Instalação dedicada à obra de Dalton Trevisan na Feira do Livro de Frankfurt (Alemanha) em 2013.| Foto: EFE/Boris Roessle
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Morreu nesta segunda-feira (9) aos 99 anos o escritor Dalton Trevisan. A notícia foi inicialmente confirmada por amigos e pessoas próximas ao autor, que pediram discrição na divulgação do fato, conforme desejo do próprio enquanto vivo. Mais tarde, a editora Todavia, que recentemente adquiriu os direitos sobre a obra do autor, confirmou o falecimento em comunicado nas redes sociais:

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"Morreu no dia 9 de dezembro de 2024, aos 99 anos, o escritor Dalton Trevisan. Ao longo de sete décadas, Dalton produziu alguns dos mais belos livros de toda a literatura mundial. Foi publicado em inúmeros idiomas e muitas vezes premiado. Sobretudo, foi o escritor que para incontáveis leitores traduziu algo da graça e da dor de se estar vivo. A Curitiba dele viverá sempre em seus livros. É com pesar que oferecemos nossos sentimentos aos amigos, familiares e leitores".

Natural de Curitiba, Trevisan é reconhecido mundialmente por sua prosa de estilo singular, ágil e conciso, dedicada a descrever a vida cotidiana e os dramas urbanos. Igualmente famosa era sua personalidade reclusa e arredia aos holofotes, que lhe rendeu o apelido "Vampiro de Curitiba", alcunha retirada de seu livro homônimo, publicado em 1965.

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Para além do apelido fortemente ligado a Curitiba, a escrita de Trevisan também se confunde com a cidade, que surge em sua obra como memória, como cenário e como protagonista.

Traduzido para inúmeras línguas no exterior, considerado um dos maiores escritores da literatura brasileira e um dos principais contistas da contemporaneidade, Dalton Trevisan foi amplamente celebrado ao longo da carreira, com destaque para a concessão do Prêmio Camões, em 2012 (pelo conjunto da obra), de três prêmios Oceanos e quatro Jabutis, sendo primeiro deles pelo livro de estreia "Novelas Nada Exemplares", publicado em 1959 e laureado em 1960.

Recentemente trabalhava na revisão de sua obra completa para nova publicação, pela editora Todavia, que anunciou a compra dos direitos de relançamento de “todo Dalton” em novembro deste ano.

A expectativa é de que os primeiros títulos do relançamento cheguem ao mercado em junho de 2025, como parte das celebrações pelo centenário do autor.

Secretaria da Cultura ressalta legado único de Dalton Trevisan

A Secretaria da Cultura do Paraná também se manifestou sobre a morte do escritor: "A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (Seec) manifesta profundo pesar pelo falecimento de Dalton Trevisan, um dos maiores nomes da literatura brasileira e ícone cultural de Curitiba.

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Mestre do conto, desvendou como poucos as complexidades humanas e as angústias cotidianas da vida urbana. Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados.

O Vampiro de Curitiba criou uma obra enraizada na capital paranaense, elevando suas ruas e seus bairros a verdadeiros personagens. Livros como 'O Vampiro de Curitiba', 'A Polaquinha' e 'Cemitério de Elefantes' revelam uma Curitiba sombria, mas também lírica, onde a banalidade do cotidiano convive com dramas intensos.

Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]