A participação de Curitiba como sede do Smart City Expo 2019 – evento realizado nos dias 21 e 22 de março – custou R$ 1,86 milhão aos cofres do município. O valor está disponível no contrato firmado entre a prefeitura da capital e a Forus Soluções em Sustentabilidade, que tem nome fantasia de iCities. A empresa tem a chancela para a realização do evento de cidades inteligentes, concedida pela Fira Barcelona.
No contrato, que está disponível no portal da transparência de Curitiba, aparecem as contrapartidas concedidas ao município a partir da compra da autorização para a realização do evento. Entre elas está a participação de representantes da cidade na abertura do evento e a “indicação de gestores públicos do município para palestrar no congresso, tanto na plenária principal como nas paralelas”.
O contrato prevê, ainda, que o evento abra espaço para que gestores públicos de Curitiba apresentem projetos de sucesso da cidade. O prefeito Rafael Greca (DEM) foi o representante da cidade na abertura do evento e, além disso, participou de uma plenária com prefeitos.
Entre os presentes estava Antônio Magalhães Neto, prefeito de Salvador. Além de Greca, secretários também palestraram no Smart City.
Mudança de partido
Durante o evento, Greca chegou a anunciar sua mudança de partido, do Partido da Mobilização Nacional (PMN) para o Democratas (DEM). O aperto de mãos com ACM Neto, presidente nacional da legenda, foi feito no Smart City.
Segundo informações disponíveis no portal da transparência, o valor a ser pago já está empenhado no orçamento municipal. Os recursos vieram da dotação orçamentária destinada à manutenção da estrutura do governo municipal.
O montante é superior ao destinado, por exemplo, para o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social, que tem previsão orçamentária de R$ 1,2 milhão neste ano. O fundo é destinado a promover o acesso à habitação, com prioridade à população de menor renda.
O que diz a prefeitura
Questionada pela reportagem a respeito do valor pago para sediar o evento, a prefeitura de Curitiba informou que considera que os recursos foram bem aplicados. Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, disse à Gazeta do Povo que a estimativa é de que houve movimentação de R$ 2,3 milhões na economia da capital.
“O evento desse ano atraiu pessoas de 80 cidades brasileiras e de mais de 40 países diferentes. Há também um impacto indireto, já que as empresas que patrocinaram o Smart City agora têm Curitiba como foco de um local para possíveis investimentos”, completa Alessi.
A reportagem perguntou à presidente da Agência Curitiba se não haveria um conflito de interesses envolvendo o Smart City – já que gestores da capital, incluindo o prefeito, participaram de palestras em um evento patrocinado com dinheiro público. “Não existe conflito porque o evento foi técnico, voltado a ações importantes para a cidade e colocando a capital na rota de investimentos”, defendeu.
Novos contratos
Não é certo que Curitiba continue a sediar o evento nos próximos anos. Alessi explica que, para isso, é preciso que sejam firmados novos contratos - com a possibilidade de que a cidade desembolse mais recursos. “Não temos nenhum acordo em relação a isso”, disse.
No ano passado, a capital já havia sido sede do Smart City, mas naquela oportunidade não pagou nada. Segundo Alessi, a isenção foi concedida porque a iCities precisava fazer um “evento teste” em Curitiba, com o objetivo de comprovar a efetividade em realizar a feira na capital paranaense.
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