| Foto: Ricardo Marajó/SMCS
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Com surto localizado na zona leste da cidade de São Paulo, que soma 10 mortes e 58 casos no ano, a meningite coloca as autoridades de saúde em alerta no Paraná. Apesar disso, a doença - que causa inflamação das membranas que recobrem o cérebro - tem no estado registros que ainda não são considerados preocupantes. O quadro segue em monitoramento.

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O Paraná teve 60 mortes e cerca de 660 casos registrados para meningite, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (Sesa), número próximo ao visto em 2021 e inferior aos de 2019, ano anterior ao início da pandemia de Covid-19.

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A preocupação com o estado vizinho se justifica pois que o estado de São Paulo teve em torno de 2,9 mil casos e quase 300 mortes pela doença, número ligeiramente superior às mortes nos dois anos anteriores.

Segundo a secretaria paulista, ainda assim o número de agora é 28% menor quando comparado com o ano de 2019, pré-pandemia, quando foram registrados 403 óbitos pela doença. Neste ano também se observam 57% menos casos que em 2019, quando os registros chegaram a um total de 6.699.

Santa Catarina e Rio Grande do Sul também tiveram, até o momento, de acordo com dados enviados pelo Ministério da Saúde à Gazeta do Povo, menos mortes que nos anos anteriores.

Casos ainda são menores que em 2019

Segundo a Sesa, consultada pela Gazeta do Povo, os casos apresentam uma redução de 51,9% na semana epidemiológica 39, quando comparados ao mesmo período de 2019. Três anos atrás, as mortes por meningite chegaram a 80 mortes.

Entretanto, diante do surto verificado na capital paulista nas últimas semanas, a Sesa fez um alerta a municípios paranaenses cujos moradores possam ter tido contato com pessoas infectadas em São Paulo, como Umuarama, no noroeste paranaense, que recebeu um viajante que teve comprovada a doença.

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Segundo o alerta do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, é urgente iniciar uma campanha para imunizar a população contra a meningite meningogócica C, cepa do surto em São Paulo e responsável por 80% dos casos de meningite por bactérias em território nacional.

Entre julho e setembro deste ano, de acordo com o secretário de saúde de Umuarama, Herison Cleik da Silva Lima, cinco casos haviam sido registrados no município, que iam de uma criança de dois meses de idade a adultos de até 61 anos, sendo que um morador de 42 anos veio à óbito em consequência da doença no mês de agosto.

Várias origens para a mesma doença

De acordo com as autoridades sanitárias, a imunização é o meio de prevenir o tipo evitável da meningite, como a chamada doença meningocócica, causada pela bactéria meningococo. Porém, a patologia também pode ser de origem tuberculosa, viral, fúngica, pneumocócica, haemophilus, ter origem ainda em outras bactérias ou mesmo ser não-especificada.

Entre os 60 óbitos de meningite reportados em 2022 no Paraná, por exemplo, 6 foram por doença meningocócica, enquanto 12 deles foram identificados como relacionados à meningite pneumocócica, 10 como de origem viral e outros 10 como fúngica. Óbitos registrados como por outras bactérias somam os demais casos.

Segundo a Sesa, promover o estímulo da vacinação para a população relacionada aos diferentes tipos de meningite é fundamental. As vacinas BCG, Pentavalente, Pneumocócica 10 Valente, Meningocócica C conjugada (Meningo C) e Meningocócica ACWY estão disponíveis na rede pública de saúde.

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“É preciso atualizar a carteira de vacinação de menores de um ano (meningo C) e dos adolescentes de 11 e 12 anos (ACWY)”, ressalta a coordenadora da divisão de imunizações da Sesa, Lília Hidalgo.

Redução durante a pandemia

O órgão de saúde estadual explica que a diminuição dos casos de meningite durante a pandemia de Covid-19 fez com que os casos fossem de quase 1,4 mil em 2019 para, em média, 650 nos períodos epidemiológicos iguais nos três anos seguintes.

“O aumento relativo dos casos de meningite, 1,5% a mais na SE [semana epidemiológica] 39 deste ano comparado a 2020, e 3% a mais que em 2021, possivelmente está ocorrendo de forma esperada, se comparado aos dados de 2019 e o arrefecimento da pandemia”, explicou a Sesa à Gazeta do Povo.

A redução nos cuidados com a higiene e a retirada das máscaras de proteção podem estar por trás do retorno desta e de outras doenças a parâmetros anteriormente verificados.

Entre as medidas de prevenção estão a lavagem das mãos, etiqueta respiratória, ventilação dos ambientes e evitar o compartilhamento de objetos que possam transmitir microorganismos, como talheres e copos.

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Sintomas da meningite

A doença é transmitida por meio das vias respiratórias e pode evoluir rapidamente para a forma mais grave. O quadro suspeito inicial inclui febre, cefaleia, vômito, rigidez de nuca, outros sinais de irritação meníngea (Kernig-Brudzinski), convulsões, sufusões hemorrágicas (petéquias) e torpor.

Em crianças abaixo de nove meses é preciso observar também a irritabilidade (choro persistente) ou abaulamento da fonte, a parte central da cabeça.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]