituristas foram orientados a não entrar em locais insalubres ou que gerem contato com outras pessoas. A Companhia criou, inclusive, um código novo para que o profissional digite na máquina quando não pode entrar na unidade consumidora por estes motivos. Estes clientes, então, são faturados pela média de consumo.
Questionada, então, se iria atender ao pedido do sindicato dos leituristas (Sineepres), que solicita a interrupção das medições, a resposta foi: A Copel não vai se pronunciar sobre este assunto.
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