A performance dos machos da espécie tangará-dançarino (Chiroxiphia caudata) – pássaro típico da Mata Atlântica – para conquistar a fêmea tem despertado a atenção de naturalistas. Em grupos que chegam a até seis indivíduos enfileirados, os machos se revezam em acrobacias para se exibirem para a fêmea. Após a dança perfeitamente sincronizada, a fêmea toma sua decisão e o vencedor ganha o direito de acasalamento. Agora, essa dança encantadora pode ser vista por pessoas do mundo todo na série ‘Nosso Planeta’ (Our Planet), lançada pela Netflix.
O cenário escolhido para captar a coreografia do tangará-dançarino foi a Reserva Natural Salto Morato, localizada, no município de Guaraqueçaba, litoral do Paraná. A área é o único cenário brasileiro retratado na série. O local foi escolhido em 2017, após 10 meses de negociações entre os produtores e a Fundação Grupo Boticário, que mantém a reserva.
O biólogo Israel Schneiberg, que acompanhou as filmagens, conta que os cineastas estiveram no Brasil entre os meses de outubro e novembro. “A previsão era ficarmos na reserva durante 15 dias, mas por ser uma época de chuva intensa tivemos que ampliar o projeto. Conseguimos imagens dos tangarás apenas no 30º dia, quando estávamos indo embora”, revela o doutorando em Ecologia e Conservação da UFPR.
A analista de Projetos de Conservação da Fundação Grupo Boticário, Natacha Sobanski, diz esperar que a visibilidade de um documentário como esse ajudará a despertar na população o desejo de conhecer e proteger a biodiversidade. “Apesar de o tangará ser uma ave comum na Mata Atlântica, poucas pessoas sabem sobre a sua existência, muito menos sobre esse ritual de corte pouco comum. Mostrar uma ave como essa em um documentário com escala global não só destaca a biodiversidade que encontramos no Brasil como também desperta a vontade das pessoas de conhecer e conservar, o que ainda estimula o ecoturismo e o desenvolvimento regional”, observa.
O documentário
A série ‘Nosso Planeta’ é narrado por David Attenborough, um dos naturalistas mais famosos da história, e retrata as belezas naturais do planeta, com imagens inéditas da fauna e da flora. Com o respaldo de cientistas, o documentário mostra os principais desafios enfrentados pela natureza para resistir aos efeitos das mudanças climáticas e aos impactos causados pelo homem.
“Hoje nos tornamos a maior ameaça à saúde de nossa casa, mas ainda há tempo para enfrentarmos os desafios que criamos, se agirmos agora. Se as pessoas puderem realmente entender o que está em jogo, acredito que esperam que os negócios e os governos continuem com as soluções práticas. E como espécie, somos especialistas em resolver problemas. Mas ainda não nos aplicamos a esse problema com o foco necessário. Podemos criar um mundo com ar e água limpos, energia ilimitada e estoques pesqueiros que nos sustentem no futuro”. diz Attenborough.
Segundo a WWF, que participou da produção da série com a Silverback Films, ‘Nosso Planeta’ é lançado em um momento crítico em que nossa natureza e vida selvagem estão ameaçadas como nunca antes. “Dados recentes do relatório Planeta Vivo 2018 mostram que as populações globais de espécies de vertebrados diminuíram, em média, 60% desde 1970 -- menos do que o período de uma vida”, relata a organização.
A série demorou quatro anos para ser concluída, com filmagens em 50 países. Tem ao todo oito episódios e apresenta espécies incomuns e espetáculos da natureza presentes em regiões polares, oceanos, desertos e florestas.
A reserva
A Reserva Natural Salto Morato tem 2.253 hectares e está localizada em Guaraqueçaba (PR), dentro do maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil, reconhecido como Sítio de Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco. A área é aberta à visitação e sua rica biodiversidade atrai pesquisadores, observadores de aves e turistas de diversos estados e países.
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