Autor de uma foto do ônibus “Patriota” da Havan, estacionado irregularmente em Curitiba (PR), o fotógrafo Eduardo Matysiak deve ser indenizado por danos morais pelo empresário Luciano Hang, que fez postagens nas redes sociais consideradas injuriosas pela Justiça.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
Segundo a sentença do juiz Rafael Rufino Lopes do 13º Juizado Especial Cível de Curitiba, assinada na última segunda-feira (26), o dono da Havan foi condenado à exclusão dos posts, já deletados, e a pagar a indenização de R$ 5 mil ao fotógrafo.
De acordo com a decisão da Justiça, no início de abril de 2022, o fotógrafo fez um vídeo e publicou nas redes sociais com imagens do ônibus parado em local irregular, o que gerou uma multa de trânsito pela Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito em Curitiba. O ônibus estava estacionado em desacordo com a regulamentação (vaga de curta duração), conforme sinalização do local.
No dia seguinte, Matysiak questionou o empresário sobre a multa de trânsito e ele respondeu que o ônibus era fretado e a responsabilidade seria dos motoristas.
“Nós viemos visitar a cidade e os motoristas colocaram o ônibus no local onde achavam que podiam [estacionar], que o pessoal do hotel informou. Agora, vamos para casa levando um saco de multas. Se a prefeitura e as pessoas que trabalham [no trânsito] forem honestas, vão lá avisar que não pode colocar o ônibus aqui. Da próxima vez, venho de helicóptero”, afirmou Hang no vídeo que deu origem ao litígio.
Depois da repercussão das fotos e imagens do ônibus em local irregular, o empresário acusou o fotógrafo de perseguição por questões político-partidárias em um post, que segundo a sentença, teria motivado outros ataques de usuários das redes sociais contra o profissional.
“O fotógrafo esquerdinha @edumatysiakfoto queria um minuto de fama e agora terá! Essa semana ele fotografou o ônibus Patriota, que fretamos a trabalho, em suposto lugar irregular, em Curitiba (PR). Estávamos hospedados em um Hotel que indicou onde o motorista deveria estacionar, lugar esse que também recomendam a outros ônibus de excursão. Mas apenas o nosso foi multado? Seria coincidência? Olhando as redes sociais do fotojornalista fica claro que ele tem um lado: um militante de esquerda”, postou Hang.
O empresário também questionou a imparcialidade do profissional e o acusou de agir por suas “próprias ideologias e opiniões pessoais”. “Fico me perguntando se fosse um ônibus vermelho, com militantes de esquerda. Será que ele denunciaria da mesma forma? Seria então perseguição?”, acrescentou o dono da Havan.
Em nota, o advogado do fotógrafo, Chrystian Sobania, ressalta que a decisão da Justiça "enaltece a imprensa e a liberdade de informar", por meio da ordem judicial de exclusão dos posts e condenação do empresário.
Na sentença, o juiz também destaca que a "linguagem abusiva", usada nos posts publicados por Hang nas redes sociais, não pode ser protegida pela liberdade de expressão.
“Com relação aos danos morais, o que se tem é que a linguagem utilizada pelo Requerido foi abusiva e não pode ser protegida pelo princípio da liberdade de expressão. Ainda que fossem considerados pejorativos os termos da notícia vinculada pelo Requerente – ressaltando que não o são – deveria o Requerido buscar os meios judiciais legais para obter a satisfação de seus direitos e interesses. Entretanto, preferiu colocar, indevidamente, em dúvida o caráter ético, moral e profissional”, afirma o magistrado.
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná
Deixe sua opinião