O programa que oferece formação gratuita em linguagens de programação para jogos, sites e outras interfaces com o computador para jovens estudantes da rede estadual de ensino do Paraná está completando um ano em abril. E para o titular da Secretaria Estadual de Educação (Seed), Renato Feder, a avaliação do EduTech, nome oficial da iniciativa, até agora é bastante positiva.
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Dados da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-Paraná) mostram que somente em Curitiba havia, no ano passado, um déficit de 3 mil profissionais da área. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), até 2024 haverá a necessidade de ocupar cerca de 70 mil vagas de trabalho no setor.
Só que a formação desses profissionais não é suficiente para suprir essa demanda. Segundo a IDC, uma consultoria mundial para os mercados de tecnologia, o mercado de Tecnologia da Informação (TI) em todo o mundo teve um déficit de 570 mil profissionais somente no ano passado.
E é justamente esta deficiência na formação de profissionais que está a oportunidade vista por Feder para ofertar as aulas dentro do programa EduTech. Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, o secretário explicou qual é a meta principal da iniciativa.
“O objetivo do programa é educar os jovens para o mercado de trabalho e principalmente para o futuro. É uma área com muito potencial e muita demanda, por isso o nosso interesse. Nosso sonho, nossa visão, é que o Paraná seja um celeiro de programadores, onde qualquer empresa do mercado, seja do Brasil, seja de fora, reconheça no nosso estado um local onde há excelentes programadores, que podem trabalhar em várias dessas atividades. Queremos que nossos jovens se especializem nessa linguagem de computador, que já foi chamada de linguagem do futuro, mas que hoje já é a linguagem do nosso presente. Para isso, essa formação já vai começar na escola, dentro da grade regular das turmas”, declarou.
Seed quer ofertar aulas de programação a partir do Ensino Fundamental
Dentro do cronograma regular de aulas das escolas estaduais do Paraná, as aulas de programação estão sendo ofertadas apenas para os estudantes da 1ª Série do Ensino Médio, detalhou o secretário. O primeiro passo para viabilizar esse conteúdo, segundo ele, foi criar a disciplina Pensamento Computacional. “Nós aproveitamos o aumento de carga horária que houve no Ensino Médio de 5 para 6 aulas e incluímos essa disciplina de Pensamento Computacional na grade regular de todos os alunos da 1ª Série do Ensino Médio”, disse o secretário.
Há também a oferta de conteúdo gratuito para os estudantes da rede pública paranaense a partir do 6º Ano do Ensino Fundamental até a 3ª Série do Ensino Médio. Nesses casos, têm acesso às aulas online os estudantes de escolas que ofertam ensino integral, nos anos iniciais, e para os estudantes que optarem pela Formação Técnica, nos anos finais do Ensino Médio. Os cursos também podem ser feitos de forma extracurricular pelos estudantes de qualquer série, de acordo com as trilhas de conhecimentos disponíveis dentro do programa.
“A princípio, em 2022 vamos ofertar essas aulas dentro do currículo regular apenas para os estudantes da 1ª Série do Ensino Médio. Para o ano que vem, a meta é estender as aulas dentro das grades regulares de todos os anos do Ensino Médio. A secretaria está estudando também, para um futuro muito próximo, ampliar ainda mais essa oferta. Nosso objetivo é levar o EduTech de forma regular para todos os nossos estudantes, a partir das turmas do Ensino Fundamental”, revelou o secretário.
Aulas são ministradas por meio dos Educatrons
Os conteúdos das aulas vão desde conceitos básicos de animação e da programação inicial para jogos até o desenvolvimento de aplicativos para celulares e análise de bancos de dados, além da criação de interfaces para a internet. As aulas são ministradas por meio dos Educatrons, equipamentos multimídia que são a nova aposta da Seed para levar tecnologia para dentro das salas de aula, em parceria com a plataforma de cursos Alura.
Quando o programa foi lançado, em abril de 2021, o CEO da Alura, Paulo Silveira, explicou que os conhecimentos adquiridos nas salas de aula poderão facilitar o caminho dos jovens estudantes na busca por um emprego depois de concluído o Ensino Médio. “É uma opção de conseguir um emprego que remunera bem e onde é possível exercitar suas melhores capacidades. São vagas altamente capacitadas”, disse, à época.
Estudantes são estimulados a participarem de desafios de programação
No fim do ano passado, a Seed ofereceu aos estudantes a possibilidade de participar de um desafio, onde os conceitos teóricos apresentados durante às aulas deveriam ser postos em prática. As atividades foram divididas em quatro categorias. Na primeira delas, os estudantes deveriam desenvolver um jogo em todas as suas fases, desde a criação do roteiro – a história a ser apresentada aos jogadores – até a execução final. Na segunda, o objetivo proposto aos jovens estudantes foi a criação de um site com códigos em HTML, CSS e Java Script, de forma que se adaptassem automaticamente caso fossem abertos em um computador ou celular – característica chamada de “responsividade”.
Os participantes da terceira categoria precisaram mostrar técnica e habilidade em análise de bancos de dados usando a linguagem de programação Python. Desta análise, cobrava o edital do desafio, seria obrigatório a exibição de dados em gráficos. Por fim, a quarta categoria premiaria os melhores projetos desenvolvidos pelos estudantes nas linguagens Python e Java para a organização dos dados de uma escola, com direito a diferenciação entre os cadastros de alunos e professores, gerenciamento das turmas e outras características. Os projetos vencedores de cada categoria estão disponíveis no site da Seed na internet.
E não é só no final do semestre que os estudantes são estimulados a aplicarem na prática os conceitos aprendidos nas aulas. Segundo Feder, a Seed tem ferramentas que possibilitam o monitoramento praticamente em tempo real das atividades realizadas pelos estudantes. Dados informados pelo secretário à reportagem dão conta de que entre os dias 13 e 19 de março 148,4 mil estudantes realizaram 109.824 atividades práticas.
“São quase 150 mil estudantes da 1ª Série do Ensino Médio programando, de verdade. Feita a correção dessas atividades, o percentual de acerto desses estudantes foi de 89%, é um índice muito bom mesmo. Nós conseguimos ver os detalhes de cada um desses estudantes, como série, turma, escola, cidade. E isso é utilizado nos feedbacks para os diretores. Nós conseguimos afinar a estratégia turma a turma, repassando esses dados com os gestores para que as atividades sejam readequadas quase que em tempo real. Esse é um modelo muito eficiente”, comemorou Feder.
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