Com poucas faixas adicionais, a rodovia PR-418 deve ser duplicada integralmente nos novos contratos de pedágio do Paraná.| Foto: Ivan Bueno/Arquivo Seil
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Resumo desta reportagem:

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  • O edital do lote 1 dos novos contratos de pedágio no Paraná prevê a duplicação total da PR-418, o Contorno Norte de Curitiba.
  • Além da duplicação, a rodovia deve receber outras melhorias, como a construção de novas trincheiras, faixas adicionais, acostamentos e barreiras antirruído.
  • Representantes de empresas de transporte de cargas apontam que a capacidade da rodovia está "esgotada", e a duplicação pode trazer, além de mais segurança, economia para o setor.
  • Dados da Polícia Rodoviária Estadual do Paraná mostram que há uma tendência de aumento nas mortes em decorrência de acidentes no Contorno Norte de Curitiba.

A rodovia PR-418 é uma das menores em extensão dentre as estradas que fazem parte do lote 1 das novas concessões do pedágio no Paraná, que deve ir a leilão em agosto na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. Mesmo assim, o trecho com pouco mais de 22,8 quilômetros tem importância estratégica para a região metropolitana da capital paranaense. É por essa estrada, também conhecida como Contorno Norte de Curitiba, que muitos caminhões trafegam quando seguem em direção tanto ao estado de São Paulo quanto ao Sul do país.

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Segundo o edital do lote 1 das novas concessões de pedágio, toda a extensão do Contorno Norte de Curitiba deve ser duplicada. O primeiro e maior trecho, entre a PR-090 e o entroncamento com a PR-417 (Rodovia da Uva), em Colombo, está previsto para o terceiro ano da nova concessão. O segundo trecho, que vai em sentido oposto, será duplicado entre o trevo com a PR-092 e o fim da pista dupla que hoje termina pouco mais de um quilômetro depois do entroncamento com a BR-277, e deve ser entregue no quarto ano do novo contrato.

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Duplicação deve acabar com o "transtorno norte"

Para o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Sistema Fetranspar), Sérgio Malucelli, a duplicação integral do Contorno Norte deve dar nova vida à rodovia, que para ele está esgotada. “Este é um dos gargalos de acesso ao Porto de Paranaguá. Não só isso. Quem vai para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo passa pelo Contorno Norte. Os problemas por ali são tamanhos que é comum a gente ouvir que a PR-418 é, na verdade, o ‘transtorno norte’”, comentou, em entrevista à Gazeta do Povo.

Apenas 1,3 quilômetro do Contorno Norte de Curitiba está duplicado.| Foto: Ivan Bueno/Arquivo SEIL
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A visão de Malucelli é similar à do presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Silvio Kasnodzei. Em nota enviada à reportagem, o presidente do Setcepar espera que a duplicação ajude na melhoria do tráfego de caminhões, o que pode representar mais segurança e economia de tempo e combustível para as transportadoras.

“A PR-418 apresenta todas as dificuldades possíveis: pista estreita e muitas curvas, causando acidentes graves com frequência. A rodovia atravessa uma região totalmente urbanizada e precisa de muitas trincheiras e viadutos. Mas, principalmente, o que é mais necessário é a duplicação e a conclusão do trecho ligando até a 116”, disse Kasnodei.

Mortes no Contorno Norte vem aumentando ano após ano

As reclamações dos representantes das empresas de transporte de cargas se confirmam nas estatísticas do Batalhão de Polícia Rodoviária, responsável pela fiscalização dos 22 quilômetros de extensão do Contorno Norte de Curitiba. De acordo com os dados mais recentes do BPRv, há seis pontos na rodovia em que o uso de radares móveis é considerado necessário. Entre as justificativas para a utilização dos equipamentos, a polícia destaca a recorrente inobservância dos motoristas aos limites de velocidade e a ocorrência de acidentes graves, com feridos e mortos.

O ano de 2021, segundo as estatísticas do BPRv, foi o que registrou mais acidentes no Contorno Norte de Curitiba. Naquele ano houve 95 ocorrências entre janeiro e dezembro, uma média de um acidente a cada quatro dias. Ao todo, 96 pessoas ficaram feridas e 10 morreram em decorrência desses acidentes.

A ocorrência de mortes na PR-418 vem crescendo, segundo os dados estatísticos da Polícia Rodoviária. Em 2019 houve 4 óbitos durante todo o ano. Em 2020 o número mais que dobrou – foram 9 mortes na rodovia. Depois das 10 mortes registradas em 2021, houve um novo aumento em 2022 – no ano passado foram 11 as vítimas fatais de acidentes no Contorno Norte de Curitiba. Somente entre 1º de janeiro e 14 de junho de 2023, o BPRv já registrou outras 4 mortes em decorrência de acidentes na rodovia, igualando em menos de seis meses o índice de todo o ano de 2019.

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Edital prevê instalação de duas novas trincheiras

As trincheiras citadas pelo presidente do Setcepar também fazem parte das melhorias previstas pelo edital de concessão do lote 1 para o Contorno Norte de Curitiba. Hoje há no local duas passagens em desnível, uma no cruzamento com a PR-090 e a outra no cruzamento com a Avenida Vereador Wadislau Bugalski, em Almirante Tamandaré. Ambas receberão obras de readequação e melhorias no terceiro ano da concessão.

Outras duas novas passagens em desnível estão previstas no edital. A primeira delas deve ser erguida no km 17,8, no cruzamento com a Avenida Professor Alberto Piekarz, em Almirante Tamandaré, e deve ficar pronta no terceiro ano do novo contrato. A segunda, prevista para o quarto ano da concessão, será construída no km 5,5, onde hoje acaba o trecho de pista dupla do contorno, pouco mais de um quilômetro depois da interseção com a BR-277.

Outras melhorias no Contorno Norte

O edital do lote 1 não prevê correções de traçado nem a criação de vias marginais no Contorno Norte. Por outro lado, estão previstos pouco mais de 780 metros de faixas adicionais, divididos em duas etapas. A menor delas, com 140 metros de extensão, será feita no entroncamento com a PR-092 (Rodovia dos Minérios), no terceiro ano do contrato. A outra, com 320 metros de extensão, está prevista para o quarto ano da concessão, e será instalada no entroncamento com a BR-277, no início do Contorno Norte.

Além disso, as novas concessionárias terão que realizar adequação em três trechos de travessias urbanas da PR-418, dois em Curitiba e um em Almirante Tamandaré; melhorias em trevos e retornos; instalação de duas caixas de contenção de líquidos perigosos, sendo uma delas no cruzamento do Contorno Norte com o Rio Tanguá; construção de 180 metros de novos acostamentos e 619 metros de barreiras antirruído.

Concessão do lote 1

O lote 1 possui uma extensão de 473 km, composto por rodovias entre Curitiba, Guarapuava e Ponta Grossa, nos Campos Gerais, além da Região Metropolitana da capital. Os investimentos previstos somam R$ 7,9 bilhões, sendo 47% do valor destinado à expansão e melhoria de capacidade das rodovias, com obras que envolvem duplicações, faixas adicionais, vias marginais, pontes, viadutos e passarelas. A maior parte delas deverá ser realizada nos primeiros anos de contrato.

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O lote terá cinco praças de pedágio: São Luiz do Purunã (BR-277), Lapa (BR-476), Porto Amazonas (BR-277), Imbituva (BR-373) e Irati (BR-277). O leilão da licitação internacional é confirmado para o dia 25 de agosto, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.

Acompanhe aqui toda a cobertura da Gazeta do Povo sobre o pedágio no Paraná.