Com previsão de taxa de retorno de investimento de 11% ao ano e payback (tempo de retorno sobre o investimento inicial) de 17 anos, a Nova Ferroeste começa a ser apresentada oficialmente ao mercado nesta quarta-feira (1). A sondagem de mercado acontece por meio de encontros virtuais durante seis dias. A agenda segue até dia 8 de dezembro. Já há 20 inscritos, entre eles construtoras, operadores ferroviários e fundos de investimentos do Brasil, Itália, Espanha, China e Emirados Árabes.
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“As condições são muito favoráveis. Uma taxa de retorno de 11% para um projeto de infraestrutura é muito bom. Só para se ter um comparativo, a taxa de retorno em rodovias é de 8,5%”, destaca Luiz Henrique Fagundes, coordenador do Plano Estadual Ferroviário. Além disso, segundo ele, ter o investimento inicial pago em 17 anos para um empreendimento de 70 anos (prazo da concessão) “é muito atrativo”.
O coordenador atribui as condições favoráveis à grande demanda. “Será o segundo maior corredor de exportação de grãos e contêineres do país, vai ter muita receita”, estima.
A sondagem faz parte do Programa de Parcerias e Investimentos do Ministério da Economia. Nos encontros, será apresentado o Estudo de Viabilidade Técnica Ambiental e Jurídica (EVTEA-J), um levantamento realizado ao longo de 13 meses por uma equipe formada por engenheiros e economistas.
O estudo concluiu que o traçado principal terá 1.304 quilômetros de malha férrea, ligando Maracaju (MS) a Paranaguá (PR). Quando concluída, a Nova Ferroeste, deve transportar no primeiro ano 38 milhões de toneladas de produtos. Depois de seis décadas, o volume chegaria a 85 milhões de toneladas/ano.
Custo de transporte será 30% menor que o rodoviário
A Nova Ferroeste foi projetada para trafegar com contêineres double stack, um sobre outro, o que diminui o custo logístico. O estudo aponta que a redução da despesa com transporte pode chegar a 30% em comparação ao transporte rodoviário, que predomina hoje na movimentação de cargas.
O investimento total da Nova Ferroeste será de R$ 29,4 bilhões. Na semana passada, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) do projeto foi protocolado no Ibama com a solicitação de licença prévia para o início da obra. A expectativa é que esta licença seja emitida até final de março de 2022.
No início do ano serão realizadas as audiências públicas para consultar a população impactada pela passagem dos trilhos. Haverá dois tipos de audiências realizadas de maneira independente e em locais distintos. Uma delas será sobre o traçado e outra sobre os aspectos ambientais.
A previsão é levar o projeto a leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3) no segundo trimestre de 2022. A empresa, ou consórcio vencedor do leilão, deverá construir e explorar a estrada de ferro por 70 anos. A expectativa é de que sejam necessários dois anos para a elaboração do projeto executivo de engenharia para detalhar o traçado antes de iniciar o trabalho. A construção total deve ser finalizada em 10 anos.
O projeto da Nova Ferroeste é a ampliação e modernização da Ferroeste, empresa mista, que tem o governo do Paraná como principal acionista. A Ferroeste já opera a malha férrea existente, entre Cascavel e Guarapuava.
A concessão da década de 1980 previa a ligação até Dourados (MS). A retomada do projeto surgiu na atual gestão, prevendo a ligação entre Maracaju (MS) e o porto de Paranaguá (PR) como a única solução logística para escoar a produção do Oeste do Paraná e do Mato Grosso do Sul. O porto paranaense é o principal destino de grãos e proteína animal congelada exportados para países da Ásia, Europa e África.
Durante a construção, a Ferroeste vai continuar operando e o traçado entre Guarapuava e Paranaguá será executado por primeiro, o que já garantiria parte do faturamento para o vencedor do leilão.
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