Vista geral de Ponta Grossa.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

As eleições municipais são marcadas pelas promessas de campanha e por divulgações de grandes trabalhos realizados por agentes públicos ao longo dos anos. Listamos três setores que ganharam destaque em Ponta Grossa nos últimos anos e também três pontos que precisam ser melhorados, que devem aparecer com frequência nos discursos dos candidatos à prefeitura.

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1 - Infraestrutura nos bairros

O crescimento acelerado de Ponta Grossa trouxe reflexos estruturais à cidade de 351 mil habitantes. A implantação de novos núcleos habitacionais, afastados da região central, trouxe um grande problema. “A instalação de núcleos periféricos impacta em todo o sistema de infraestrutura do município: tem que levar asfalto, drenagem, água, esgoto e ônibus, por exemplo. Neste sentido, Ponta Grossa tem uma falta de planejamento histórico”, observa a urbanista Bianca Camargo Martins.

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O município, que antes ficava às margens da BR-376, ampliou o perímetro urbano para o outro lado da via, gerando problemas estruturais que vão desde a falta de pavimentação até a oferta baixa de serviços de saúde e segurança, tornando os novos núcleos bastante dependentes do centro da cidade. “A nova delimitação do que é rural e urbano fez com que houvesse vazios urbanos no Centro, ao mesmo tempo que zonas periféricas foram crescendo e se tornando bairros afastados, sem infraestrutura e com muita gente morando”, afirma Bianca.

O ‘Plano Diretor’, que atualiza a estratégia municipal de crescimento, estacionada desde 2006, foi concluído e deve começar a ser analisado pela Câmara no retorno ao trabalhos, neste ano.

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2 - Mobilidade urbana

A mobilidade urbana de Ponta Grossa também é outro desafio importante para o futuro gestor municipal. O município possui vias estreitas e vê a frota local crescer consideravelmente: de 130 mil em janeiro de 2010 para 207 mil em maio de 2019 – segundo a base de dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR).

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Além disso, a topografia irregular da cidade – aliada ao fato das vias estreitas – prejudica a implantação de ciclovias e ciclofaixas para oferecer alternativas de transporte à população - a cidade conta com pouco mais de 8 km de espaços dedicados para ciclistas.

Em conjunto com o Plano Diretor, o Plano de Mobilidade Urbana também analisou o cenário local. “Apontou a possibilidade de implantar outras formas de mobilidade. É um diagnóstico bem completo, só falta implantar”, diz Bianca Martins. A proposta também já foi encaminhada para apreciação pela Câmara de Vereadores.

Paralelamente ao problema da mobilidade, o futuro gestor também terá outra responsabilidade em relação ao tema. O contrato com a Viação Campos Gerais (VCG), concessionária responsável pelo transporte público municipal, vence em 2023. O tema deve ser bastante discutido durante a campanha eleitoral.

3 - Primeiro emprego

Programas municipais, o posicionamento estratégico e o crescimento do setor de serviços fazem com que Ponta Grossa consiga atrair grandes investimentos e, por consequência, gerar empregos. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, entre contratações e demissões, o saldo nos 12 meses encerrados em novembro de 2019 foi de 1.225 vagas.

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A preocupação, no entanto, fica na consolidação de vagas destinadas para jovens sem experiência. A cidade conta com universidades bem qualificadas nacionalmente e também com uma série de cursos técnicos e gratuitos de qualificação profissional, mas não consegue ‘amarrar’ a saída de jovens das salas de aula com a entrada no mercado de trabalho. O problema foi citado por vários dos virtuais candidatos a prefeito em Ponta Grossa procurados pela reportagem como um dos principais temas que necessitam de solução. Uma alternativa é criar parcerias com a iniciativa privada para captar recém formados, através da ampliação de programas como o ‘Jovem Aprendiz’.

3 avanços a serem mantidos

1 - Educação

Na área educacional, Ponta Grossa ampliou nosa oferta de atividades em tempo integral, ultrapassando metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE).

Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação, dos 31,5 mil alunos matriculados na rede municipal de Ensino, em setembro do ano passado mais de 75% participavam de atividades no contraturno escolar – o valor recomendado pelo PNE é de pelo menos 50%. Quando o recorte envolve apenas as crianças da Educação Infantil (até 5 anos), as atividades em tempo integral chegam a 91%.

Os avanços na educação em período integral refletiram no aumento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). A nota do município subiu de 5,8 em 2015 para 6,3 em 2017 – ano da última parcial divulgada pelo Ministério da Educação (MEC). A cidade conta com 85 escolas de Ensino Fundamental e 65 voltadas à Educação Infantil.

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2 - Atração de investimentos

Ponta Grossa desponta como um dos principais polos industriais do Paraná. O último grande anúncio da chegada de uma multinacional na cidade foi a montadora de caminhões tcheca, Tatra Motors, que prevê investimentos de R$ 600 milhões. Ela se soma a outras grandes multinacionais – como Ambev, DAF, Cargill, Tetra Pak, Heineken e Mars – que escolheram a cidade para investir.

Um dos atrativos é a posição estratégica de Ponta Grossa, localizada a cerca de 100 km de Curitiba e 215 km do Porto de Paranaguá, principal ponto de exportação do Estado. A cidade ainda compreende um grande entroncamento rodoferroviário, que faz com que as empresas se instalem no local por causa da questão logística. No entanto, o privilégio geográfico não basta para atrair investimentos.

Para o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, a política de atração de investimentos oferece segurança jurídica aos empresários. “Nós não estamos falando apenas da questão logística. Muita gente diz que somos agraciados com uma logística privilegiada, mas não é somente isso”.

Para impulsionar a chegada de grandes empresas, o município criou o Programa de Desenvolvimento Industrial (Prodesi). A proposta faz com que a cidade se prepare para receber os investimentos através de doações de áreas no Distrito Industrial e de incentivos fiscais previstos em lei, por exemplo. Com o trabalho, o número de indústrias que recolhem ICMS na cidade cresceu de 921 em 2010 para 1.277 em 2018, segundo dados da administração municipal.

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Os reflexos da atração industrial são visíveis na economia local. O Valor Adicionado da Indústria – soma das riquezas produzidas pelo setor – saltou de R$ 2,5 bilhões em 2010 para R$ 4,8 bilhões em 2018. O PIB no mesmo período também cresceu: passou de R$ 11,69 bilhões para R$ 12,97 bilhões.

3 - Recuperação fiscal

Ponta Grossa iniciou 2017 com inadimplência de 42% em relação ao IPTU, taxa de lixo e outros impostos municipais pagos pela população – valores que, somados, chegavam perto de R$ 60 milhões devidos aos cofres públicos. “Qual empresa privada consegue manter as portas abertas nessas condições?”, questiona o secretário municipal da Fazenda, Cláudio Grokoviski.

Para reverter o quadro, a prefeitura iniciou um processo que batizou de ‘Justiça Fiscal’, em que beneficiava os contribuintes com as contas em dia ao invés de conceder descontos e benefícios para que os inadimplentes quitassem as dívidas. O programa aplicou medidas para conscientizar a população da necessidade de manter os seus tributos em dia para o bom funcionamento da cidade.

E deu certo. A arrecadação dobrou em 2018 em comparação a 2016 e a inadimplência caiu em 33%. A ‘Justiça Fiscal’ implantada em Ponta Grossa virou modelo para propostas semelhantes em outras cidades brasileiras, de acordo com Grokoviski.

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