Não era comum ouvir a expressão Gaeco, até o ano de 2010. Naquela época o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado era conhecido principalmente no meio policial, como um braço do Ministério Público que investigava, na maior das vezes, irregularidades cometidas por profissionais da área de segurança, como delegados e escrivães, por exemplo. Foi a partir do trabalho na apuração das denúncias da série Diários Secretos – sobre desvio de dinheiro na Assembleia Legislativa, reveladas há 10 anos – que o Gaeco passou a direcionar esforços para o combate à corrupção. A partir de então, muitas operações, em diversas áreas, foram deflagradas.
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O promotor Denilson Soares de Almeida conta que começou a trabalhar no Gaeco em 2008, focado em crimes cometidos por policiais. Ele comenta que em março de 2010, a partir da sequência de reportagens sobre a Assembleia, houve uma pressão interna no MP para que a houvesse a apuração célere, o que levou, inclusive, à entrada do Grupo nos casos. Diante do volume de denúncias, foi montada uma força-tarefa, com 20 profissionais, alguns vindos do interior, para ajudar nas investigações. Tanto na área cíveis como criminais.
A primeira vez que a participação do Gaeco foi amplamente notada, na esteira dos Diários Secretos, foi durante no dia 24 de abril de 2010, quando foi deflagrada a Operação Ectoplasma, que resultou na prisão de três ex-diretores da Assembleia: Abib Miguel (geral), José Ary Nassif (administrativo) e Claudio Marques da Silva (pessoal).
Duas semanas depois, aconteceu a Ectoplasma 2 que, além de prisões, fez buscas e apreensões de documentos no prédio da Assembleia – atualmente, essa ação está sendo questionada em recursos no Tribunal de Justiça do Paraná, que tem entendido que a operação não poderia ter sido autorizada por juiz de primeira instância, por causa do foro privilegiado dos deputados (ainda que não fossem alvos da ação).
O trabalho feito pelo Gaeco, com dezenas de depoimentos tomados, embasou ações criminais. Almeida comenta que a experiência advinda dessa atuação serviu de base para outras apurações de casos de corrupção. O Grupo esteve à frente de diversas investigações envolvendo prefeituras, licitações de transporte público (como as ramificações da Riquixá, em várias cidades), além de outras de ampla repercussão, como a Quadro Negro (sobre irregularidades em obras de colégios estaduais) e Rádio Patrulha (envolvendo compras superfaturadas de equipamentos para obras em estradas rurais).
Almeida assumiu, em 2012, a coordenação da unidade de Curitiba do Gaeco e conta que o combate aos crimes de colarinho branco passou a ser a principal prioridade do Grupo, a partir do entendimento de que os desvios de dinheiro praticados por agentes públicos afetam a população em geral, que acaba sendo prejudicada pela falta de serviços públicos, como saúde, educação e segurança.
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