O deputado estadual do Paraná, Ricardo Arruda (PL), foi denunciado pelo Ministério Público do Estado (MP-PR) por suspeita de associação criminosa, tráfico de influência e peculato (desvio de dinheiro público). De acordo com a denúncia, Arruda oferecia seu prestígio político para prestar favores a diversas pessoas, intercedendo junto a autoridades dos poderes Executivo e Judiciário, e cobrava por isso.
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Ele e três assessores que trabalhavam em seu gabinete teriam recebido perto de meio milhão de reais, entre os anos de 2016 e 2017. O caso foi noticiado pelo jornal Boa Noite Paraná, da RPC, nesta terça-feira (14). A reportagem teve acesso à íntegra da denúncia que foi formalizada pelo MP-PR em 2020. Até agora, o caso permanecia em segredo de justiça para não atrapalhar as investigações.
A denúncia tramita no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) porque o deputado tem foro privilegiado. Além de Arruda, outras três pessoas que trabalhavam em seu gabinete foram denunciadas pelos mesmos crimes: Débora Moreira Cezar, Fabio Abel Manfrin Nonato e Fernando Aparecido Julião.
A denúncia relata vários casos em que o deputado teria oferecido sua influência política em troca de dinheiro. Entre eles, estaria a intervenção junto ao governo do Estado para que um empresário conseguisse receber valores pendentes em contratos de prestação de serviço. Neste caso, o deputado teria recebido R$ 100 mil. A denúncia não revela se o empresário conseguiu receber.
Numa outra ação, o deputado teria recebido R$ 80 mil para interceder pela reintegração de ex-policiais militares que tinham sido afastados da corporação. Segundo testemunhas ouvidas pelo MP-PR, os policiais foram reintegrados. Além desses há vários outros casos relatados na denúncia.
Deputado nega e diz que não há provas contra ele
Ouvido pela reportagem da RPC, o deputado negou que tenha responsabilidade nos casos denunciados. Disse que não há provas contra ele. “É uma denúncia infundada, não é uma novidade, é uma coisa antiga que já está aí, não há nada de fato, zero de provas. O problema que eu tenho é uma perseguição que o MP tem comigo", declarou. Ainda segundo Arruda, a denúncia se baseia em “narrativas desses funcionários que exonerei e processei a todos”.
O deputado está no terceiro mandato. Na última eleição foi o segundo mais votado do PL com 69 mil votos. Ele já fez parte da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa e entre suas bandeiras está o combate à corrupção.
Conforme informou a RPC, a defesa de Fernando Julião disse que ele tinha acabado de ser contratado e não teve envolvimento direto nos crimes investigados. A defesa de Débora de Azevedo disse que a ex-assessora "cumpria com suas obrigações profissionais de forma dedicada e competente, sempre seguindo as orientações e ordens de seu superior hierárquico". Afirmou, também, que ela não tem "qualquer responsabilidade criminal, uma vez que estava apenas realizando seu trabalho e confiando em seu ex-chefe". A reportagem não teve retorno da defesa de Fabio Nonato.
O Tribunal de Justiça do Paraná foi procurado pela reportagem, mas informou que não pode se pronunciar sobre casos que estão em julgamento. A Assembleia Legislativa do Paraná disse que não recebeu nada, oficialmente, sobre esse assunto, e que não teve acesso ao teor da investigação.
Em relação ao envolvimento do governo do Estado, a defesa do deputado federal Beto Richa (PSDB), na época governador do Paraná, informou que o governo não exerceu qualquer interferência.
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