O turismo foi um dos setores mais afetados durante a pandemia de Covid-19, principalmente o segmento de hotéis e pousadas. Com a flexibilização das medidas restritivas, entidades têm notado uma lenta retomada no Paraná, evidenciada pelo aumento paulatino nas reservas em hotéis pelo estado. “Logo após o primeiro decreto não chegava a 5% [de ocupação]. Agora, ouvimos do setor que o número chega a 25%”, relata Ricardo Bock, gestor executivo da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH).
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Bastante procurada por moradores do interior do estado, a capital paranaense tem contribuído para o crescimento das estatísticas - mesmo assim, com uma certa oscilação. Entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, as reservas para turismo de lazer chegaram a dar sinais de aumento. Recuperação interrompida a partir do novo avanço na transmissão do vírus na capital, em março, que teve impacto negativo no setor mais uma vez. “Os hotéis tiveram uma média de 10% a 15% de ocupação total. Foi um desastre”, confirma Paulo Iglesias, presidente do Curitiba Convention & Visitors Bureau e da ABIH. O reaquecimento veio em julho deste ano, também com o turismo de lazer, que segundo Iglesias, representou uma ocupação de cerca de 48% dos hotéis da cidade.
Outro destino tradicionalmente muito procurado pelos turistas é Foz do Iguaçu, onde a ocupação total dos hotéis chegou a 35,5% em julho deste ano, maior número desde setembro de 2020, segundo dados da prefeitura da cidade. Já o Litoral apresentou queda de aproximadamente 50% na procura por reservas de hotéis na temporada passada, entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, e ainda não conseguiu recuperar totalmente o movimento, segundo o presidente do Sindilitoral, entidade que representa os hotéis, restaurantes, bares e comércio do litoral, Carlos Dalberto Freire.
Para Freire, as reservas estão em ritmo lento por causa das baixas temperaturas. Segundo ele, na mais recente onda de calor do mês de agosto, o movimento nos hotéis da cidade chegou a igualar as temporadas anteriores à pandemia. “A gente viu uma situação muito boa, muita gente na praia, mas foi um dos únicos [dias] em período de pandemia”, declara.
No entanto, de acordo com o presidente do CCVB, o problema maior está no turismo de eventos e corporativo, já que a capital proibiu esse tipo de encontro na cidade. “As empresas estão dando prioridade para cidades que já têm eventos liberados.”
Setor espera aumento na busca por reservas até o fim do ano
O Hotel Nhundiaquara, em Morretes, fechou em março do ano passado, logo no início da pandemia, e reabriu apenas em novembro. “Aos poucos, estamos retomando”. Com dez apartamentos, o local costuma ficar vazio em dias úteis. Aos finais de semana, o movimento depende das temperaturas. “Em um fim de semana chuvoso fiquei com menos de 50% do hotel ocupado”, comenta o gerente proprietário Fabio Luiz Smaniotto. Resta torcer para o fim do ano, em que a expectativa de Smaniotto é de um aumento de 50% na procura por diárias, impulsionado pela mudança no perfil dos turistas, que passaram a buscar atrativos locais. “Morretes está preparada para receber os turistas. Temos estrutura gastronômica e estamos cumprindo todos os protocolos”, ressalta.
Em contrapartida, outras empresas do setor notaram aumentos significativos. Em julho de 2021, a rede Bourbon Hotéis e Resorts teve um crescimento de 410%, em relação ao mesmo mês do ano anterior, principalmente para experiências de turismo em família e eventos de pequeno e médio porte. A rede teve maior procura em Foz do Iguaçu, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina.
De acordo com Alceu Vezozzo Filho, presidente da Rede Bourbon, o aumento na procura por reservas se deu principalmente graças ao avanço da vacinação no país, que possibilitou a flexibilização para passeios nas cidades. “Destinos como Curitiba e Foz do Iguaçu voltaram a ser um atrativo para o Turismo de Experiência, que ganha muita força em 2021 e deve ser o grande foco da indústria hoteleira em 2022”, destaca. Para o presidente da rede, a expectativa é positiva, principalmente para os próximos feriados e a virada do ano de 2022.
De acordo com Giovanni Bagatini, coordenador da Câmara Empresarial de Turismo da Fecomércio PR e vice-presidente do Conselho Paranaense de Turismo (Cepatur), com a retomada do turismo pós-pandemia, a expectativa é de um incremento em torno de 10% do PIB. “O crescimento da imunização da população tanto no Paraná quanto de outros estados devem trazer maior segurança para que o turista viaje pelo Paraná”, ressalta.
Já para Iglesias, na capital paranaense o cenário deve ser de cautela. “Curitiba depende muito do corporativo e de eventos. A gente não imagina que esse ano possa ter movimento igual antes da pandemia”.
Além disso, o presidente do Sindilitoral reforça a importância do cumprimento dos protocolos de segurança contra a Covid-19 por parte dos hotéis, para possibilitar a retomada do turismo sem oferecer ainda mais riscos à população. “As pessoas estão procurando lugares que cumpram os regulamentos e ofereçam segurança", alerta.
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