Embora uma ala do PSD em Curitiba prefira uma aliança com o atual prefeito da capital paranaense, Rafael Greca (DEM), o deputado federal Ney Leprevost (PSD) afirma que irá manter sua candidatura nas eleições de novembro, respaldado pelo desempenho no pleito anterior – em 2016, Leprevost foi ao segundo turno com Greca, perdendo por uma diferença de 56.421 votos. “O apoio do Beto Richa e as fake news foram os fatores preponderantes para a vitória do Greca na eleição passada. Mas, para essa eleição, nós nos preparamos. Vamos ter um jurídico muito forte e, pode ter certeza, se esta estratégia de uso da máquina ou de fake news se repetir, tem pessoas que antes do fim da eleição estarão na cadeia”, disparou ele, durante entrevista à Gazeta do Povo no último dia 13. Ao longo da entrevista, Leprevost ainda reforçou o tom crítico à atual gestão, indicando como deverá ser a campanha eleitoral que se aproxima. “Eu considero um desastre a postura da atual gestão municipal durante a pandemia do coronavírus. Eu diria que o prefeito se acovardou diante da Covid-19”, disse ele. Confira os principais trechos logo abaixo:
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O senhor e o governador do Paraná, Ratinho Junior, são do PSD. Mas o senhor já admitiu que o Ratinho Junior, ao menos no primeiro turno, não deve apoiá-lo abertamente, fazer campanha eleitoral ao lado do senhor, porque ele tem outros aliados na disputa. Isso não enfraquece a ideia de partido político? Partido político não faz diferença, então?
O governador me informou que, no primeiro turno, pretende ficar neutro. Porque existem outros aliados dele, além de mim, que são candidatos a prefeito. É o caso do João Guilherme, que foi meu vice na eleição passada, agora é candidato pelo partido Novo e esteve na campanha do governador; o deputado estadual Francischini (PSL), que é aliado do governador na Assembleia Legislativa e é presidente da CCJ; a deputada federal Yared (PL), que esteve conosco também na campanha; e o deputado federal Luizão (Republicanos), ex-prefeito de Pinhais, que também é candidato. Então eu entendo perfeitamente a posição do governador, compreendo, respeito, aceito. Sou grato a ele, porque ele também respeita a minha candidatura.
E a questão de partido político, na verdade, é uma questão que, no Brasil, ainda precisa ser muito aprimorada. Mas eu entendo que o que enfraqueceria o PSD seria não ter um candidato a prefeito. Na medida em que o partido tem o seu candidato, e o governador não impede que isso aconteça, não há enfraquecimento nenhum, a meu ver. O que nós precisamos é tornar no futuro os partidos mais democráticos. Por exemplo, não permitindo mais que eternamente os partidos possam ter suas comissões provisórias prorrogadas permanentemente. A gente precisa que os partidos passem a ter realmente diretórios eleitos e é isso que irá torná-los mais fortes.
O senhor pertence a um partido que, nacionalmente, integra o chamado Centrão, que é um grupo de parlamentares que acostumamos atrelar ao fisiologismo e que neste ano tem se aproximado do governo Bolsonaro. Agora, na cadeira de deputado federal, como o senhor avalia a atuação do seu partido?
Eu não me considero um político ideológico. Me considero um político idealista. Acredito na solidariedade, na fraternidade, nos princípios humanistas. Quando o PSD foi fundado, seu presidente, o Kassab, disse que estava fundando um partido que não era de esquerda, nem de direita, e muito menos de centro. Eu não me vejo como integrante do Centrão. Em Brasília, eu tenho recebido um tratamento muito respeitoso por parte do partido. Voto na maioria dos projetos junto com o governo federal. Porque entendo que, hoje, torcer contra o presidente da República é torcer contra o país. O presidente tem que ser um presidente de todos e tem que fazer uma boa gestão. Se ele fizer uma boa gestão, o país ganha com isso. Mas, também, quando não concordo com algo, voto contra e manifesto minha opinião contrária. Quem me conhece sabe que sempre agi assim, sempre mantive a coerência e diria que isso hoje não é um problema na minha vida.
Quanto à atuação do PSD, eu diria que hoje o PSD tem ajudado muito o Brasil. Foi um dos partidos que mais atuou para que o auxílio emergencial para as vítimas desta pandemia chegasse a R$ 600 por mês. E o PSD tem ajudado a aprovar projetos importantíssimos em Brasília. Hoje o PSD está merecendo parabéns.
Ali no segundo turno da eleição de 2016, quando o senhor disputou com o Rafael Greca (DEM): o que o senhor acha que teria sido decisivo para a vitória dele? O senhor carrega agora alguma estratégia vinda daquele momento?
Eu acredito que a vitória do Greca na última eleição na verdade não foi nem uma vitória dele. Foi uma vitória do padrinho político dele, o Beto Richa (PSDB), que colocou toda a estrutura do estado, que é fortíssima, trabalhando contra mim. E um fator que influenciou muito na eleição, e para o qual nós não estávamos preparados, foram as fake news. Acho que o primeiro candidato na história do Brasil a receber um bombardeio por meios digitais de notícias falsas, de acusações infundadas, que depois as pessoas perceberam que não eram procedentes, fui eu. Então o apoio do Beto Richa e as fake news foram os fatores preponderantes para a vitória do Greca em relação a mim no segundo turno da eleição passada, por uma pequena margem. Mas, para essa eleição, nós nos preparamos. Vamos ter um jurídico muito forte e, pode ter certeza, se esta estratégia de uso da máquina ou de fake news se repetir, tem pessoas que antes do fim da eleição estarão na cadeia.
Se fosse prefeito, o que teria feito diferente no enfrentamento à Covid-19?
Eu faria tudo diferente. Em primeiro lugar, eu entendo que o fechamento em Curitiba foi precipitado. Aí, no momento em que era necessário mesmo o fechamento, as pessoas estavam exauridas, os comerciantes estavam desesperados. Eu faria uma política pública de saúde séria, não baseada nas pressões políticas. O prefeito titubeou, sumiu, se escondeu, em alguns momentos prometeu reabertura e não fez. Em outros momentos, quando tinha que estar com tudo aberto, fechou. Quando era para fechar, reabriu. Então eu considero um desastre a postura da atual gestão municipal durante a pandemia do coronavírus. Eu diria que o prefeito se acovardou diante da Covid-19.
Em segundo lugar, eu teria investido na saúde pública. Teria equipado a cidade com os leitos de UTI necessários. Teria gastado menos, ao longo deste ano, em paisagismo e embelezamento da cidade, e mais em saúde pública. Teria mantido as unidades de saúde abertas, e não fechadas. Não receitaria Paracetamol para as pessoas que vão na unidade de saúde e testam positivo para a Covid. Adotaria o tratamento precoce, no início, com a hidroxicloroquina, com a ivermectina e com a azitromicina. Jamais permitiria que a minha secretária de Saúde ideologizasse a questão do coronavírus. Não é porque o presidente da República é a favor da hidroxicloroquina que as pessoas que não concordam com ele têm que obrigatoriamente se colocar contra o uso deste medicamento. Em alguns casos, quando o médico entende que ela é necessária, ele deve sim receitar estes medicamentos, como estão fazendo os médicos dos hospitais privados. Teria feito também uma compra grande de vitamina D, e de vitamina C com Zinco, e teria distribuído gratuitamente para as camadas mais carentes da população. Incentivando as pessoas a se alimentarem com frutas, com verduras, a tomarem sol, 15 minutos por dia, para aumentarem sua imunidade.
No pós-pandemia, sobrando ainda alguma capacidade de investimento, onde o senhor concentrará os recursos da cidade nos próximos anos e por quê? O que seria prioridade no pós-pandemia?
Nós vamos manter a cidade limpa, bem cuidada, os canteiros com a grama bem cortadinha, as ruas sem buracos, vamos nos dedicar à zeladoria. Mas a minha principal obra como prefeito de Curitiba vai ser cuidar do ser humano. Melhorar a educação pública na cidade. Isso passa por reerguer a autoestima dos profissionais da educação pelo trabalho que realizam. Eles tiveram a autoestima muito abalada pelo desprezo que receberam do atual prefeito. Vamos investir maciçamente na área da saúde, que vai ser nossa prioridade número um. E eu vou me preocupar muito com a geração de oportunidades de emprego. O mundo pós-pandemia vai precisar de governantes criativos, que façam parcerias com as empresas, que sejam amigos da iniciativa privada, que acreditem nos setores produtivos, e que de forma inovadora criem projetos para a geração rápida de empregos. Dar emprego para as pessoas é dar dignidade.
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