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Vice-governador e presidente da Fecomércio, Darci Piana
Vice-governador e presidente da Fecomércio, Darci Piana| Foto: Gazeta do Povo

A confiança do empresariado é um índice não tão fácil de ler. Enquanto pode refletir um desejo de melhora calcado na esperança, também pode mostrar um indicativo de que as coisas finalmente estão retornando aos trilhos. É nesta segunda hipótese que aposta suas fichas o presidente do sistema Fecomércio no Paraná e vice-governador do estado, Darci Piana (PSD). Empresário, Piana é o elo entre as ações do Executivo e os principais segmentos da economia: comércio e serviços (setores que representa em sua Federação) e indústria e agronegócio (onde é tido como nome respeitado).

Para Piana, o empresariado tem dado voto de confiança ao governo Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) por conta de ações afirmativas que passam por enxugamento da máquina pública e chegam aos anúncios de investimentos em obras públicas. Com isso, a Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, Serviços e Turismo, da Fecomércio, sobre o primeiro semestre de 2020, mostra que 69% dos empresários paranaenses estão otimistas com o período.

Ao lado do governo, o ponto de que o estado, de fato, conseguiu gerar empregos em 2019 (74 mil postos, de acordo com o Caged) e tem perspectiva de ter aumentado o PIB em 0,7% no ano passado (pelas projeções do Ipardes).

Pela frente, o dirigente da federação e vice-governador indica desafios de fazer o estado crescer como um todo, e não em flancos. Um esforço que cabe à união de sociedade civil e poder público:

Gazeta do Povo: A Fecomércio faz pesquisas semestrais de otimismo do empresariado. O que esses números têm dito sobre expectativas para 2020?

Darci Piana: Fazemos a pesquisa de opinião no estado inteiro e com grandes, médios e pequenos empresários. Então tiramos uma média disso tudo para entender um pouco aquilo que acontece em várias regiões do estado. Nossa missão é ter o espelho do estado como um todo. Tem regiões ótimas, regiões boas, regiões mais ou menos e algumas com dificuldade. A opinião do pessoal, de forma geral, está muito boa, acima da média dos últimos anos. O empresariado está otimista em relação a 2020.

É um otimismo baseado em ações concretas ou na expectativa do que irá acontecer?

É uma somatória de valores. Falando do nosso estado: ele está bem. É um dos poucos que têm as suas finanças equilibradas. Claro que tem dificuldades, mas muito menores do que na maioria das unidades da federação. A confiança é um novo governo, com outra mentalidade, outra perspectiva, com mudanças de postura, corte de despesa – como é o caso da redução de 28 para 15 secretarias –, corte de aposentadoria, entrega de avião do governo, revisão de todos os contratos. Tudo isso dá uma demonstração pública, uma imagem positiva. Mostra que o governo também está preocupado em fazer a sua parte: cortar despesas. Isso anima o empresário. E este ânimo resultou num volume de R$ 23 bilhões em investimentos da iniciativa privada dentro do estado (anunciados em 2019).

Mas, de forma prática, como a economia reage a isso?

O estado já conseguiu contratar, com carteira assinada, no primeiro ano de mandato, 65 mil, 66 mil novos empregados. São 66 mil salários à disposição do consumo. À minuta que esses empresários colocarem os investimentos [os R$ 23 bilhões anunciados em 2019], haverá um volume muito maior de mão de obra contratada.

Estes empregos vão para todo o Paraná de forma uniforme? Ou há regiões que se beneficiam mais?

Grande parte destas contratações foi nas regiões Oeste, Sudoeste e, Norte. Quando a agricultura vai bem, o comércio vai bem. Porque ele passa a ter lucro e a gastar. E gasta onde: no comércio. Esse reflexo da boa performance do agronegócio vai para o comércio diretamente. Se pegar as pesquisas e recortar por regiões, vai ver que Cascavel, Londrina, Pato Branco, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Medianeira e Toledo estão na frente. Cai um pouco em Curitiba e na região metropolitana. E depois começa a queda grande na região Sul: União da Vitória, Palmas. E no Centro [do estado] há uma mediana.

O agronegócio parece um ponto de partida para a retomada do crescimento no estado. Qual é a perspectiva para este setor?

A soja está se mantendo [com bons preços], o milho, a carne de frango e o suíno, idem. O Brasil inteiro produz 3,5 bilhões de cabeças suínas e o Paraná é o segundo maior produtor. Deve chegar, agora nos próximos seis meses, ao primeiro lugar. Por ser um estado que ainda vacinava seu rebanho, nós não podíamos participar de um mercado que corresponde a 65% do mercado mundial de carnes (frango, suíno, gado). Não entrávamos no grande mercado, que é o que paga melhor: a Europa, de um modo geral. Agora, com novas regras do Ministério da Agricultura, pelo sacrifício que o estado fez em fechar nossas fronteiras [para evitar contaminação do rebanho], nós temos a possibilidade de aumentar a nossa participação nesses 65%. Antes, só disputávamos os outros 35%. E esses 35% correspondem aos países que pagam menos, porque eles sabem que nós não podíamos vender para outro [grupo de compradores]. A nossa qualidade, o nosso trabalho está sendo feito, todos esses novos frigoríficos que estão sendo instalados no Paraná, tudo isso vai fortalecer as empresas aumentar o preço da nossa carne na Europa e na Ásia.

Tem dado certo a aposta do governo no turismo no Paraná?

Esse esforço em vender o estado no Brasil inteiro, com a nossa televisão voltada para isso, com o Voe Paraná [projeto do governo para expandir a malha aérea do estado] servindo 14 cidades, com o aumento no volume de voos que a Gol e a Tam se comprometeram a fazer, permite que mais gente venha. Vamos ter mais 60 ou 70 voos da Gol e da Tam se deslocando para Curitiba, Londrina... Cascavel, por exemplo, já tem dois voos diários. Isso está aumentando a expectativa do turismo. [Tivemos] O maior volume de turismo até hoje na Itaipu, em Foz do Iguaçu [usina registou 1.025 milhões de pessoas em 2019]. Há também um acordo feito com os estados de São Paulo e Santa Catarina para aproveitar o nosso litoral histórico: Iguape e Cananéia (em São Paulo), Antonina, Morretes, Paranaguá e Guaratuba (no Paraná) e São Francisco do Sul (em Santa Catarina). São lugares lindos. [Hoje há] Um volume extraordinário de gente na praia. Gente que não ficava aqui no Paraná, ia para outros estados. A nossa água melhorou. De 49 pontos de balneabilidade, hoje tem único com problema. São 48. Ao contrário de outros estados que têm a metade [dos pontos de banho] com problema e outra metade boa. Isso tem acenado para um seguimento favorável da economia. Principalmente do comércio, que é o primeiro que reage.

A indústria está alheia a isso?

A indústria, no ano passado, apresentou um crescimento de 6,7%. Índices da China. Isso significa o quê? Que o comércio fez pedido. O comércio fez aquisições, fez as compras que a indústria passou a produzir.

Quais são as regiões que precisam de mais atenção do governo para desenvolver suas microeconomias?

Nós temos regiões fantásticas. Você pega o Sudoeste, por exemplo: Pato Branco, Francisco Beltrão, aquele fundo do Paraná que depois se junta com Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo, Maringá, Campo Mourão, Londrina e Cornélio Procópio. Isso é um pedaço extraordinário. É um primeiro mundo, com a gente diz. Aí tem o Norte Velho, o Norte Pioneiro, e o Sul do Paraná, da minha cidade de Palmas, Clevelândia, União da Vitória, que é a região de madeira. Essas últimas passaram a ter dificuldades. Por que o lado de São Paulo está crescendo, com cidades evoluídas, e as nossas não andam? Porque falta trânsito, falta escoamento, falta o empresário sentir que ele pode sair de lá com seu produto com um preço relativamente barato. Esta rodovias que estão sendo programadas, de Cambará até Castro e a de Beltrão que passa por Palmas, a Rodovia do Frango, hoje estão intransitáveis. Tendo a possibilidade de uma segunda pista, um escoamento mais rápido e eficiente, vai entusiasmar o empresariado. Como está acontecendo no Sudoeste. Lá está a maior bacia leiteira do Paraná e o segundo maior produtor do país. Esse leite vai ser transformado em queijo e derivados. E já tem fábricas grandes que estão se instalando nessas regiões porque sabem que isso vai acontecer. Uma rodovia que vai facilitar. Estamos projetando rodovias para dar um impulso a essas regiões que são produtoras, mas ainda não conseguiram sair com investimentos maiores por falta de comunicação e transporte. Esses projetos estão no banco de projetos.

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