As movimentações para as eleições do ano que vem já começam a acontecer em Guarapuava, cidade do Centro-Oeste do Paraná. Alguns nomes já foram confirmados, mas outros preferem o discurso ponderado da especulação política. As tradicionais famílias guarapuavanas que sempre se alternaram no poder – Carli, Silvestre e Mattos Leão – se articulam de formas diferentes e tentarão continuar o legado. Porém, outros nomes surgem e o cenário político local pode ganhar novos personagens.
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Samuel Ribas (PSDB)
Encontrar um candidato tem sido um grande desafio para o grupo Carli. Aos 69 anos, Luís Fernando Ribas Carli, ex-prefeito da cidade por três vezes, ex-deputado estadual e federal e ex-chefe da Casa Civil no primeiro governo de Jaime Lerner, não deve voltar a disputar a eleição. Com a morte prematura do filho mais novo, o então deputado Bernardo Carli, em julho do ano passado, a sucessão política da família deveria ficar a cargo do primogênito, Luís Fernando Ribas Carli Filho. Cumprindo pena em regime semiaberto por uma colisão de trânsito que vitimou duas pessoas em 2009, Carli Filho teve sua candidatura descartada.
Assim, o escolhido do grupo, segundo bastidores, é Samuel Ribas, sobrinho do ex-prefeito. Filiado ao PSDB desde 2005, ele nunca concorreu a um cargo na administração municipal de Guarapuava. Questionado, tratou a possibilidade como “mera especulação”.
Itacir Vezzaro (PDT)
No primeiro mandato do prefeito César Silvestri Filho (PPS), Itacir José Vezzaro (PDT) ocupava o cargo de secretário de Agricultura, em grande parte devido ao seu trabalho na Emater. Atualmente, é vice-prefeito - ocupa também a atual Secretaria de Viação, Obras e Serviços Urbanos, além da Secretaria de Turismo.
Reeleito em 2016, Silvestri não fala sobre sua sucessão nem antecipa qualquer apoio. Cotado para assumir essa posição, Itacir Vezzaro não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Celso Góes (PRB)
O farmacêutico e empresário Celso Góes (PRB) também já é conhecido da família Silvestre há um bom tempo. Ele ocupou o cargo de secretário de Esportes na primeira gestão de César Silvestri Filho e foi também secretário executivo na segunda gestão, até que a ex-secretária de Saúde do município pediu exoneração por motivos pessoais, em 2018. Desde então, Celso ocupa essa posição no Paço Municipal.
Ele afirma que se sente honrado com a especulação, mas que “é muito cedo para falar disso". Celso já concorreu às eleições para a prefeitura de Guarapuava em 2008, pelo PT, e ficou em 4º lugar, com 6,13% dos votos válidos.
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Vitor Hugo Burko (sem partido)
O advogado da área ambiental retorna a Guarapuava após um longo período afastado e conta com o currículo que a população conhece bem, já que foi vereador e prefeito por duas vezes da cidade, além de concorrer como vice-governador em 2006, na chapa de Flávio Arns.
Burko também foi presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de 2007 a 2010 - quando precisou deixar o cargo após a condenação em um processo que julgou a contratação irregular de 30 funcionários sem concurso público na Fundação do Bem-Estar do Menor (Fubem) de Guarapuava, quando ele ainda era prefeito de Guarapuava entre 1997 a 2004. A ação de 2001 transitou em julgado em 2008, mas só em 2010 a Justiça ordenou ao então governador do estado, Roberto Requião, que exonerasse Burko do cargo. Além disso, o ex-prefeito também perdeu os direitos políticos por cinco anos.
Em contrapartida, o possível candidato conta com o forte apoio do agronegócio e de uma parcela expressiva dos servidores públicos, da época em que ele esteve à frente da prefeitura. “Eu não sou ainda sequer pré-candidato, eu simplesmente admiti a hipótese de discutir com a sociedade alguns caminhos para Guarapuava. Se conseguir elaborar um bom projeto para a gestão de Guarapuava, se conseguir um nível de participação em que a sociedade efetivamente se comprometa com o projetado, é possível que eu seja candidato, mas isso ainda não está definido”, diz. Burko está sem partido no momento e utiliza amplamente as redes sociais para discutir rumos para a cidade.
Rodrigo Crema (PSB)
Filho de um conhecido médico na cidade, Rodrigo Sereno Crema é cardiologista e foi eleito vereador em dois mandatos, sendo o primeiro em 2012, pelo PMDB, e o segundo (ainda em andamento) pelo PSB, partido ao qual é afiliado desde março de 2013.
Durante as eleições presidenciais de 2018, Rodrigo fez uma postagem em uma rede social afirmando que se desligaria do partido devido ao apoio que a sigla manifestava ao candidato Fernando Haddad, do PT. O processo não foi concluído porque, de acordo com a legislação vigente, Crema perderia o mandato de vereador se trocasse de partido fora do período previsto para essas situações.
O médico pode ter o apoio da camada mais elitista e conservadora da população guarapuavana, mas também o incentivo do grupo Mattos Leão devido à sua proximidade com Artagão de Mattos Leão Júnior, eleito deputado estadual pela quinta vez em 2018. Entretanto, ainda não há definição sobre quem o grupo Mattos Leão irá apoiar nas eleições de 2020 nem a confirmação se Crema será candidato.
Dr. Antenor (PT)
O médico e ex-vereador Antenor Gomes de Lima concorreu às eleições municipais para prefeito em duas oportunidades, sendo a primeira em 2012 e a outra em 2016, ambas pelo PT. Em 2018 candidatou-se a deputado estadual e obteve 22.693 votos, o que correspondeu a 0,40% dos votos válidos.
Antenor tem uma forte base na periferia e é extremamente fiel à sua legenda, o que o fez perder votos, especialmente depois da deflagração da Operação Lava Jato. Além disso, tem problemas para a captação de recursos eleitorais.
O médico é visto como uma grande possibilidade para a candidatura das eleições de 2020, mas não respondeu os questionamentos da reportagem. Caso seja eleito, seria o primeiro político da legenda a ocupar o cargo de prefeito de Guarapuava.
João Nieckars (MDB)
João Alberto Nieckars aparece como destaque na oposição da atual gestão e está ligado à política partidária desde 2013, quando filiou-se à Rede Sustentabilidade como membro-fundador em Guarapuava. Em 2016 concorreu ao cargo de prefeito pela legenda, mas ficou em 3º lugar com 4,56% dos votos válidos. Já em 2018 concorreu ao cargo de deputado federal pelo MDB e teve pouco mais de 5 mil votos, não sendo eleito.
O provável candidato é economista, advogado, professor universitário e nunca ocupou cargos públicos. Diz acreditar que a política “não deve ser tratada como profissão e como herança familiar”. Quando perguntando sobre a oficialização do nome, admitiu a possibilidade de sair novamente candidato. “Pelas duas participações eleitorais anteriores, pelo trabalho que vem sendo feito, independentemente de cargo e pelas boas relações dentro do partido, meu nome é, felizmente, unanimidade dentro do MDB em Guarapuava e no Paraná”, afirmou. Contudo, a indicação ainda será avaliada e votada na convenção do partido, em 2020. João deverá ter apoio de vários vereadores da Câmara Municipal.
César Lima (PV)
A surpresa vem com o nome de César Lima (PV), que ficou nacionalmente conhecido após ganhar o Big Brother Brasil em 2015. Nascido em Inácio Martins, município próximo a Guarapuava, o advogado e economista já disputou quatro eleições, sendo as mais expressivas em 2016 a vereador de Curitiba e em 2018 a deputado federal, ambas pelo PV e não eleito por pequena margem de votos.
César tem o apoio massivo da população da periferia de Guarapuava e pode surpreender nas eleições de 2020. Há indícios que ele pode também ser apoiado por um importante deputado federal da região dos Campos Gerais, mas nada foi confirmado além da intenção do próprio candidato, que deverá mudar o domicílio eleitoral de Curitiba para Guarapuava.
“Estamos ainda em uma fase de estruturação de grupo e de viabilidade partidária com a finalidade de formatar uma possível candidatura ou participação no processo eleitoral municipal de 2020. Estes pontos estão indefinidos, mas estamos em um processo avançado construindo o pensamento”, apontou.
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