Apesar de inicialmente parecer um rosto novo aos eleitores curitibanos, João Guilherme Moraes, pré-candidato à prefeitura de Curitiba pelo Partido Novo, já chegou a disputar o segundo turno das eleições municipais de 2016, naquela ocasião filiado ao PSC e como candidato a vice-prefeito de Ney Leprevost, que agora deve ser um de seus concorrentes ao pleito deste ano. Moraes é curitibano, tem 46 anos, é casado, tem três filhas e uma longa carreira como médico oftalmologista e empresário. Ainda em 2019, foi escolhido como pré-candidato a prefeito da capital paranaense pelo Novo, após um processo de seleção que começou com 13 concorrentes e foi dividido em várias etapas.
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Segundo o pré-candidato, a gestão da cidade precisa se voltar à participação democrática, trazendo a população para perto do poder público. “Queremos essa proximidade com as pessoas. Ouvindo, dando espaço, sendo democrático e fazendo uma gestão administrativa muito séria, muito eficiente, trazendo as pessoas para perto do poder público e dando bons exemplos, diminuindo privilégios, fazendo cortes em cargos de comissão e tendo esse tipo de atuação na gestão pública muito parecida com aquilo que a gente já faz na gestão privada. Esse é o nosso objetivo principal”, diz.
Confirma abaixo a entrevista do pré-candidato do Partido Novo à prefeitura de Curitiba para a Gazeta do Povo:
O senhor não tem nenhuma passagem por cargos eletivos anteriores, tanto no Poder Legislativo quanto no Executivo, sendo um rosto bastante novo aos eleitores da capital. Acredita que isso pode influenciar sua candidatura de alguma forma?
Não temos tanta exposição, não ocupamos e não temos participação em eleições de maneira direta. Esse é o grande desafio: tornar a nossa proposta e nosso rosto mais conhecidos. Mas ao mesmo tempo esse também é o nosso grande diferencial. A proposta é justamente trazer as pessoas comuns, o cidadão consciente para participar do processo político. Para nós, essa é muito mais do que uma eleição municipal. É uma mudança na maneira de se fazer política. Fazer as pessoas que têm essa consciência de que é necessário participar do processo político, se apresentarem como opção e serem candidatos. Esse é um dos nossos grandes objetivos. Além de fazer uma campanha muito competitiva, presente, acreditando muito que temos boas possibilidades de sucesso, inclusive de vitória da eleição, também queremos fazer essa convocação da população para participar desse processo, pois só assim a mudança e a renovação vão acontecer, não só no município, mas no Brasil inteiro.
O senhor é médico e tem uma carreira bem-sucedida na área da saúde. Como essa experiência poderia ser utilizada em um eventual mandato?
Essa é uma das características que o profissional da saúde, o médico, precisa ter muito, que é a capacidade de decisão. Eu sou cirurgião, então eu tomo decisão todos os dias da minha vida na área profissional, decidindo se a pessoa vai voltar a ter uma boa visão ou não, se está no momento de operar. Várias e várias vezes já fiz a cirurgia no olho de um paciente que tinha a chance de ficar cego, só tinha aquele olho, e a gente tem que decidir pela realização ou não do procedimento. Então estamos acostumados a tomar decisão e a trabalhar sob pressão. Além dessa minha experiência como médico, tenho a experiência administrativa. Sou um dos administradores do hospital em que sou sócio. E eu faço essa gestão na área da saúde há bastante tempo. Eu trabalho com o Sistema Único de Saúde (SUS) há 20 anos. Então conheço todo o sistema público, o sistema privado e os gargalos, justamente onde devemos atuar na área da saúde, que vai ser um dos grandes desafios da próxima gestão. Teremos a segunda onda da Covid-19 e teremos que manter esse investimento robusto na saúde por um tempo muito mais prolongado.
Se fosse prefeito atualmente, o que teria feito diferente no enfrentamento à Covid-19?
Olha, o que faltou muito pra gente (no enfrentamento da Covid-19) foi a questão de exemplo e de planejamento. Infelizmente tivemos tempo para nos preparar e na hora que mais precisamos, não estávamos preparados. Precisamos separar essa questão muito bem. Não podemos ser oportunistas num momento de crise como esse. Numa doença desconhecida, fazer críticas pontuais ou críticas eleitoreiras. Inclusive é importante ressaltar o trabalho exemplar do funcionalismo da prefeitura, dos médicos e das pessoas que estavam e que estão na linha de frente. Estão de parabéns. Estão fazendo o máximo possível para reduzir o número de mortes, de baixas e de pessoas que estão sendo acometidas. Mas percebemos aqui em Curitiba que houve sim, por parte do atual prefeito, uma postura de marketing eleitoreiro no início da pandemia. Quando tudo estava bem tínhamos o melhor SUS do Brasil, mil vagas de UTIs disponíveis e depois de quatro meses chegamos, infelizmente, num momento crítico onde não tinham sido feitas as ampliações de vagas, onde não tivemos testes em massa, onde os ônibus estavam lotados e aumentando muito a contaminação do vírus. Então houve uma falha, sim. Mas eu estou tranquilo em dizer que eu avisei. Eu mandei uma carta no início de abril ao prefeito, que inclusive foi registrada, pedindo e sugerindo essas medidas e nos colocando à disposição para trabalhar e ajudar, independentemente da questão política. Então eu tenho a consciência tranquila de que eu fiz o que deveria ter sido feito. Estamos ainda torcendo para que cada vez a situação melhore, mas infelizmente é uma demonstração clara de que o poder público hoje no Brasil ficou muito afastado da população e não escuta as pessoas, como não nos ouviram. Vemos muito o prefeito falando que tinha a intenção de cuidar (dos problemas) da Covid-19 como se cuida de um passarinho, que tem a asa da economia e a asa da saúde, e na verdade ele acabou dando um tiro no passarinho, porque ele não preparou o sistema de saúde de maneira adequada e não cuidou da economia. Sabemos a tragédia que foi para a questão econômica de uma série de atividades da nossa cidade. Infelizmente, foi isso que aconteceu.
Sobrando ainda alguma capacidade de investimento pós-pandemia, onde o senhor concentrará os recursos da cidade nos próximos anos e por quê?
Teremos que focar na saúde e recuperação econômica através de linhas de crédito para a geração de emprego e renda, principalmente fomentando o empreendedorismo na nossa cidade. Essa questão da saúde, a gente vai ter a segunda onda (dos problemas) da Covid-19, que são as pessoas que não estão fazendo o acompanhamento de suas doenças crônicas. Cirurgias que foram adiadas, pessoas que estão sem o acesso (a saúde) em nossa cidade, principalmente porque a demanda foi muito grande, várias unidade de saúde foram fechadas e as pessoas não estão fazendo tratamento. Quando a Covid-19 diminuir e a incidência (de contaminações) estiver reduzida, as pessoas vão voltar para o Sistema Único de Saúde e essa questão vai causar um grave problema. Então o investimento em saúde precisa ser mantido e aumentado o máximo possível, além da geração de emprego e de renda. Temos que investir sim em infraestrutura, obras de asfalto, isso tudo gera emprego e renda. Teremos que manter isso. Mas precisaremos investir nas pessoas, com a criação de linhas de crédito específicas para o empreendedorismo, fazendo com que a população tenha também uma educação financeira e empreendedora para desenvolver os próprios negócios. E isso é muito importante. Vale ressaltar que nós temos uma candidata à vice-prefeita, que é a Geovana Conti de Sá, que já faz um trabalho de empreendedorismo social muitíssimo importante numa comunidade, na Vila Torres, que é onde ela mora. Então teremos uma chapa composta por um médico, que vai fazer essa gestão do sistema de saúde muito de perto e temos essa vice, que já é uma empreendedora. Manteremos o investimento da cidade principalmente na área da saúde e no empreendedorismo social.
O senhor já disputou uma eleição à prefeitura de Curitiba em 2016, naquela ocasião como candidato a vice-prefeito por outro partido, inclusive ao lado de um de seus possíveis concorrentes nesse pleito. O que te motivou a tomar a frente nessa nova disputa?
É porque eu percebo que precisamos ter um novo modelo de gestão e um novo modelo de se fazer política. O Novo é um partido que não aceita fundo eleitoral e fundo partidário. É um partido feito por pessoas. Então é essa motivação que eu tenho para realmente mostrar às pessoas que podemos transformar e renovar o país através da política correta, com transparência e com austeridade. E o Partido Novo representa isso. Representa essa mudança. Por isso eu aceitei esse desafio. Estou animado e muito confiante de fazer uma eleição que vai incomodar muito esse pessoal que tá aí na política há 30, 40 anos vivendo as custas do poder público e dando muito pouco em troca para toda a população.
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