Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) alertam para a possibilidade de a queda da temperatura com a proximidade do inverno interferir no comportamento da população do estado, facilitando a transmissão da Covid-19.
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O último boletim do Sistema de Alerta Climático para Enfermidades Respiratórias, do Laboratório de Climatologia (Laboclima) da UFPR, já aponta que entre os dias 11 e 17 de abril, quando a temperatura começou a ficar abaixo de 20°C, os níveis de alerta climático ficaram elevados no Paraná, variando entre médio-alto e alto. O alerta é calculado semanalmente a partir do cruzamento de dados climáticos do Simepar com o boletim epidemiológico da pandemia da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
“Quanto mais alto o nível de alerta, mais as condições climáticas estão propícias para aumentar a transmissão. Não por interferência no vírus, mas sim no comportamento das pessoas”, explica o pesquisador Wilson Roseghini, um dos coordenadores do Laboclima e professor do departamento de Geografia da UFPR.
“Com o frio, esse alerta tende a ficar maior. Isso porque as pessoas ficam mais em locais sem ventilação, não abrem as janelas de casa, do trabalho ou do ônibus por causa do frio. E ambiente fechado e sem ventilação é ideal para o coronavírus”, completa Roseghini.
Além disso, o coronavírus encara menos barreiras para se dispersar no inverno, que costuma ser um período seco. Com menos umidade no ar, o vírus encontra menos dificuldades para se dissipar, ficando em circulação no ar mais tempo, também aumentando a chance de contágio. “A umidade forma gotículas maiores de água, que acabam levando o coronavírus e outras partículas para o solo. Só que no inverno as precipitações são menos comuns”, explica o geógrafo.
Importância da ventilação
Diante disso, o coordenador do Laboclima orienta a população, em especial os comerciantes, a ficarem ainda mais atentos à circulação de ar dos ambientes nos dias frios, além das medidas sanitária preventivas de sempre: máscara, distanciamento social e higienização das mãos.
“É claro que em um dia muito frio fica difícil para um restaurante, por exemplo, manter as janelas abertas o tempo todo. Então ele tem que ficar atento à quantidade de pessoas no lugar e, quando der, sempre ventilar”, recomenda.
A médica Marion Burger, infectologista da prefeitura de Curitiba, enfatiza que a ventilação dos ambientes no caso do coronavírus deve ser feita o ano todo, já que a Covid-19 não é uma doença sazonal, como a gripe, mas sim uma enfermidade pandêmica que ocorre em todos os meses. Mas ela lembra que no inverno essa ventilação fica dificultada pelo frio, o que pode impactar não só na transmissão da Covid-19, como em outras doenças, em especial as respiratórias.
“No caso da Covid-19, a ventilação dos ambientes tem que ser mantida ao longo de todo o ano. Mas como no frio a tendência é de as pessoas fecharem as janelas, a recomendação é de que elas sejam abertas no mínimo entre quatro a cinco vezes por dia, por 15 minutos, para haver troca do ar”, recomenda a infectologista da prefeitura.
Sobre a possibilidade de Curitiba ter mais uma onda de coronavírus no inverno, Marion afirma que ainda não há como se prever isso, já que as avaliações do Centro de Epidemiologia da prefeitura são a curto prazo, de uma semana para outra. Mesmo assim, a médica garante que o sistema de saúde da capital está preparado para atender mais um aumento de casos.
“Esse pico da pandemia em 2021 mostrou que temos capacidade de atender outra onda. Temos como expandir o sistema de saúde se for necessário”, garante a infectologista da prefeitura.
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