Unidades de saúde em Curitiba fazem atendimentos pelo SUS.| Foto: Hully Paiva/SMCS
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Uma triagem bem feita é o que faz um sistema de saúde mais igualitário. E este é cada vez mais o foco da Secretaria de Saúde de Curitiba, que atualizou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital, que atende 53 mil pessoas todos os dias, de variadas formas.

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Diante de um cenário desafiador, com investimentos federais impactados pelo fim do recurso extra proveniente do combate à Covid-19, represamento de cirurgias eletivas e atraso de exames durante a pandemia, que tem feito chegar pacientes em condições mais agravadas às unidades de saúde, a meta é acertar mais na recepção e seguimento do paciente. “Receber certo, encaminhar certo e tratar certo, assim o sistema roda melhor”, repete o mantra de todos os dias na secretaria o diretor do Sistema de Urgência e Emergência de Curitiba, Pedro Henrique de Almeida.

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Telerregulação refina atendimento

Neste processo de triagem, um grande papel tem a telerregulação, um instrumento que otimiza recursos e direciona o paciente à assistência correta, definindo prioridade aos que estão em maior risco. Em Curitiba, essa ferramenta tem sido cada vez mais usada, passando de 56 mil procedimentos em 2018 para 96 mil em 2021, segundo dados da secretaria.

“Nela, o profissional de atenção primária, em conjunto com especialistas, faz uma comunicação via sistema informatizado usando protocolos que definem a priorização dos casos”, explica Beatriz Battistella, secretária municipal da Saúde, que assinala que a ferramenta dá o refinamento do sistema, que envolve ciência, conhecimento e muito protocolo a partir do prontuário do paciente e seus achados. “Assim, a pessoa é encaminhada para a especialidade, que tem uma oferta menor que o básico, e chega para o seguimento com muito mais organização”, diz ela.

Iniciativa foi consolidada durante a pandemia de Covid-19

Esse processo de melhoria na triagem passa também por outros instrumentos de fácil acesso que evitam que a pessoa vá a uma unidade de saúde em casos mais simples. A Central Saúde Já Curitiba teve papel fundamental durante a pandemia de Covid-19, com mais de 514 mil teleatendimentos feitos desde 2020 - mais de 166 mil no acumulado deste ano.

Na esteira dessa iniciativa que se consolidou durante a pandemia, a secretaria desenvolve um projeto para ampliar esse tipo de teleatendimento, que viria a abranger também as urgências de baixa complexidade (casos que podem ser resolvidos em casa, apenas via telefone, sem que se necessite ir a uma unidade de saúde).

“Este sistema ainda está sendo desenvolvido, está em fase de validação e não tem data de implantação, mas além de orientação, o cidadão poderá obter receitas e mesmo atestados virtuais, o que vai ajudar a reduzir o número de pessoas que chegam ao pronto-atendimento”, argumenta Beatriz.

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Causas para o tempo de espera no atendimento especializado

Do total das demandas que chegam às unidades de atenção primárias, 85% são resolvidas ali mesmo. Apenas 15% são encaminhadas ou avançam efetivamente para o sistema, e que precisam ascender ao sistema especializado.

Atraso em procedimentos eletivos, de acordo com a diretora do Centro de Controle, Avaliação e Auditoria de Curitiba, Jane Sescatto, pode ocorrer quando a pessoa descobre, em um exame pré-operatório, que foi detectada uma complicação cardíaca, por exemplo, que exige que o paciente passe por outro especialista antes de ter a cirurgia liberada. “Nem sempre o paciente compreende que tem que passar necessariamente por outro especialista e que o atraso ocorre por este motivo”, pontua ela.

Segundo Beatriz Battistella, também ocorre de a pessoa encarar a fila dentro do hospital onde a cirurgia deve ser realizada, mesmo após ter o encaminhamento feito pelo sistema de saúde. “Após ser regulado e receber um código de transação, que faz com que não saia mais desse ‘caminho’ definido, o paciente pode chegar ao hospital, mas não ser atendido de imediato, pois que ele tem de encarar a fila de procedimentos do próprio hospital. Então, mesmo que tenha sido rápido o processo anterior, a efetiva cirurgia acaba demorando”, diz.

Entre as consultas especializadas mais requisitadas no sistema, após o arrefecimento da pandemia da Covid-19, estão as neurológicas, cardiológicas, dermatológicas e ortopédicas, com destaque para as consultas em nefrologia e urologia, além de pacientes que chegam com complicações decorrentes da falta de prevenção e acompanhamento, por exemplo, de quadros de hipertensão e de diabete. Das cirurgias eletivas mais procuradas estão, segundo a Secretaria de Saúde, as vasculares, as hérnias e as urológicas, relacionadas a cálculos renais.

Sobre os exames que costumam se acumular mais, ainda segundo o órgão municipal, a colonoscopia é o maior “tormento”, como a secretária municipal de Saúde faz questão de frisar, visto que há poucos serviços ofertados para este exame de imagem. “Diferentemente das mamografias, que são feitas por profissionais de nível técnico e que estão sempre disponíveis, a colonoscopia é um exame de imagem operado por profissional médico, sem o qual não pode ser feito”, diz ela.

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Jane explica que o exame pode ser realizado antes do previsto caso o paciente seja qualificado como priorizado, uma fila que roda a cada 30 dias. Isso acontece quando o paciente tem detectado, por exemplo, um rápido emagrecimento ou sangramentos.

Transparência nos dados da fila de espera

Sobre a recente aprovação de projeto de lei 21/2019 na Assembleia Legislativa do Paraná, que obriga que seja tornada pública, organizada, transparente e atualizada uma lista dos pacientes em fila de espera na rede pública estadual e instituições conveniadas que atendam pelo SUS, a secretária Beatriz Battistella diz que está bem tranquila, visto que o sistema municipal é todo informatizado.

“Nós não temos nada a esconder. Temos uma capacidade instalada e uma demanda. A demanda em saúde é infinita, mas estamos trabalhando na qualificação dessas filas”. Se e quando sancionada pelo governador Ratinho Junior, a lei deve entrar em vigência passados 420 dias da sua publicação.

Beatriz diz que até 2019 o sistema de saúde de Curitiba estava em um “céu de brigadeiro”, reduzindo consistentemente as filas para as cirurgias eletivas, mas que a pandemia deixou um grande estoque de cirurgias que, agora, exigem mutirões para que sejam novamente reduzidas.

Atualmente, segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, estima-se que pelo menos 200 mil procedimentos eletivos e 300 mil consultas médicas especializadas, caracterizadas como prioritárias, precisem ser realizadas em todo o estado.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]