O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), manteve indefinida nesta terça-feira (19) a data para o estado começar a produzir a Sputnik V, a vacina russa da Covid-19. Em agosto de 2020, o estado assinou acordo com o Instituto Gamaleya, órgão de pesquisa do governo da Rússia que desenvolveu o imunizante, para que a vacina fosse produzida no Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar). Pelo plano original, o Gamaleya entregaria a documentação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro para que já em outubro iniciasse a fase 3 de testes com voluntários paranaenses. Mas nada disso ocorreu.
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“É difícil a gente cravar uma data, porque depende do cronograma do instituto russo. Mas o Tecpar tem acompanhado”, explicou o governador em entrevista ao jornal Meio Dia Paraná, da RPC TV, nesta terça. “O processo não parou. Estamos esperançosos de que a Anvisa possa autorizar no momento adequado e que quando toda a documentação estiver apresentada pelo Instituto Gamaleya possamos, pelo Tecpar, fazer essa vacina”, completou o governador na entrevista.
A documentação para produção da Sputnik V no Tecpar não foi encaminhada à Avisa por decisão do Instituto Gamaleya. Isso porque o fundo estatal russo que financiou a pesquisa da vacina bloqueou o processo com o governo do Paraná. Sem maiores explicações, o fundo solicitou revisão do documento assinado com o estado e desde então o acordo está parado.
Outros acordos depois do Paraná
Entretanto, após a paralisação do processo com o governo paranaense, o Instituto Gamaleya fechou acordo de fornecimento de vacinas com a Argentina, que desde a última semana de dezembro de 2020 já está aplicando a Sputnik V em sua população. A Argentina foi o terceiro país usar a vacina do Instituto Gamaleya, atrás da própria Rússia e da Bielorrúsia, cuja ditadura tem simpatia do governo de Vladimir Putin. No último sábado (16), o governo argentino recebeu o segundo lote da Sputnik V com 300 mil vacinas para aplicação da segunda dose na fase emergencial.
Além disso, o laboratório União Química também fechou acordo para produção da Sputnik V no Brasil após a assinatura da parceria com o governo paranaense. Neste caso, a União Química já enviou documentação à Anvisa para o uso emergencial de 10 milhões de doses do imunizante importado da Rússia. Entretanto, a Anvisa negou o pedido na última sexta-feira (15), alegando faltarem requisitos nos documentos encaminhados. O fundo russo afirma que irá encaminhar as informações solicitadas pela Anvisa o mais rápido possível.
A situação levou o governo da Bahia, que também fechou acordo para adquirir a Sputnik V, a entrar na Justiça sábado (16) com pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para liberar o registro emergencial e a importação da vacina russa. Se a burocracia brasileira realmente emperrar o processo, há possibilidade de essas 10 milhões de doses de Sputnik V mudarem de destino, sendo exportadas para outros países, incluindo a Argentina.
Enquanto o acordo assinado por Ratinho Jr com a Rússia segue parado, ao menos um paranaense já foi vacinado com a Sputnik V - só que em Moscou. O representante comercial curitibano João Santos Lima, 40 anos, mora há duas décadas na capital russa e ficou surpreso sexta-feira (15) quando passou em um posto de saúde só para perguntar da vacina e a atendente disse que já poderia tomar a primeira dose. "A sensação é de alívio, de tirar um peso das costas", relata João. Nem ele, nem a esposa tiveram efeitos colaterais da vacinação com a Sputnik V.
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