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Covid, acidentes e violência vão determinar ritmo da fila de cirurgias eletivas no PR
Pronto-socorro do Hospital do Trabalhador ficou lotado de vítimas de acidentes de trânsito na madrugada de sábado (10).| Foto: Reprodução RPC

A redução de casos de Covid-19 permitiu segunda-feira (12) a retomada em todo Paraná das cirurgias eletivas - aquelas que se forem adiadas não põem a vida dos pacientes em risco, mas cuja espera pode agravar o quadro da enfermidade. Porém o aumento das ocorrências de traumas com a flexibilização das medidas preventivas da pandemia preocupa os hospitais. Isso porque assim como os pacientes com coronavírus, as vítimas de acidentes e de violência podem sobrecarregar o sistema, aumentando a demanda não só por leitos, em especial de UTI, como de medicamentos, o que impactaria na volta das cirurgias eletivas.

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"O ritmo da retomada das cirurgias eletivas depende totalmente do volume de atendimentos de traumas. Quanto mais conseguirmos evitar a entrada de pacientes traumatizados graves nos prontos-socorros, mais leitos livres para outras cirurgias o sistema vai ter", aponta Flaviano Ventorim, presidente da Federação dos Hospitais Beneficentes do Paraná (Femipa) e do Sindicato dos Hospitais do Paraná (Sindipar).

Ventorim explica que, pela gravidade, o paciente politraumatizado tem prioridade em relação aos pacientes de cirurgias eletivas. Portanto, além de passar à frente no horário do centro cirúrgico, o paciente grave de trauma também requer UTI e geralmente ocupa o leito hospitalar por muito mais tempo do que a pessoa que precisa passar por um procedimento cirúrgico simples. "Um hospital que se planeja para fazer 50 cirurgias em um dia, por exemplo, vai vendo esse planejamento diminuir conforme dão entrada os pacientes traumatizados", ilustra o representante dos gestores hospitalares.

Em Curitiba, onde as cirurgias já estavam liberadas desde o início de julho, a flexibilização das restrições da pandemia já teve reflexo no primeiro fim de semana da volta da bandeira amarela. Na noite de sexta-feira (9) para sábado (10) houve fila de ambulâncias com vítimas de acidentes de trânsito nos três prontos-socorros da cidade, que além das vítimas da capital também atendem pacientes de toda a região metropolitana.

Na madrugada em que tiveram filas de ambulâncias, os hospitais do Trabalhador, Cajuru e Evangélico Mackenzie entraram no sistema chamado de vaga zero, quando a unidade avisa a Central de Leitos do município de que não há como receber mais pacientes.

"O aumento da mobilidade urbana faz com que mais acidentes ocorram. Os pacientes que chegaram de ambulância [na noite de sexta e madrugada de sábado] eram graves e todos de acidentes de trânsito", disse o diretor o diretor do Hospital do Trabalhador (HT), o médico Geci Labres, em entrevista à RPC.

"Temos que ter cuidado em prevenir outras causas de necessidade de ir ao hospital, evitando, por exemplo, acidentes de trânsito e domésticos, porque os hospitais ainda se encontram com muitos pacientes de coronavírus", reforça o diretor do HT.

Hospitais SUS podem levar três anos para zerar fila

O tamanho do represamento causado pelas suspensões ao longo da pandemia dá noção de como é importante não só evitar acidentes como manter a transmissão da Covid-19 em queda para garantir leitos para as cirurgias eletivas. Estimativa da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) é de que os hospitais do SUS no estado levem três anos ou mais para zerar a fila de cirurgias eletivas causadas pela crise sanitária do coronavírus.

Um exemplo desta realidade é a Santa Casa de Curitiba, onde a demanda com a retomada das cirurgias eletivas é de 90 procedimentos deste tipo por dia, volume 40% maior do que oito meses atrás. Segundo a diretora da Santa Casa de Curitiba, Noemi Garcia Moraes, por causa das suspensões, há pacientes que aguardam a cirurgia há mais de um ano.

"Nosso planejamento está sendo bastante minucioso porque teremos que priorizar os pacientes que estão na fila há mais tempo. A especialidade também vai pesar na decisão. Um paciente cardíaco, por exemplo, muitas vezes tem mais necessidade de cirurgia do que um de ortopedia", explica Noemi. "Teremos que reavaliar todos aquele pacientes que já haviam feito os procedimentos pré-operatórios para verificar se houve agravamento do quadro clínico", complementa a diretora da Santa Casa.

Realidade que também se repete na rede particular. Só o Hospital Nossa Senhora da Graças, uma das maiores unidades privadas de saúde de Curitiba, deixou de fazer 6 mil cirurgias eletivas ao longo da pandemia. O volume representa metade da média anual de 12 mil procedimentos que o hospital fazia antes da pandemia.

"Para a rede particular essa retomada é fundamental, porque a maioria desses hospitais sobrevive de cirurgias eletivas", enfatiza Flaviano Ventorim, que além de presidente da Femipa e Sindipar é diretor-executivo do Nossa Senhora das Graças.

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