Instalação de medidores digitais de energia é uma das ações que a Copel usará parte dos aportes bilionários que recebeu nos últimos meses.| Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro / Copel
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Dinheiro não anda faltando no caixa da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). Além do lucro líquido recorde de R$ 3,9 bilhões em 2020, que possibilitou o pagamento de participação em lucros e resultados de R$ 60 mil a cada funcionário, a empresa teve de julho para cá três aportes bilionários que vão compor o orçamento geral de investimentos na rede elétrica do estado.

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As três negociações que engordaram o caixa da Copel são a conclusão da venda da Copel Telecom em agosto no valor de R$ 2,395 bilhões; a liquidação de uma dívida do governo do estado com a companhia na década de 1990 de R$ 1,4 bilhão em julho; e a captação de recursos no mercado no valor de R$ 1,5 bilhão em setembro [ver mais detalhes abaixo].

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Juntos, os três aportes permitiram a injeção de R$ 5,29 bilhões ao caixa da Copel. O montante é pouco menor do que todo o valor a ser aplicado na rede de energia elétrica do estado em três anos. A companhia calcula investir R$ 5,9 bilhões no sistema de energia do Paraná entre 2019 e 2021.

"Somente em 2021, a Copel está executando um orçamento de investimentos de R$ 1,9 bilhão. Desse total, R$ 1,217 bilhão está sendo aplicado no segmento de distribuição de energia, área que atende o cliente residencial, comercial, de serviços, industrial e rural", aponta a companhia. "Há, ainda, R$ 622 milhões que estão sendo aplicados em geração e transmissão de energia, segmentos que acabam de concluir grandes ciclos de investimentos", complementa a nota encaminhada à reportagem.

Além de obras e melhorias usuais, como criação de novas subestações, linhas de distribuição de alta e baixa tensão, os bilhões de reais dos três aportes vão entrar na implantação de dois dos maiores projetos energéticos do país em andamento.

O primeiro é o Paraná Trifásico, que vai substituir 25 mil km de linhas monofásicas para trifásicas em áreas rurais até 2025 ao custo de R$ 2,1 bilhões. Em agosto, foram concluídos os primeiros 5 mil km do programa.

Já o Rede Elétrica Inteligente vai instalar medidores de consumo digitais nos imóveis, permitindo que tanto a companhia como os próprios consumidores possam averiguar o consumo de energia à distância e em tempo real. A primeira fase do programa começou em março em 151 municípios. O orçamento é de R$ 820 milhões com previsão de conclusão para o fim de 2021.

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Com maior agilidade no monitoramento da rede a partir dos leitores digitais, a Copel também pretende reduzir o tempo de desligamento do sistema em casos de intempéries, como tempestades, e outros fatores externos ao sistema.

Abaixo, mais detalhes dos três aportes que reforçarão o caixa da Copel nos investimentos dos próximos anos.

Venda da Copel Telecom

O primeiro e maior dos três aportes foi a conclusão da venda da Copel Telecom no começo de agosto. A subsidiária de telecomunicações foi arrematada pelo fundo de investimentos paulista Bordeux Participações em leilão em novembro de 2020 por R$ 2,395 bilhões. Porém, a negociação só foi concluída em 2021, quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou o negócio.

“Este montante reforçará o caixa da companhia e será destinado, entre outros, a investimentos sustentáveis nos negócios de energia”, explicou a Copel em nota à época da negociação.

A companhia considerou a venda da Copel Telecom, que atendia 178 mil clientes com planos de conexão de internet, como um avanço na estratégia de focar a atuação no setor de energia, “agregando valor aos seus acionistas e à sociedade, fortalecendo os pilares para a perenidade dos negócios”, resumiu a empresa.

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A venda da subsidiária de telecomunicação ainda deve enxugar 83,4 milhões por ano das despesas da Copel a partir de 2022. A meta deve ser alcançada com o Plano de Demissão Incentivada (PDI) dos cerca de 350 funcionários da Copel Telecom.

Captação no mercado

O segundo maior valor aportado na Copel em 2021 é da captação de R$ 1,5 bilhão pela emissão de debêntures em junho. A negociação foi intermediada pelo Banco ABC Brasil, que atuou como coordenador líder da oferta.  “A emissão de debêntures realizada em 2021 faz parte da estratégica da companhia para fazer frente aos investimentos e para reforço de capital de giro”, explica a Copel em nota.

“No dia 10 de junho de 2021, a Fitch Ratings elevou para ‘AAA (bra)’ o rating nacional de longo prazo do grupo Copel e de suas subsidiárias integrais, considerando a melhora consistente do seu desempenho operacional e manutenção de seu forte perfil financeiro”, aponta o Banco ABC Brasil em nota.

Governo paga dívida com a Copel

Por fim, em julho a Copel conseguiu receber uma dívida de quase 30 anos do governo do Paraná, no valor de R$ 1,4 bilhão. A dívida foi contraída pelo estado há 28 anos, em 1993, no valor original de R$ 346 milhões. Porém, de 1994 para cá foram quatro aditivos com juros e para ajustar o passivo à inflação. Na última renegociação, o valor do passivo do estado com a Copel era de R$ 1,1 bilhão que se encerraria com pagamento parcelado até 2025.

Porém, o governo do estado optou por liquidar a dívida de uma vez para fugir da inflação, que oneraria ainda mais o valor a ser pago. Por isso, o estado captou um empréstimo no Banco do Brasil justamente no valor da dívida de R$ 1,4 bilhão.

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Com taxas mais baixas de juros no novo empréstimo, o Tesouro Estadual calcula que irá economizar R$ 80 milhões na transação. O empréstimo no Banco do Brasil deve ser pago pelo estado em 10 anos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]