O Paraná registrou, do início da pandemia até o fim de março, 16,4 mil mortes por Covid-19, segundo os números do boletim da Secretaria Estadual de Saúde. No mesmo período, 5,5 mil paranaenses morreram de infarto, 6,4 mil de acidente vascular cerebral (AVC) e outros 5,2 mil de causas cardiovasculares inespecíficas. Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil.
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Até 2019, as doenças cardiovasculares eram consideradas as principais causas de morte no estado e no Brasil. Desde o ano passado, a Covid-19 tem sido responsável pelo cenário crescente de óbitos no país — com aumento de 8,6% no número total de mortes registradas em 2019.
No entanto, destaca-se o papel das doenças cardíacas no aumento da mortalidade pela infecção do Sars-CoV-2. Isso porque as pessoas com essas condições, como a hipertensão, são consideradas de risco para uma maior gravidade da Covid-19 e, portanto, para maior mortalidade.
De acordo com o médico cardiologista Miguel Morita Fernandes da Silva, pesquisadores norte-americanos avaliaram a influência da hipertensão, obesidade, diabetes e insuficiência cardíaca no risco de hospitalização pela Covid-19 e observaram que, sem essas quatro comorbidades, o número de internações na pandemia reduziria 63% nos Estados Unidos.
"Reduziria mais da metade das hospitalizações porque esses fatores contribuem muito para a mortalidade e para a gravidade da Covid-19. Por mais que a mortalidade da doença esteja alta, muitas vezes é por meio dessas outras doenças", explica Silva, que também é professor de Cardiologia da UFPR e médico cardiologista na Quanta Diagnóstico por Imagem.
Eliminar totalmente esses fatores não é possível, segundo o especialista, mas manter os cuidados com as doenças crônicas poderia reduzir as complicações. "Controlar a obesidade em 10% já traria uma redução em torno de 4% a 5% no risco de hospitalização por Covid-19. Se reduzisse 20%, o risco seria ainda menor", estima o cardiologista.
Covid-19 atrapalha atendimento de doenças cardiovasculares
Ainda que as doenças cardiovasculares interfiram no risco da Covid-19, o contrário também tem sido percebido nos hospitais e centros de atendimento, segundo Silva. Por medo de saírem de casa durante a pandemia, os pacientes com sintomas de infarto agudo do miocárdio, por exemplo, têm o quadro piorado da condição e, quando decidem buscar atendimento médico, há maior risco de complicações.
"Antes da pandemia, a chance de sobreviver a um infarto era maior do que depois, e os motivos são vários. Ocupação do sistema de saúde com Covid, por exemplo, é um deles, além do medo de buscar atendimento médico, mesmo quando a pessoa apresenta sintomas", explica o cardiologista.
Outro fator é a ação direta do vírus na saúde cardíaca. Autópsias realizadas entre março e julho de 2020 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP mostraram que parte dos pacientes diagnosticados com Covid-19, e que vieram a óbito, teve como causa principal a insuficiência cardíaca, indicando que o Sars-CoV-2 seria capaz de gerar alterações cardiovasculares importantes.
"As pessoas precisam continuar os cuidados dessas outras doenças, porque hoje é muito mais comum falar de Covid, e isso pode gerar uma mudança no comportamento do paciente a ponto de ele falar 'que bom que não era Covid, era só um infarto'", alerta o cardiologista.
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