Desde que foi implantado, em março deste ano, o programa Paraná Pay já distribuiu R$ 4 milhões nos sorteios de vouchers de R$ 100 para serem usados em estabelecimentos ligados ao turismo. A medida foi tomada pelo governo do Paraná como uma forma de incentivar o setor, um dos mais impactados pela pandemia. Apesar de contar com a adesão de menos da metade dos cadastrados no Nota Paraná, o programa já vem fazendo diferença para os negócios credenciados.
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É o caso do restaurante Dom Antônio, um dos 600 empreendimentos que estão habilitados a receber pagamentos pelo Paraná Pay. O proprietário João Leonardo confirmou em entrevista por telefone à Gazeta do Povo que viu o faturamento aumentar, principalmente nos dias de menor movimento, por causa dos clientes que passaram a usar os créditos do programa.
“Algumas pessoas preferem vir no meio da semana, quando o movimento geralmente é menor, por conta de manter a segurança e o isolamento durante a pandemia. E acabam consumindo e gastando um dinheiro que elas têm, mas que não precisam tirar do bolso. Eu vejo que esse é algo que tem futuro, e é bom para nós também porque quem chega com um voucher de R$ 100 não fica só nesse valor, vão gastar um pouco mais”, avaliou. “Existe aquela história de que não existe almoço grátis. Nesse caso é quase um almoço grátis. Só não é totalmente grátis porque é o retorno do imposto que foi pago, né?”, complementou.
Foi assim também com Emelynn Cordeiro Fernandes dos Santos, que junto com o marido cadastrou a panificadora Pane Bene no Paraná Pay. Ela disse à reportagem que o movimento de clientes que usam o serviço vem crescendo aos poucos, e que já vê essa nova clientela como um diferencial para os negócios.
“O aplicativo mostra quais são os restaurantes mais próximos, como se fosse um GPS, e isso tem ajudado bastante a atrair novos clientes. Tem gente que chega dizendo que não conhecia, mas que viu no aplicativo e resolveu vir porque estava perto. Nós já temos em média uns 20 clientes por semana que pagam com o Paraná Pay, e está virando um diferencial”, afirmou.
O diretor da Escola Fazendária do Paraná, órgão da Sefa responsável pelo Nota Paraná, Mário Brito, explicou à Gazeta do Povo que o programa poderia atender a muito mais paranaenses. Mas para isso é preciso que mais consumidores façam à adesão ao Paraná Pay, e que mais estabelecimentos façam o cadastro e o credenciamento junto ao programa.
Segundo Brito, o Nota Paraná conta com pouco mais de 3 milhões de consumidores cadastrados. Destes, menos da metade, 1,480 milhão, concordaram em participar do Paraná Pay. De acordo com o diretor, ao participar do programa de incentivo ao turismo, o consumidor não deixa de ter os benefícios do Nota Paraná.
“Quando o consumidor se cadastra no Paraná Pay, isso não interfere em nada na participação dele no Nota Paraná. Ele continua recebendo créditos, da mesma forma, só que na hora de resgatar esses créditos existe essa opção, de passar o valor para a carteira digital para usar o crédito nos estabelecimentos cadastrados. Quem pede o CPF na nota e se cadastra no Paraná Pay pode concorrer nos dois sorteios, um não interfere no outro, são complementares”, detalhou.
Ao aderir ao Paraná Pay, tanto consumidores quanto os donos dos estabelecimentos precisam abrir uma conta em uma carteira digital. O mecanismo é necessário para que os créditos sejam direcionados de forma correta de quem paga para quem recebe. O processo, garante Emelynn, não é difícil de ser concluído.
“É tudo pela internet, nós cadastramos nosso email para receber a senha. É preciso esperar por um tempo para validar o cadastro, mas depois nós recebemos um QR code com a confirmação e passamos a usar. É bem tranquilo todo o processo. É muito parecido com outros sistemas de pagamento digital, é muito parecido com um Pix”, explicou.
Mas para os estabelecimentos ainda é preciso um outro passo, o credenciamento junto ao sistema do Cadastro de Empreendimentos e Serviços Turísticos (Cadastur). Isso pode ser realizado por meio do site do Paraná Turismo, e de acordo com o diretor da Sefa é necessário para que seja confirmada a área de atuação do empreendimento. “O nosso objetivo agora é fortalecer o turismo, mas nada nos impede de mais à frente abrir essa opção para outras áreas de atuação, outras áreas do mercado”, afirmou Brito.
O diretor garantiu que não há nenhum compartilhamento de dados entre a Sefa e a Receita Federal dentro do Nota Paraná e do Paraná Pay. O objetivo principal do programa, disse, é “fortalecer e fomentar a cidadania fiscal dos paranaenses”. Ao pedir o CPF na nota, explicou Brito, “o cidadão está garantindo que aquele imposto que foi cobrado dele seja transferido para o estado. Se ele não faz isso, o que vai acontecer com o imposto? Se o estabelecimento quiser reter esse valor, sonegar esse imposto e não repassar para o estado, o consumidor não vai ter como saber. E ele vai ter pagado de qualquer jeito”.
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