A curva de queda no número de casos e óbitos por Covid-19 no Paraná tem se revelado mais lenta do que a curva de crescimento. Com o pico da pandemia causada pelo coronavírus no estado ocorrido em 4 e 5 de agosto, a média móvel de novos casos e mortes está, nesta quarta-feira (30/9), semelhante aos números registrados entre 3 e 8 de julho. Ou seja, o estado levou 56 dias para baixar a curva para cenário que registrava 27 dias antes do ápice da crise. Em outras palavras: a velocidade da queda é a metade da velocidade do crescimento. Os números elevados do boletim desta quarta-feira comprovam que, apesar da tendência de queda, ainda há muita oscilação nos registros da pandemia no estado.
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O pico de casos no Paraná foi registrado em 5 de agosto, quando a média móvel (a média dos últimos sete dias) atingiu 2.032,4 casos por dia. O pico de óbitos ocorreu um dia antes – 54,7 mortes.
Desde então, os números entraram em curva descendente, apresentando oscilações pontuais. Depois de chegar a 36,7 em 27 de agosto, por exemplo, a média de óbitos voltou a 44,6 em 4 de setembro, retomou a tendência de queda, chegando a 37,4 no último dia 12, mas teve nova alta, indo a 43,7, no dia 16.
Nas duas últimas semanas, apresentava queda constante, até as 63 mortes desta quarta-feira - que fizeram a média que era de 33 na segunda-feira, subir a 34,3. Como comparação, lá em 8 de julho, esse índice era 32,9.
Oscilação também na média de novos casos de coronavírus
A curva de novos casos, influenciada pelo aumento do número de testes realizados no estado, cresceu até alcançar o pico, em 5 de agosto - 2.032 novos casos por dia. Na sequência, subiu e desceu várias vezes até 3 de setembro, quando apresentou média de 1.950 ocorrências da doença. A curva passou a cair desde então, chegando nesta quarta-feira a (1.418), número semelhante aos 1.343 e 1.520 registrados em 3 e 4 de julho.
“Pelo modelo matemático, a tendência da curva é que ela seja espelhada, subindo e descendo na mesma velocidade. Os números, no entanto, são diretamente influenciados pelo comportamento humano e pelas decisões dos governos. Com o afrouxamento das medidas de isolamento e o relaxamento da população, é natural que a desaceleração acabe ficando mais lenta”, comenta o professor do departamento de estatística da Universidade Federal do Paraná, Wagner Bonat, coautor de um estudo que monitora a taxa de retransmissão do coronavírus no estado e no país. O índice, conhecido como Rt, indica crescimento da curva quando superior a 1,0 e diminuição quando inferior. Em 8 de julho, por exemplo, o índice era de 1,35. Atualmente, está em 0,86. “Quanto maior a distância do Rt para 1,0, maior a velocidade tanto de crescimento como de queda nos números”, explica.
Para o infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, do serviço de Epidemiologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, que também participa do estudo de monitoramento da taxa de retransmissão do vírus, o Rt de 0,86 indica que a tendência de queda é constante no Paraná. “A interpretação do Rt tem indicado o crescimento ou decréscimo dos casos e óbitos num período de cinco dias. Então, com esse Rt de 0,86, temos queda de 14% nos números novos a cada cinco dias. Mas tínhamos, em julho, crescimento de 35% em cinco dias”, comenta. Para o médico, com essa tendência clara de queda nos números de casos e óbitos, já é possível afirmar que o pior cenário já passou, “mas ainda temos circulação intensa do vírus. Não estamos em momento de pensar em retorno à normalidade. Temos que nos manter resilientes e proteger os vulneráveis”, conclui.
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