Vista aérea do município de Paranaguá, no litoral paranaense.| Foto: Ivan Bueno/Appa

Cidade mais antiga do Paraná, polo turístico e econômico, em razão do porto escoador da produção do estado, Paranaguá tem uma história política fortemente ligada a tradições familiares e muito pouco identificada com partidos políticos.

“Com influência do sobrenome, mesmo aqueles que não ingressam na área política se favorecem dentro de grandes empresas e comandando importantes setores, controlando a política de forma indireta”, observa a pesquisadora Fernanda Caroline Gomes Pires, em artigo publicado na revista do Núcleo de Estudos Paranaenses da UFPR.

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Nas eleições de 2020, alguns desses sobrenomes começam a aparecer, entre outros menos conhecidos, na lista de prováveis candidatos à prefeitura de Paranaguá. Confira:

Marcelo Roque (Podemos)

Atual prefeito de Paranaguá, Marcelo Roque foi eleito em 2016 para seu primeiro mandato pelo PV, com 44,06% dos votos. Poucos meses após assumir a administração do município, a convite do senador Alvaro Dias, anunciou a migração para o Podemos. Ex-servidor público municipal, foi secretário do meio ambiente na segunda gestão de seu pai, Mário Roque, prefeito da cidade por três vezes e que faleceu em 2013, no exercício do terceiro mandato.

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Seu sobrenome domina grande parte da política local. Como o pai, Marcelo Roque também indicou um filho para um cargo no primeiro escalão do Executivo de Paranaguá – Brayan Roque (PV) é secretário municipal do trabalho. Seu irmão, Marquinhos Roque (Podemos), foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Paranaguá, mas teve o mandato cassado recentemente pelo Tribunal Regional Eleitoral por infidelidade partidária – o político havia sido eleito em 2016 pelo MDB. Além disso, uma filha de Marquinhos e sobrinha de Marcelo, a jornalista Camila Roque, é secretária de comunicação social.

Embora a assessoria de imprensa do prefeito ainda não confirme sua intenção de disputar a reeleição, sua candidatura é dada como certa tanto entre apoiadores quanto entre opositores.

Arnaldo Maranhão (sem partido)

Atual vice-prefeito e ex-secretário municipal de obras públicas, Arnaldo Maranhão foi servidor público municipal e já atuou como vereador pelo PPB, PSB e PPS. Em 2006, disputou o cargo de deputado estadual pelo MDB e, em 2018, de deputado federal pelo Podemos – com 15.479 votos, foi o candidato mais votado do litoral paranaense. Em maio, rompeu com o prefeito Marcelo Roque (Podemos) “por discordâncias políticas e administrativas”, o que o levou também a deixar o partido, cujo diretório parnanguara é presidido por Roque.

Nas eleições de 2018, Maranhão apoiou a candidatura de Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) ao governo do estado, enquanto Roque optou por fazer campanha para Cida Borghetti (PP). “Além disso, temos divergências em relação a prioridades na administração da cidade”, diz. Entre os partidos com os quais negocia filiação estão o PSD, o PSC e o PV.

Alceu Maron Filho (Pros)

Terceiro colocado na disputa à prefeitura de Paranaguá em 2016, Alceu Maron Filho, ou Alceuzinho, como é mais conhecido, pretende disputar novamente o cargo em 2020. Advogado, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o pré-candidato foi vereador do município pelo PTB entre 2005 e 2008 e deputado estadual pelo PSDB, mas teve o mandato cassado em 2013 por infidelidade partidária – eleito suplente pelo PPS, assumiu a cadeira já como tucano.

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Nas últimas eleições municipais, saiu candidato pelo DEM e em 2018 candidatou-se a deputado estadual pelo Pros, obtendo 17.425 votos. Alceuzinho é filho do ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Paranaguá, Alceu Maron, falecido em 2017.

Adriano Ramos (Republicanos)

Atualmente no PHS, legenda pela qual foi eleito para o atual mandato de vereador, Adriano Ramos já anunciou que migrará para o Republicanos (antigo PRB) para disputar as eleições municipais de 2020. À Gazeta do Povo, Ramos disse ainda que está em conversa com outros partidos para alinhar apoios. Anteriormente, Ramos já pertenceu aos quadros do PSDB, partido pelo qual exerceu mandato de vereador entre 2013 e 2016.

Em 2016, chegou a se lançar pré-candidato à prefeitura de Paranaguá pelo PHS, mas diante da decisão do partido de apoiar a candidatura de Alceuzinho Maron, à época no DEM, optou por disputar cadeira no Legislativo municipal, obtendo 1.097 votos.

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Julinho Lima (PSL)

Julinho Lima foi escolhido como único pré-candidato do partido em reunião do diretório parnanguara realizada no dia 1º de outubro. A informação é do presidente municipal da sigla, Marcelo Capraro, que também estava entre os cotados para a disputa, mas diz não ter interesse em se candidatar.

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Atual procurador do município, Lima manifesta enfaticamente a intenção de disputar a prefeitura de Paranaguá em suas redes sociais, onde também costuma fazer publicações em apoio ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). “Paranaguá precisa de projetos para crescer imediatamente e nós do PSL temos. Chega da política do compadrio”, escreveu no dia 20 de setembro.

Professor Jozelito (PT)

Embora o diretório municipal do PT ainda não tenha batido o martelo em relação ao candidato ao cargo de prefeito de Paranaguá para a corrida de 2020, Jozelito Serafini da Rocha, mais conhecido como Professor Jozelito, desponta como uma das principais apostas do partido. À Gazeta do Povo, Jozelito confirma a intenção em participar novamente da disputa, embora afirme concorrer com outros nomes ainda em sigilo. “Alguns vão consultar as famílias”, explica. Em 2016, quando foi candidato a prefeito pela primeira vez, obteve apoio de 1.067 eleitores, o que correspondeu a 1,45% dos votos válidos.

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PDT: José Baka Filho, Ivan Camargo ou Josias da Negui

No PDT, há três nomes concorrendo à indicação para a disputa da prefeitura de Paranaguá: o ex-prefeito José Baka Filho, o advogado Ivan Camargo e o empresário e vereador Jozias da Negui.

Baka Filho ocupou a cadeira de prefeito da cidade entre 2005 e 2012 e sua gestão ficou marcada por suspeitas de corrupção, embora ele negue todas as acusações. Em 2010, chegou a ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), mas conseguiu reverter a decisão e manter o cargo. Em 2014 teve a candidatura a deputado federal indeferida pelo TRE por responder a processo por ato de improbidade administrativa e ter sido considerado inelegível. Em 2016, foi demitido do cargo de engenheiro que exercia na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). O ex-prefeito foi ainda secretário municipal de meio ambiente, e, nas duas primeiras gestões de Mário Roque, entre 1997 e 2004, foi vice-prefeito e secretário de obras.

Camargo é advogado e presidente de Igualdade Racial da Subseção de Paranaguá da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Frente Afro do Litoral. No PDT, preside o Núcleo de Base Carlos Alberto “Caó” de Oliveira, que tem o propósito de fortalecer a luta pela igualdade racial e combater a discriminação contra a população negra. Em 2016, disputou o cargo de vereador pelo PT, mas não conseguiu ser eleito.

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Já Jozias de Ramos, que politicamente utiliza o nome da empresa Negui Indústria Mecânica que fundou em 1975, tem longa carreira como vereador – já está em seu sexto mandato e chegou presidir a Câmara Municipal de Paranaguá. Nas eleições de 2016, foi o segundo candidato mais votado para o cargo, com 1.701 votos.

Outros partidos

O diretório municipal do PSOL em Paranaguá ainda não discutiu internamente a estratégia para as eleições municipais de 2020 e, portanto, não definiu até o momento se entrará na disputa para a prefeitura. Em 2016, o psolista Professor Hermes ficou em quarto lugar na disputa ao cargo.

MDB e PSDB também discutem internamente a posição que tomarão os partidos em 2020. Nas últimas eleições, o MDB integrou a coligação do atual prefeito Marcelo Roque (Podemos), à época no PV. Já o PSDB apoiou o candidato Andre Pioli (PSC), que hoje ocupa cargo na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e, à Gazeta do Povo, descartou nova tentativa de disputar a prefeitura.

O diretório estadual do Novo não pretende lançar candidato a prefeito em Paranaguá. O partido escolheu seis cidades paranaenses para investir em candidaturas próprias: Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, São José dos Pinhais e Foz do Iguaçu.

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