O ano que acaba de começar é de eleição municipal. Prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios brasileiros (399 no Paraná) serão escolhidos em outubro para os próximos quatro anos. É a primeira vez que os partidos concorrerão isolados nas disputas para vereador, uma vez que estará em vigor o dispositivo da reforma eleitoral que veda as coligações proporcionais nas eleições municipais. A novidade força as siglas partidárias e os candidatos a repensarem suas estratégias. A principal alteração prevista deverá ser no aumento do número de candidatos a prefeitos, uma vez que a chapa majoritária, historicamente, puxa votos para as candidaturas proporcionais, seja com o eleitor votando na legenda de seu candidato a prefeito, ou escolhendo um vereador a alinhado a ele.
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O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, desembargador Gilberto Ferreira, prevê que o fim das coligações proporcionais fará com que o número de candidatos a prefeito seja consideravelmente maior. “Antigamente, eles se reuniam em torno de uma candidatura majoritária, mas, agora, como o voto de legenda, por exemplo, será para o partido e não para a coligação, é natural que mais partidos queiram lançar seus candidatos”, diz.
Nas eleições de 2016, por exemplo, o PMN, do prefeito eleito, Rafael Greca (hoje no DEM), coligou-se com o PSB e DEM. O PMN recebeu 14,8 mil votos de legenda, enquanto DEM e PSB juntos não chegaram a 2 mil votos. Os votos na legenda do PMN foram quase o dobro dos votos recebidos pelo vereador mais votado da coligação, Mauro Ignácio (PSB), que recebeu 7,7 mil votos. Mas, por causa da chapa montada, nenhum candidato do PMN foi eleito. A coligação fez cinco cadeiras, sendo três para o PSB e duas para o DEM.
Estratégia
A mudança na regra eleitoral já fez com que o PSB adotasse uma nova estratégia para 2020. Apesar de estar na base de apoio de Greca, o partido já definiu pela pré-candidatura do deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci. “Levando em conta o fim das coligações, o PSB já definiu, em seu congresso nacional, pelo lançamento de candidaturas próprias nas capitais e grandes cidades. E Curitiba é uma das prioridades”, cita Ducci, que vê a candidatura própria a prefeito como fundamental para angariar candidatos a vereador e dar viabilidade aos concorrentes na eleição proporcional.
Ducci cita o exemplo da eleição de 2016 para ilustrar como a candidatura majoritária é importante para a chapa de vereadores. “O PMN é um partido desconhecido, sem representação nacional, que sequer superou a cláusula de barreira, mas a candidatura do prefeito fez eles terem essa expressiva votação na legenda. Neste ano, sem coligações, ter candidato a prefeito será decisivo para se fazer, pelo menos, mais uma candidatura a vereador”, analisa, fazendo coro à expectativa geral de que haja um número recorde de candidatos a prefeito.
Presidente municipal do Podemos em Curitiba, o vereador Mauro Bobato concorda que o número de candidatos, tanto a vereador como também a prefeito, deve aumentar em consequência da impossibilidade de coligação. “O fim das coligações nas proporcionais vai acabar com os partidos que funcionavam como meros cartórios eleitorais. Eu mesmo me filiei ao PTN (antecessor do Podemos) apenas porque precisava de um partido para disputar as eleições. Agora, os partidos precisam de programa, de projeto, de linha ideológica. E é esse trabalho que o senador Alvaro Dias vem conduzindo no Podemos”, comenta, informando que, com o crescimento do partido, o Podemos pretende lançar uma chapa ampla de candidatos a vereador. Cada partido pode lançar até 57 candidatos a vereador, desde que um terço dessas candidaturas sejam femininas.
Bobato diz que, mesmo na base do prefeito Rafael Greca, o Podemos analisa a possibilidade de candidatura própria em função desse novo cenário. “Estou na base de apoio, temos uma boa relação e aprovamos a administração do prefeito Rafael Greca, mas, vamos sim debater a possibilidade de candidatura própria na majoritária. Temos bons nomes que poderiam puxar essa nossa chapa. Tenho convite para ser pré-candidato, temos a Carol Arns, que é uma candidata viável, ou mesmo o Professor Oriovisto, mesmo estando em outro patamar hoje, pode ser nosso candidato se, no momento, a avaliação for de que essa é a melhor opção para ele e para o partido”, disse.
LEIA MAIS: Eleições 2020: nova regra eleitoral impulsiona aumento de candidaturas
Desafio
Para o presidente do TRE, o maior desafio da corte eleitoral nas eleições de 2020 continuará sendo o combate às fake news. “Acho que as fake news ainda nos trarão muito trabalho. Espero que as plataformas contribuam para, imediatamente, conseguir apontar as pessoas que estão transmitindo essas fake news, mas que a população compreenda que deve desconfiar e não votar em alguém que trabalhe com notícias falsas”, diz. “Fake news sempre existiram. Toda a história das eleições sempre foi permeada por mentira. O problema é que, agora, a disseminação é muito rápida. O aparato legal para combater, fiscalizar e responsabilizar é suficiente, mas a população tem que fazer o papel dela, não passando para frente algo que desconfie que seja mentiroso”, conclui.
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