Aliado do governador Ratinho Junior (PSD), o deputado estadual Alexandre Curi, do mesmo partido, foi aclamado na tarde desta segunda-feira (12) como o novo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) em chapa única da Mesa Diretora, que assume o comando da Casa a partir de fevereiro de 2025.
A eleição também marca o fim da era Ademar Traiano, presidente da Alep desde 2015, que sofria a pressão por deixar a cadeira desde dezembro, quando veio à tona a confissão de que o parlamentar negociou e recebeu propina, mas não responde pelo crime de corrupção devido ao Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), assinado com o Ministério Público (MP) com homologação do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
A movimentação política significa um reposicionamento das peças no xadrez político paranaense com a manutenção do partido de Ratinho Junior nas principais cadeiras da Alep. O deputado Gugu Bueno (PSD) vai ocupar o cargo de Curi na primeira secretaria, responsável pela gestão administrativa da Assembleia. Se o nome de Curi foi consenso nas articulações políticas para a sucessão na Alep, Bueno sofreu com a resistência de parte dos parlamentares ao ser escolhido para assumir o segundo cargo mais importante da Alep, segundo apuração da Gazeta do Povo. Suplente na legislatura anterior, Bueno assumiu o primeiro mandato como deputado eleito em 2023.
A chapa “Fortalecimento e União do Poder Legislativo” ainda terá a permanência da deputada Maria Victória (PP) na segunda secretaria. Para a primeira vice-presidência, a escolhida foi Flávia Francischini (União), a primeira mulher que ocupará a cadeira no Paraná. A segunda vice-presidência ficou com Delegado Jacovós (PL) e a terceira de Moacyr Fadel (PSD). As secretarias serão comandadas pelos parlamentares Requião Filho (PT), Alexandre Amaro (Republicanos) e Goura (PDT).
Em entrevista coletiva, o futuro presidente afirmou que o objetivo é dar continuidade à atual gestão com avanços na transparência, na inovação, na economia e na sustentabilidade. “Hoje, o que a população espera é total transparência e acesso às informações. Vamos lançar no final do ano um novo portal para facilitar o acesso da população para tomar conhecimento dos gastos e outras informações da Alep. Estamos em busca do selo diamante de transparência”, afirmou Curi, que teve o nome citado no levantamento do instituto Paraná Pesquisas para sucessão do governador Ratinho Junior, divulgado nesta segunda-feira (12).
De acordo com o primeiro cenário de intenções de votos, Curi aparece em quarto lugar com 9,2% da preferência do eleitorado estadual com a liderança do senador Sergio Moro (União Brasil) com 41,3% das respostas dos eleitores, seguido do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD) e a ex-governadora Cida Borghetti (PP) com 17,2% e 11,2%, respectivamente. Nos bastidores, Curi afirma que a discussão é precoce e que o foco é o primeiro mandato na presidência da Alep entre fevereiro de 2025 e janeiro de 2027. O deputado estadual foi o mais votado no Paraná em 2022 e pode disputar a reeleição em 2026.
Além disso, dentro do partido, Greca é um dos nomes mais cotados para a sucessão de Ratinho Junior na próxima eleição ao governo do estado e aparece na frente de Curi nos outros dois cenários do levantamento do instituto Paraná Pesquisas, o que colocaria o grupo político do governador em disputa contra Sergio Moro, assim como ocorre nas eleições 2024.
Greca e Ratinho apoiam a coligação de Eduardo Pimentel (PSD) à prefeitura de Curitiba, enquanto a deputada Rosângela Moro é a vice na “chapa pura” do União do Brasil, encabeçada pelo deputado Ney Leprevost.
No mesmo levantamento, realizado entre 1º e 4 de agosto com 999 entrevistas em diferentes regiões do Paraná, Ratinho Junior aparece como favorito ao Senado com 66% das intenções de voto. O governador também é cotado para a disputa presidencial em 2026. No cenário com o presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), Ratinho ficaria em terceiro lugar no estado com 18,8%. O ex-presidente tem a preferência de 42% dos entrevistados. No cenário sem Bolsonaro, o governador paranaense bate o presidente Lula com 46,2% das intenções de votos contra 22,3% dos entrevistados que preferem o petista.
Traiano pode assumir CCJ na Assembleia Legislativa do Paraná
Apesar do desgaste político, Ademar Traiano almeja assumir a principal comissão da Assembleia a partir de fevereiro de 2025, no início do novo ano legislativo e pode contar com o apoio do PSD, que durante a crise provocada pela revelação do acordo com Ministério Público, não puniu o parlamentar pela confissão no caso de corrupção.
Presidente do partido, Ratinho Junior se esquivou das perguntas e chegou a responder que não era comentarista político para falar sobre o vazamento de provas no caso de investigação envolvendo o aliado político.
Assim, o destino de Traiano pode ser a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável pelos pareceres dos projetos de lei no início da tramitação na Casa. “As comissões são feitas por indicações partidárias a partir de 1º de fevereiro do próximo ano. Como presidente, vou garantir o processo democrático e não vejo nenhum problema da indicação do partido seja o deputado Traiano ou não. Depois, dentro das comissões, os deputados fazem a indicação do presidente”, respondeu Curi ao ser questionado sobre a possibilidade de Traiano comandar a CCJ.
Por meio da assessoria de imprensa, o atual presidente da Alep afirmou que essa “é uma decisão que será avaliada mais adiante e que precisa receber o aval dos membros da CCJ”. Beneficiado pelo ANPP, o parlamentar também pode concorrer nas eleições de 2026, pois não responde pelo caso de corrupção após o acordo autorizado pela Justiça.
Em sintonia com Traiano, Curi ainda declarou que conviveu com o presidente da Casa nos últimos dois anos como primeiro secretário e lembrou de ações como o concurso público no Legislativo estadual, que não ocorria há cerca de 40 anos.
“[Traiano] Nunca me pediu nada incorreto, nunca tivemos uma denúncia nesta gestão e avançamos em vários pontos, como transparência e inovação”, disse. “No meu relacionamento com o presidente Traiano, eu não tenho nada a me opor, pois em dois anos, ele sempre teve total transparência comigo”, completou.
O atual presidente da Alep lembrou que começou a carreira no legislativo paranaense no início da década de 1990 e que no primeiro mandato parlamentar foi segundo secretário da Mesa, presidida pelo ex-deputado Aníbal Khury [falecido em 1999], avô de Curi, o próximo presidente da Alep.
“Eu o conheci ainda menino quando corria pelos corredores da Assembleia com o avô. Não é nada diferente do que era o Aníbal. Esse é o Alexandre. Homem de palavra, leal, correto, a quem eu devoto e dedico toda a minha gratidão enquanto presidente da Casa. É uma liderança inquestionável no estado do Paraná e por isso estou honrado. Comecei com seu avô e estou para o neto em fevereiro do ano que vem”, discursou Traiano após a eleição por aclamação de Curi.
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