Integrantes da bancada de parlamentares do Paraná em Brasília reagiram publicamente à saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde, nesta sexta-feira (15), a dois dias de completar um mês no cargo. Entre aqueles que se manifestaram nas redes sociais, a grande maioria fez críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro. A divergência sobre o protocolo do uso da cloroquina no combate ao coronavírus teria sido a "gota d'água" para a queda de Teich.
O deputado federal pelo Paraná Rubens Bueno, que é vice-presidente nacional do Cidadania (ex-PPS), classificou como uma tragédia. "Temos uma pessoa desequilibrada na presidência da República. Precisamos urgentemente de saúde mental. Não dá, para no meio de uma pandemia, trocarmos dois ministros que estavam fazendo um bom trabalho em virtude de caprichos de um presidente. É preciso sapiência neste momento", defendeu Rubens Bueno. "Não estamos no Jardim de Infância. Ele precisa saber os efeitos de seus atos. E se não souber, vamos atuar!", continuou o parlamentar.
A presidente nacional do PT, a deputada federal pelo Paraná Gleisi Hoffmann, também atacou Bolsonaro e disse que o presidente não se importa com a saúde da população: “Não adianta trocar de ministro se não trocar de presidente. Bolsonaro é o maior responsável pela crise”.
O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, o deputado federal pelo Paraná Enio Verri, escreveu em seu perfil no Twitter que Bolsonaro faz uma “política destrutiva”, “contra todos os protocolos mundiais de proteção e combate à pandemia”. “Como um cego messiânico, o presidente conduz o Brasil para uma grande tragédia humanitária, se colocando acima da ciência”, disse Verri.
Outros parlamentares do Paraná também se manifestaram nesta sexta-feira (15), em suas redes sociais, sobre a saída de Teich. “Faltam adjetivos para classificar um governo sem planejamento e nenhuma responsabilidade”, disse o deputado federal Aliel Machado (PSB).
“A crise política no Brasil em meio à pandemia parece uma piada de mau gosto. Já são mais de 800 mortos por dia e quem deveria nos liderar para a saída desta crise é quem mais a alimenta. Precisamos seguir o caminho da ciência e parar de politizar remédios e cargos técnicos”, criticou o deputado federal Luciano Ducci (PSB).
Sem citar a demissão de Teich, a deputada federal Aline Sleutjes (PSL), que é aliada de Bolsonaro, disse em seu Twitter que “o Brasil não pode parar”, e citou medidas provisórias que dependem da análise da Câmara dos Deputados. “Disputas políticas não podem prevalecer sobre o bem-estar da população, inclusive neste momento tão delicado de pandemia”, acrescentou ela. “Eu só queria 12 horas de paz em Brasília”, escreveu o deputado federal Paulo Martins (PSC), na mesma rede social.
Ex-ministro da Saúde disse que tomou cloroquina e que assunto já está “superado”
Já o ex-ministro da Saúde na gestão Temer (MDB) e deputado federal pelo Paraná Ricardo Barros (PP), que recentemente se recuperou da Covid-19, não fez críticas a Bolsonaro após a saída de Teich e acrescentou que “as interferências do presidente são retóricas”, já que estados e municípios têm autonomia para tomar decisões sobre o isolamento social, por exemplo.
Em entrevistas à Jovem Pan e à CNN, Barros também disse que lamenta que a saída de um ministro tenha relação com um tema que ele considera “já superado”. Ele se referia ao uso da hidroxicloroquina. “Já tem decisão do Conselho Federal de Medicina dizendo que é uma decisão entre médico e paciente. A cloroquina já pode ser administrada desde que com consentimento do paciente. Não vai mesmo ser colocado no protocolo enquanto não forem comprovadas as evidências científicas e uma pesquisa clínica leva anos, mas o Conselho de Medicina já autorizou desde que com consentimento”, disse ele.
Barros acrescentou que ele próprio, quando diagnosticado com Covid-19, pediu ao seu médico para tomar cloroquina, mesmo não tendo sintomas graves. “A cloroquina não provou que faz bem, mas também não provou que faz mal. Ela faz mal para quem toma por longos anos. Não tem risco nenhum para a grande maioria”, falou ele, durante as entrevistas.
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