Mesmo depois de deixar a diretoria de pessoal da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e inclusive num período em que esteve preso, Claudio Marques da Silva teria recebido metade do salário de uma servidora, para quem ele teria arrumado emprego no Legislativo estadual. A suspeita de rachadinha, que ele nega, é investigada pelo Ministério Público, que abriu inquérito a partir da denúncia da própria funcionária.
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Claudio Marques da Silva ficou amplamente conhecido em 2010, em consequência das descobertas da série Diários Secretos, revelando um esquema de desvio de dinheiro por meio de funcionários fantasmas. À época ele era responsável pelos servidores da Alep e acabou sendo preso, pela primeira vez, logo depois.
Contudo, segundo a investigação atual, Claudio Marques da Silva continuou exercendo algum tipo de influência na Assembleia, mesmo afastado das funções. A denúncia aponta que ele foi procurado por uma mulher que havia trabalhado no Legislativo e tinha sido dispensada durante o enxugamento, em que uma grande parcela de servidores comissionados acabou demitida, ainda em 2010.
No ano seguinte, alegando dificuldades financeiras, a mulher teria pedido para ser recontratada e ele teria respondido que ainda tinha favores a cobrar. Ela ficou empregada na Assembleia de 2011 a 2019, com salário na faixa de R$ 10 mil. E teria entregue R$ 5 mil por mês a Claudio, como contrapartida. Se a denúncia for procedente, Claudio Marques da Silva embolsou cerca de R$ 500 mil em rachadinha ao longo de oito anos.
Inicialmente os valores teriam sido depositados em uma conta bancária, no nome da própria funcionária, mas Claudio Marques é que ficaria com o cartão e a senha, para fazer os saques. Posteriormente, o dinheiro teria passado a ser entregue pessoalmente, em locais públicos e até dentro da própria Assembleia. Nos momentos em que ele esteve preso, os valores teriam sido entregues para familiares.
Defesa
A defesa de Claudio Marques da Silva afirma que o cliente nega que tenha recebido parte do salário de uma funcionária da Assembleia. Os advogados também afirmam que nunca foram cientificados sobre a investigação de uma suposta rachadinha, motivo pelo qual não tem condições de tecer qualquer comentário. Contudo, Claudio estadia à disposição para prestar depoimento.
R$ 1 milhão em salário
Reportagem da Gazeta do Povo mostrou que Claudio Marques da Silva continuou recebendo salário da Assembleia nos últimos dez anos. Em boa parte do tempo ele esteve preso. É que o ex-diretor é funcionário efetivo do Legislativo, com estabilidade funcional, e o processo administrativo disciplinar que poderia culminar com a demissão foi arquivado. Ao longo da última década, a quantia chegou a R$ 1 milhão, em valores líquidos, e custou para o Legislativo, incluídos os encargos, R$ 1,6 milhão. O MP acredita que houve omissão e negligência por parte da Assembleia, e investiga o caso.
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