Bebê recém-nascido| Foto: Unsplash
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Considerando o período entre janeiro e agosto, os números atuais da capital paranaense apontam o nascimento de 4 mil bebês a menos do que há sete anos, uma queda de 25%. Em 2015, nasceram 16,7 mil novos curitibanos; em 2022 este índice foi de 12,7 mil nascidos vivos (NV), o menor indicador da série histórica. A queda se aprofundou durante a pandemia de Covid-19, porém, neste ano, já esboça uma pequena reação em relação ao período mais turbulento da emergência sanitária, em 2020 e 2021.

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Os dados são do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), compilados pelo Centro de Epidemiologia/CEV da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba a pedido da Gazeta do Povo, sendo que os números deste ano são considerados preliminares, sujeitos a alterações.

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“A pandemia atingiu de duas formas a natalidade, pois havia a dificuldade da questão do trabalho, que ficou instável no período e, de outro lado, o medo de engravidar e ter de ir ao serviço de atendimento à saúde fazer o pré-natal, exames e parto, então as pessoas viram que não era a hora”, diz Beatriz Battistella, secretária municipal da saúde de Curitiba.

Comparado ao ano de 2019, antes da eclosão da pandemia da Covid-19, os números de nascidos vivos nos primeiros oito meses deste ano são 13% menores em Curitiba, tendência que se repete em todas as capitais do Brasil, cuja redução média é de 10,5% entre 2019 e 2021.

A boa notícia é que, em relação a ano passado, o número de nascimentos em Curitiba deixou o polo negativo e houve um acréscimo, ainda que discreto, de 0,2%. É a primeira vez que essa diferença é positiva, nesses últimos sete anos. "Os números positivos deste ano parecem indicar um retorno aos índices anteriores à pandemia, mas que, ainda assim, devem seguir na linha decrescente natural que vem sendo registrada há sete anos", cita Beatriz.

Curitiba tem a menor taxa de natalidade entre mais populosas

Entre as 10 maiores cidades do Paraná, segundo dados do Sinasc e Datasus cruzados pela Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (Sesa), Curitiba é a que apresenta as menores taxas de natalidade, que é o número de nascidos vivos a cada mil habitantes.

A capital é seguida de Maringá e Londrina neste índice. Os destaques no polo positivo ficam com Foz do Iguaçu, seguido de Guarapuava, Cascavel e Paranaguá.

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Em todo o estado do Paraná, segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), o número de nascidos vivos de janeiro a setembro deste ano é de quase 110 mil pessoas, número inferior ao mesmo período no ano de 2010, quando 116 mil nasceram vivos no estado.

Os números de 2022 são superiores apenas aos de 2020, em plena pandemia, o pior ano da série da associação, que registrou pouco mais de 102 mil nascidos vivos.

No Brasil, segundo dados da Arpen, os dados se repetem, com o período de janeiro a setembro deste ano com 1,7 milhões de nascimentos registrados, contra 2,26 milhões em 2015, o maior número em dez anos. Em 2020 e 2021, o Brasil teve 2 milhões de nascimentos anuais.

Vários fatores explicam a redução dos índices

Segundo a Sesa, os fatores responsáveis pela diminuição das taxas de natalidade, vista em todas as grandes cidades do estado, são:

  • Urbanização,
  • Planejamento familiar,
  • Uso de métodos contraceptivos,
  • Melhoria nas condições de educação,
  • Inserção da mulher no mercado de trabalho,
  • Casamentos tardios,
  • Custo de criação dos filhos,
  • Crise econômica,
  • Pandemia da Covid-19.
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Gravidez tardia é única que aumenta

Bruno Azzolin Medeiros, 1º secretário do Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen/PR), vinculado ao Arpen, cita que esses números revelam mulheres muito mais conscientes a respeito do momento em que efetivamente estão prontas para se tornarem mães.

“O planejamento mudou significativamente esse quadro, inclusive estudos recentes apontam um aumento significativo de filhos entre mulheres mais velhas e redução entre as mais novas”, diz.

Em Curitiba, contrariamente è redução dos nascidos vivos em todas as faixas etárias das mães, entre as mães com 40 anos ou mais houve uma diferença positiva de 24,7% comparando de janeiro a agosto de 2019 com o ano de 2022.

Enquanto isso, todas as outras faixas etárias registraram queda: -32,8% entre mulheres até 19 anos; -10,9% para entre 20 e 29 anos; e -14,9% para de 30 a 39 anos.

A gravidez tardia implica em maior risco gestacional, o que pode impactar a taxa de mortalidade infantil, como ressalta Beatriz Battistella, secretária municipal da Saúde de Curitiba.

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“Ter filhos aos 40 anos tornou-se uma realidade do mundo de hoje, muitas vezes nem mesmo por uma opção voluntária, mas pelas oportunidades da vida e por causa do mundo do trabalho, o que também é preocupante, visto que biologicamente acabam sendo gestações de maior risco, com mais risco de má formações congênitas e problemas de gravidez”, alerta ela.

Decréscimo em Curitiba

Segundo informações da SMS de Curitiba, entre os decréscimos de nascidos vivos ao longo dos últimos anos se destaca, afora o período da pandemia, a queda entre 2015 e 2016, com menos 5,3% nascimentos, algo observado na maioria das capitais e estados brasileiros.

“Pesquisadores afirmam que essa queda pode ter ocorrido pelo impacto da situação econômica do país, assim como pelo receio de engravidar pela circulação do zika vírus e sua relação com a ocorrência de microcefalias em crianças”, diz o Centro de Epidemiologia.

Nos anos seguintes, esta redução se manteve em torno de 2,7% ao ano, até o primeiro ano pandêmico de 2020, no qual alcançou 7,9% menos nascidos vivos em relação a 2019. Em 2021, esta diminuição chegou a 5,7% em relação ao ano anterior.

Taxas de natalidade e fecundidade em queda

Além do número absoluto de nascidos vivos ter caído, o indicador de taxa de natalidade, que correlaciona o número de nascidos vivos com a população total de determinada região, a cada 1.000 habitantes, tem sofrido contínuo decréscimo no município de Curitiba nos últimos dez anos, passando de 13,7 nascidos vivos a cada mil habitantes no ano de 2012 para 9,5 em 2021.

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Isso também ocorre com a taxa de fecundidade, que é o índice que aponta o número médio de nascidos vivos por mulher em idade fértil.

Este número teve queda expressiva e alcançou seu menor patamar em 2021, com 1,19 filhos vivos tidos por mulher em idade fértil (10 a 49 anos). Em 2001 esta taxa em Curitiba era de 1,93; em 2012, 1,59.

Esta importante redução da fecundidade e da natalidade também é observada em outras capitais e regiões do Brasil.

“E taxas inferiores a 2,1 indicam fecundidade insuficiente para assegurar a reposição populacional em longo prazo”, explica a CEV.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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